Marcos Rocha tem 30% e Ivo Cassol 29% / Foto: Divulgação

A primeira pesquisa oficial a ser divulgada nesta quarta-feira, 24, após o início da campanha eleitoral, não traz grandes surpresas, senão talvez um retrato desolador da chamada esquerda em Rondônia, que realmente não tem tanta expressividade por aqui, porém não se pensava que estivesse tão em baixa.

Na ponta de cima da tabela, o esperado confronto entre Marcos Rocha e Ivo Cassol, que por razões distintas justificam a posição de empate técnico, com Marcos Rogério significativamente atrás, e Léo Moraes, também de forma muito coerente dado ao atual cenário, amargando um distante quarto lugar, bem desgarrado dos líderes.

Antes de analisar os números, cabe informar que a pesquisa foi realizada pelo Ipec e divulgada pela Rede Amazônica, tendo sido ouvido um universo de 800 eleitores em 26 cidades do Estado, entre os dias 21 e 23 deste mês.

Começando então de baixo para cima, e falando primeiro da pesquisa estimulada, quando os nomes dos concorrentes são apresentados ao eleitor, com exceção do direitista Val Queiroz (1% de intenção de votos), que faz o tradicional papel do “candidato folclórico”, a esquerda larga patinando, com Daniel Pereira e Pimenta de Rondônia, representantes deste espectro da política, aparecendo empatados, com 2% cada.

Ou seja, unida ou apartada, neste momento a esquerda de Rondônia tem 4% da preferência do eleitor rondoniense.

Depois, aparece em quarto lugar o deputado federal Léo Moraes, com 6%, que deixou de lado uma reeleição mais ou menos pavimentada para o cargo que ocupa em troca de uma arriscada tentativa de chegar ao governo. Tudo ia relativamente bem, com ele tendo em quase todo o período de pré-campanha a companhia da colega deputada Jaqueline Cassol, trazendo junto o apoio robusto do irmão Ivo, uma lenda na política local.

Mas a casa caiu a partir do momento em que o próprio Ivo acabou achando uma brecha – bem frágil, diga-se – para entrar no páreo, pelo menos por enquanto. A debandada dos Cassol do time de Moraes foi um baque e tanto, que mesmo a adesão da turma dos Expeditos (pai e filho) ainda não conseguiu remediar, dada a diferença do poder de fogo de cada grupo.

Daí vem o senador Marcos Rogerio, que aparece em terceiro lugar, apartado dos líderes, com 13%. Marcos enfrenta dois problemas que podem prejudicar o seu projeto: primeiro, demorou muito para se confirmar como candidato, deixando que um forte oponente, o atual governador, se articulasse e organizasse seu projeto de busca por reeleição lá atrás, agregando inclusive apoio de monta, caso do prefeito de Porto Velho, que em tese tenderia a ficar ao seu lado no primeiro semestre, dada a participação, na época, do pessoal dos Expeditos em seu projeto.

O outro problema dele se chama PL, que em princípio era para ser um trunfo, posto tratar-se do partido do fortíssimo, pelo menos em Rondônia, Jair Bolsonaro, porém que está se tornando empecilho, também por dois motivos. Primeiro, por ter sido a legenda o pivô da defenestração dos Expeditos do grupo de Rogério, com a imposição de cima para baixo da candidatura de Jaime Bagattoli, contra a vontade do candidato. Em segundo, porque esta semana, ao desautorizar publicamente Rogério e o PL, que queriam vetar o uso do nome e da imagem do presidente por candidatos de outros partidos, Bolsonaro indicou que não é assim tão fã do seu tão ferrenho defensor na CPI da Covid, e isso pegou mal. Deve, inclusive, provocar mais impacto negativo em sondagens futuras.

Agora, e de uma vez só, pois estão empatados tecnicamente, temos Ivo Cassol em segundo, com 29%, e Marcos Rocha, detentor de 30% da preferência. Cenário que não causa espanto, exceto àqueles que esperavam um ou outro dos dois disparados na frente.

Cassol sempre foi e sempre será um candidato forte em Rondônia dado o histórico político deixado, principalmente na função de governador, mas concorrendo amparado por uma liminar já ingressa desgastado e vai sofrer mais abrasão enquanto a decisão acerca de sua elegibilidade não for tomada pela Justiça, porque há uma parcela do eleitorado que, ou não quer correr riscos ou não apoia o que considera “candidato ficha suja”. Se confirmado seu registro, aí será um outro cenário, passivo de outra avaliação.

Marcos Rocha é o governador, e usando o famoso jargão, “tem a máquina nas mãos”. E não foi, enquanto gestor, aquela abominação que alguns dizem, não teve o governo abalado por escândalos cabeludos, e surpreendentemente se mostrou um hábil negociador político.

Tem apoio da maioria esmagadora dos deputados estaduais, com quem teve ótima relação ao longo do mandato, conta com apoio de dezenas de prefeitos, incluindo o já citado administrador da capital, e ainda por cima tem muito dinheiro em caixa para execução de obras de impacto, que vão transformar várias cidades em parques de obras ao longo do período de campanha, particularmente no que diz respeito a pavimentação e urbanização em todas as cidades.

Há pontos fracos sim, mas se for feita uma análise fria e sem paixão, Marcos Rocha desde os primeiros meses do ano se apresentou como “o cara a ser derrotado”, o que traduzindo significa “favorito”. E agora, plenamente autorizado a colar a imagem de Bolsonaro à sua, mesmo que de maneira informal dada a legislação eleitoral, tende a permanecer forte. Independente de Ivo Cassol cair ou não, é quase certo que estará no segundo turno.

O cenário apontado na pesquisa espontânea, quando nenhum nome é apresentado, é um tanto distinto, mais particularmente no que diz respeito aos dois ponteiros, onde há uma distância de 10 pontos percentuais entre os dois, com Rocha na frente, somando 20% e Cassol 10%. Depois vêm Marcos Rogério com 6%, Léo Moraes com 2% e Daniel Pereira com 1%.

Se não há muita diferença na parte de baixo, a distância lá em cima chama atenção e indica que, na melhor das hipóteses para Ivo Cassol, ainda há um índice expressivo de eleitores que não sabem que ele é candidato. Na pior, o resultado aponta grande rejeição.

Trocando tudo em miúdos, as pesquisas nos próximos dias tendem a se apresentar mais ou menos nesses parâmetros, salvo o início da propaganda política gratuita provocar muito impacto, algo pouco provável, diga-se, nestes tempos de domínio das redes sociais. A coisa vai ter mesmo um chacoalhão para valer quando ficar decidida a situação de Ivo Cassol, que como esperado é o fiel da balança neste processo de sucessão estadual.

 

Por: Mario Quevedo – Jornalista

 

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