Foto: divulgação

Jaru, considerada a capital do cacau em Rondônia, fez parte, nesta quarta-feira (6), do roteiro de visitas diplomáticas da comissão espanhola, liderada pela ministra conselheira de Agricultura, Pesca e Alimentação da Embaixada da Espanha, Maria Elisa Barahona Nieto, representante da União Europeia, acompanhada do cônsul honorário, Fernando Bravo Sanchez, com o objetivo de conhecer as potencialidades do Estado para estudar a ampliação das relações comerciais.

O grupo iniciou as visitas na segunda-feira (4) e possui uma programação no Estado que se estenderá até sábado (9), e está sendo acompanhado pela gerente de Relações Internações da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec), Isabela Leite. “É uma oportunidade de mostrar o potencial de produção e exportação de Rondônia”, explica Isabela.

Neste terceiro dia da comissão no Estado, todos conferiram o panorama da produção de cacau em Rondônia.

“O Estado de Rondônia destaca-se hoje como o quarto maior produtor de cacau do Brasil, ficando atrás apenas do Pará, Bahia e o Espírito Santo. Temos 9.223 hectares de cacau, com a produção estimada em seis toneladas por ano. No município de Jaru há 1.485 hectares de lavoura plantada, destes 350 hectares são de cacau clonal, que é uma genética mais avançada”, pontua o presidente da Câmara setorial do cacau em Rondônia e extensionista rural da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RO), Francisco Ildenburg Costa Bezerra, o Chiquinho da Emater de Jaru.

PESQUISAS

A visita foi feita na fazenda do cafeicultor Cláudio Coimbra, onde são cultivadas mais de 20 mil plantas, sendo cerca de cinco mil de cacau clonal; um verdadeiro laboratório natural de testagem dos melhores clones da cadeia produtiva do cacau.

A ministra conheceu essas variedades de clones com melhoramento genético que resultam em alta produtividade e também melhoram a qualidade das amêndoas; participou da colheita simbólica e ainda foi homenageada, tendo o nome escolhido para identificar um tipo de variedade do cacau.

A qualidade das amêndoas produzidas na fazenda já atrai o mercado internacional. “Foi muito interessante saber que Rondônia tem um dos melhores cacau do mundo, são produtos de alta qualidade. Viemos para cá com o interesse na aquicultura, pois sabíamos que Rondônia é o terceiro maior produtor de peixes do Brasil. O tambaqui de vocês é maravilhoso, mas desconhecia o potencial que tem para o cacau, estou impressionada. Foram passadas informações muito importantes para nós”, afirma a ministra.

Rondônia é estudada como solução para o abastecimento do mercado europeu, afetado devido a guerra da Rússia contra a Ucrânia. “Ucrânia era o celeiro de alimentos da Europa, mas agora pretendemos que o celeiro de toda a União Europeia seja Rondônia”, disse o cônsul honorário, Fernando Bravo Sanchez.

Ele explica: “Esse é um momento crucial para que Rondônia definitivamente se integre na globalização, sendo reconhecido como um Estado fundamental para a alimentação do continente europeu, que representa um mercado de mais de 500 milhões de pessoas Além das relações comerciais envolvendo alimentos, podemos aproveitar o turismo e o intercâmbio cultural de universitários. Eu creio que se abre um grande futuro de cooperação entre Rondônia e a União Europeia”.

FOMENTO

O adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Marcílio Leite, ressaltou o compromisso do Governo de Rondônia em desenvolver políticas públicas voltadas para o fortalecimento de todas as cadeias produtivas, e destacou que o cacau é uma espécie da bioeconomia, sendo assim importante para a recuperação de áreas degradadas e também traz rentabilidade para os agricultores familiares.

“O Estado busca fomentar as cadeias produtivas do agronegócio, trazendo mecanismos para baratear o custo da produção. Temos um programa muito importante, o “Plante Mais”, que fornece mudas de café e cacau clonal, onde o Executivo Estadual está fazendo distribuição em volume nunca antes feito, são 5,3 milhões de mudas de café clonal e cerca de 600 mil de mudas de cacau clonal”, explica.

“E ficamos felizes em saber o que está sendo feito nesta propriedade, pois é algo inovador, com o plantio de mais mudas por hectare do que é comum. Uma iniciativa que se demonstrada a produtividade deve ser abraçada pelo Governo de Rondônia e ampliada para os pequenos produtores como solução para se produzir mais em uma menor área”, avalia o secretário adjunto da Seagri.

O experimento de um plantio adensado na propriedade de Cláudio Coimbra acende a esperança de dar ainda mais sustentabilidade a produção de cacau, que experimenta uma fase de crescimento devido ao uso da muda clonal. “O que estamos fazendo aqui é agregando as plantas para usar menos terra, uma pesquisa que esperamos que traga como resultado da alta produtividade. O cacau clonal já é sucesso em relação ao seminal, implantado na década de 80, no momento de ascensão. Depois veio a decadência, e agora voltou a ascensão com esse cacau clonal que é de alta produtividade”, explica.

O interesse agora é conseguir exportar mais que amêndoas, o produto já semiprocessado, chamado de nibs, que é o chocolate em sua forma mais pura; são as sementes de cacau fermentadas, secas, torradas e trituradas.

“Ficamos felizes com a visita da ministra, pois nosso interesse é torrar as amêndoas e fazer a exportação do nibs, para assim, a gente agregar valor ao nosso produto”, relata Cláudio.

Ele ainda pontuou o diferencial da produção de cacau de Rondônia. “É feita por meio da agricultura familiar e são plantios em áreas irrigadas, o que garante a produção o ano inteiro”, disse Cláudio.

Também participaram da visita diplomática, outros produtores de cacau da região.

sicoob

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