Cinco anos depois de deixar o governo estadual e atualmente acompanhando o programa eleitoral dos candidatos ao Governo de Rondônia, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) cobrou esta semana, de cada um deles, o “compromisso com a definição de uma política de estado que resgate a solidariedade.”
Ele está inconformado com a situação de abandono a que foi relegado o Banco do Povo de Rondônia, nascido em Ariquemes, “sem explicações plausíveis e que possam revelar a preferência do atual governo nesse aspecto.” “Dar dinheiro a remediados e ricos, ou aos pobres e desempregados”, indaga.
Com juros cobrados entre 1% e 2%, o Banco do Povo funcionou em Porto Velho, Ariquemes e noutras regiões, graças aos recursos do Fundo de Apoio ao Empreendimento Popular (Faepar) e da Associação de Crédito Cidadão de Rondônia, a conhecida por Acrecid.
A Faepar atendia diretamente ao Vale do Jamari e a outras regiões, enquanto a Acrecid liberava microcréditos para pequenos empreendedores da Capital e do Baixo Madeira.
Enérgico, Confúcio manifestou-se repetindo o tom crítico que já havia anteriormente pronunciado: “Eu falo isso, porque cada prefeito e cada governador, ou mesmo presidente que assume o poder, o que mais faz é dizer que o programa adotado pelo outro não valeu nada.”
Parte da inspiração ao funcionamento desse banco se deve ao êxito do economista Muhammad Yunus, nascido em Bangladesh, laureado em 2006 com o Nobel da Paz. Autor do livro “Banker to the poor” (em português, “O banqueiro dos pobres”), ele concedeu milhões de pequenos empréstimos a trabalhadores da Índia e de Bangladesh.
“Nossa concepção nesse banco sempre foi distribuir dinheiro a quem realmente precisa, e durante algum tempo conseguimos beneficiar alugadores de mesas e cadeiras para festas, costureiras, fabricantes de gelo, marceneiros, mecânicos de bicicletas e de veículos, panificadores, vendedoras de perfume, entre outros; infelizmente a descontinuidade tomou conta de mais esse setor do governo, no momento em que o povo mais precisa”, lamenta o senador.
Confúcio lembra que o banco recebeu em 2017 a Medalha Mérito Rural Rondon, uma honraria prestada pela Secretaria Estadual de Agricultura porque nele reconheceu um papel visionário, inovador, e de incansável apoio aos verdadeiros necessitados de microcréditos. “De que valeu tudo isso, se o sufocaram?”, questiona o senador.
Até o primeiro semestre de 2022, o Banco do Povo estrebuchava na agonia, sobrevivendo apenas do fiel pagamento dos beneficiários que dele obtiveram recursos e costumam pagar estatutariamente suas contas.
“Se o próximo governo quiser reativá-lo de verdade conte comigo, porque o Banco do Povo é um injustiçado, embora tivesse em minha administração o mais alto sentido social de distribuição de microcréditos em Rondônia”, apela Confúcio.