O trabalho é, desde o começo dos tempos, impactado pelo uso da tecnologia.
Um exemplo é como a agricultura permitiu que as sociedades se estabelecessem em um ponto fixo e, posteriormente, a sintetização de fertilizantes expandiu as fronteiras produtivas.
Atualmente, as preocupações com o futuro do trabalho, frente a um desenvolvimento tecnológico cada vez mais rápido, são muitas, tendo em vista que os benefícios de tais avanços não são repassados ao trabalhador, além de que a segurança e a estabilidade das relações trabalhistas são comprometidas.
A priori, é necessário salientar que, mesmo que o progresso seja grande, a condição de vida do trabalhador não progride. A história mostra que, embora a Revolução Industrial desse os meios para que se produzisse mais em um tempo muito menor, a jornada de trabalho do operário não diminuiu.
O mesmo acontece hoje, as melhorias técnicas não são acompanhadas de aumento de qualidade de vida, mas, ao contrário, cada nova tecnologia representa, para o trabalhador, um medo maior de substituição e, consequentemente, desemprego e miséria.
Em resumo, a tecnologia sozinha não leva ao progresso, pois a própria base da sociedade é desigual, fazendo com que o uso dessa tecnologia também o seja.
Ademais, é preciso atestar que, o uso de novas tecnologias, tal como é hoje, enfraquece os vínculos trabalhistas, trazendo esta insegurança. Nesse sentido, é válido mencionar a obra “O Capital”, em que Karl Marx constata que a alteração dos meios técnicos reorganiza a sociedade capitalista.
Essa hipótese pode ser observada na automatização vivenciada atualmente, que causa o fenômeno chamado de “uberização”, referindo-se aos inúmeros trabalhadores que, ao perderem o emprego por um problema estrutural, estão migrando para serviços informais em aplicativos.
Essa “reorganização da sociedade” – em termos marxistas – implica em uma série de dificuldades para os trabalhadores, indo desde a organização sindical até a previdência social, e que, obviamente, afeta as partes mais desfavorecidas da sociedade Portanto, urge que o Poder Legislativo, em conjunto com o Executivo, melhore as leis trabalhistas.
Em adição, é necessário, por meio de projetos de lei, a implementação de medidas de distribuição de renda, como a taxação de grandes fortunas, aliados a pesados investimentos em programas sociais, a fim de minimizar os impactos das mudanças nas relações trabalhistas na vida dos cidadãos e promover a diminuição da desigualdade, assim, viabilizando a melhora da qualidade de vida e bem-estar social.
*Texto criado no projeto Oficina de Textos – edição 2022.