Uma das alternativas mais eficazes no combate às mudanças climáticas, apontada por cientistas de todo o mundo, é o plantio de árvores através do reflorestamento de espaços não ocupados por áreas urbanas ou pela agropecuária, além da conservação das áreas de floresta nativa.
A vegetação absorve o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o armazena como carbono em suas folhas, galhos, troncos, raízes, no solo onde são plantadas e até na chamada necromassa, que são folhas e galhos caídos, em decomposição.
E se a conservação e a restauração florestal como solução para frear o aquecimento do planeta é consenso, as dúvidas agora são quanto a eficiência no sequestro e fixação do CO2 dos diferentes modelos de recuperação da cobertura vegetal e de manutenção da floresta em pé.
Interessados em compreender essas relações na Amazônia e seus reflexos para o meio, o Centro de Estudos Rioterra e seus parceiros Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de Rondônia (UNIR) desenvolvem desde 2016 uma das maiores e mais completas pesquisas para quantificação de estoques de carbono já realizada na região.
Em novembro, os pesquisadores coletaram amostras em áreas reflorestadas pelo CES Rioterra de propriedades da agricultura familiar beneficiadas através do projeto Plantar Rondônia, em áreas abandonadas, onde a floresta tem se regenerado naturalmente, e também em áreas de pastagem e de plantio de soja.
Essas amostras serão analisadas em laboratório e os resultados vão integrar um banco de dados com informações de mais de cinco anos de estudo de áreas em diferentes estágios de formação da vegetação para compreender melhor as relações de estocagem, fixação e emissão de carbono em diferentes compartimentos e formas de uso e ocupação dos solos na Amazônia.
“Esses indicadores nos permitirão identificar formas mais adequadas de manejar os recursos naturais, propor ações efetivas para cumprimento dos acordos internacionais firmados pelo Brasil no combate às mudanças climáticas e formular políticas públicas para uso e ocupação dos solos menos intensivos na emissão de carbono”, comenta Alexis Bastos, coordenador de projetos do Centro de Estudos Rioterra.
“A floresta que melhor fixa carbono ainda é a natural, que está lá há centenas de anos. E alguns estudos indicam que o plantio de uma mistura de espécies amazônicas é mais eficaz no sequestro de carbono do que permitir que a área cresça naturalmente. Mas quanto? Com esse estudo podemos quantificar, com métricas críveis e verificáveis, a eficiência de diferentes modelos, de acordo com as características de cada ambiente”, complementa Carlos Roberto Sanquetta, professor de engenharia florestal da Universidade Federal do Paraná e membro do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas, a maior autoridade mundial em ciência do clima.
Os estudos sobre quantificação de carbono fazem parte do Plantar Rondônia projeto realizado pelo Centro de Estudos Rioterra em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo da Amazônia.