LAWFARE
O ex-ministro Sérgio Moro está passando o mesmo calvário a que submeteu as pessoas investigadas pela Operação Lava Jato quando ampliava as investigações a fatos que rigorosamente não eram atinentes a sua jurisdição.
Alvo de uma investigação por supostamente atuar como advogado por conflito de interesse e sonegação fiscal pelo TCU, Moro está sendo obrigado a explicar os ganhos internacionais oriundos de empresas que investigou e, diferente de quando ordenava prisões e arresto de bens, hoje se queixa de ser vítima de perseguição por lawfare – expressão americana que define o uso do Poder Judiciário como arma de guerra.
DOIS PESOS, UMA MEDIDA
Moro nunca escondeu que adotava contra os réus sob sua vara criminal em Curitiba o mesmo lawfare. Chegou, inclusive, a encaminhar uma proposta anticrime ao Congresso Nacional exatamente com o instituto para que fosse adotado em nosso sistema processual penal. Embora tenha razões em questionar a competência do TCU para investigar suas relações laborais na atividade privada, agia de forma impiedosa contra aqueles que também questionavam sua competência para analisar casos que tempo depois a Suprema Corte o considerou incompetente.
EFEITO ORLOFF
Este é o candidato presidencial Moro que exige atualmente tratamento investigatório correto que no passado o juiz Sérgio negava a quem requeria a mesma isonomia. Parece ironia do destino: para se livrar do pedido de constrição dos bens, Sérgio Moro vai precisar de um bom profissional do direito, o mesmo que tanto ele espezinhava nas audiências.
MINISTERIÁVEL
Esta coluna havia antecipado, antes que a grande mídia anunciasse, que o senador rondoniense Marcos Rogério (PL) era candidatíssimo a compor o novo ministério de Jair Bolsonaro, a partir das vacâncias que ocorrerão em abril. O senador despista para que a indicação não queime na largada, mas é um nome consensual para assumir um ministério entre os próceres do bolsonarismo em razão do desempenho na CPI Covid.
POSTURA
Quem acompanha os bastidores das eleições de Rondônia percebe que o comportamento do senador Marcos Rogério não é de candidato a candidato a governador. Os próprios aliados, nos últimos dias, começaram a refazer os planos para as eleições 2022 sem a candidatura do senador. Pode ser que não seja convocado pelo Palácio do Planalto, mas a postura assumida por Marcos Rogério é de ministro. Uma posição que desobstrui os planos de Marcos Rocha pela reeleição uma vez que ambos disputariam o eleitor com as mesmas características.
PORTFÓLIO
Embora Marcos Rocha não possua a verve política de encantar o eleitorado e se recusado a popularizar sua administração, não significa que seja um candidato trouxa e fácil de ser abatido nas urnas. Não vai ser moleza enfrentar a máquina estadual devido aos inúmeros cargos e dotações orçamentárias disponíveis ao mandatário de plantão. E Marcos Rocha, a despeito de sua lerdeza, vai ser um candidato competitivo. Mesmo não possuindo um portfólio vistoso de obras parecido com o que catapultou o prefeito da capital, Hildon Chaves, ao segundo mandato. Ainda assim numa eleição bem disputada.
REARRUMAÇÃO
Com a proibição das coligações nas eleições proporcionais, alguns deputados federais podem ser obrigados a buscar outras legendas visando à reeleição por mais um mandato. Expedito Neto (PSD), Mariana Carvalho (PSDB) e Silvia Cristina (PDT) estão com um problema enorme para construir uma nominata nos partidos que estão filiados capaz de garantir mais um mandato. Numa rearrumação Neto ingressaria no PL, Mariana no MDB e Silvia no PSB.
DONATÁRIOS
A saída destes parlamentares acima é procura de abrigo nas legendas com nomes mais densos eleitoralmente para garantir um novo mandato na soma final dos votos obtidos na legenda. Nos bastidores eles iniciaram as conversas, uma vez que entre três de março e 1º abril, abre-se uma janela para que mudem de partido sem o risco de perderem o mandato por infidelidade partidária. A revoada dos dois primeiros deputados (Neto e Mariana) obrigaria que PSD e PSDB passassem a ser presididos pelos parentes.
PÊNDULO
Na medida que o calendário eleitoral vai afunilando, as atenções se voltam para o rumo que tomarão os dois principais líderes de votos da capital, Léo Moraes e Hildon Chaves, nestas eleições. O pêndulo eleitoral pende para ambos, e aquele que decidir disputar as eleições para governador reunirá as condições objetivas para conquistar uma das vagas para o segundo turno. Nas eleições estaduais passadas, para quem não lembra, um desconhecido Vinícius Miguel assustou os concorrentes ao governo com uma votação consistente em Porto Velho que por poucos votos não o levou ao segundo turno, o que teria mudado radicalmente o resultado das eleições em 2018. A história pode se repetir nestas eleições com mais consistência.
COLO
Quem quiser que duvide ou dê de ombros: na hipótese de Léo Moraes ser o único candidato a governador pela capital, o palácio Rio Madeira terá uma enorme chance de ser habitado por ele a partir de 2023. A eleição pode cair no colo do deputado que a cada disputa tem se consolidado como liderança inconteste.
FÚRIA
Há um balão de ensaio a partir de Cacoal para inflar uma suposta candidatura a governador do prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, do PSD. Os entusiastas da pretensão alegam que a administração do prefeito é bem avaliada e por isto e em razão disto Fúria poderia alçar voos maiores. É verdade que a administração do prefeito é bem avaliada momentaneamente o que não significa que seja o suficiente capaz para alçá-lo ao cargo de governador de Rondônia. Meia hora de papo com o alcaide o eleitor mais alfabetizado verifica que seus conhecimentos de gestão estadual são mínimos e sua postura política é ousada, porém altamente afeto a bulha. Seria uma candidatura circunscrita a um grupo isolado e fadada ao fracasso.