Painel apresenta as cultivares que integram o portfólio do Programa de Melhoramento da Embrapa. Foto: Fábio Ribeiro

Aos poucos a paisagem da Serra Gaúcha está se modificando. As parreiras plantadas a céu aberto estão dando espaço para uma nova viticultura, a de uvas de mesa protegidas pela cobertura plástica.

E a mudança não está somente no sistema de cultivo, mas também na oferta de novas uvas, as chamadas uvas finas de mesa, reconhecidas por terem cachos vistosos, que ‘enchem os olhos’. Esta diversificação está sendo possível com a adoção de novas tecnologias, com destaque para o sistema de cultivo e novas cultivares. A Festa da Uva, que segue até o dia 6 de março, na cidade de Caxias do Sul (RS) é uma excelente oportunidade para conhecer essa diversidade de uvas brasileiras.

A Embrapa Uva e Vinho é uma das responsáveis por oferecer tecnologias que estão possibilitando essa transformação, que visa diversificar a produção nas pequenas propriedades familiares e possibilitar ganhos adicionais com a venda direta aos consumidores, ou mesmo garantir um mercado local pela oferta das uvas que geralmente vêm de regiões com clima mais quente, como o semiárido nordestino. “Tanto as recomendações sobre o plantio utilizando a cobertura plástica, que envolve todo um manejo diferenciado da produção, até a disponibilização de novas cultivares mais competitivas, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento genético são os destaques da contribuição da Embrapa”, avalia Marcos Botton, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho.

Botton destaca que na Serra Gaúcha, usar cobertura plástica é sinônimo de garantia contra o granizo, aumento na produtividade e redução na utilização de fungicidas pela limitação da água livre nas plantas (folhas e frutos). Mas esses benefícios e a segurança na qualidade da fruta produzida exigem um alto investimento na estrutura do parreiral, sendo esse um dos fatores limitantes para a expansão deste tipo de produção, que segundo levantamentos realizados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS-Ascar), já contabiliza cerca de 600 hectares de uvas de mesa sendo produzidas no sistema.

“Ainda cerca de 80% da produção de uvas para mesa sob cobertura plástica na região Serra Gaúcha seguem sendo de Niágara Rosada, uma uva rústica, saborosa e fácil de produzir, mas estamos acompanhando de perto o aumento da área com uvas finas de mesa”, avalia Ênio Ângelo Todeschini, Assistente Regional em fruticultura da Região Caxias, da Emater/RS-Ascar. Ele comenta que sob cobertura plástica a principal cultivar segue sendo a tradicional Itália, mas que aos poucos os produtores estão conhecendo e investindo em novidades, como as cultivares lançadas pelo Programa de Melhoramento Uvas do Brasil, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, em especial as uvas sem sementes.

A família Venturin, de Caxias do Sul (RS) foi pioneira em adotar o sistema de cobertura plástica no cultivo de uvas de mesa na Serra, há cerca de duas décadas. Grande parte da propriedade da família é ocupada pelas tradicionais Itálias e Rubis, mas aos poucos as cultivares sem sementes desenvolvidas pela Embrapa estão ganhando espaço e área de cultivo, tanto pelo seu sabor como pela facilidade de manejo. “Nós investimos na BRS Clara e na BRS Vitória pela precocidade; elas estão prontas pra o consumo antes mesmo da Niagára. É certeza de venda certa. E também elas têm o sabor de moscatel e de labrusca, que agradam muito os consumidores”, conta Maicol Venturin, um dos proprietários.

Desde 2003, ano do lançamento das primeiras cultivares sem sementes da Embrapa, ele planta com muito sucesso a BRS Clara. Mais recentemente, plantou as cultivares ‘BRS Vitória’ e ‘BRS Isis’ e está bastante satisfeito. “A Isis é uma excelente opção para substituir a Crimson, é muito produtiva e fica com uma cor muito bonita”, pontua. Venturin comenta ainda que as cultivares do Programa da Embrapa facilitam a vida do viticultor, exigindo menos mão de obra em comparação às tradicionais, em termos de raleio e manejo do cacho.

 

sicoob

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