Imagem: Ilustrativa

Tem como resumir, num texto curto, tudo o que aconteceu neste domingo? Como entender que Lula teve seis milhões de votos a mais que Bolsonaro? Há quem resuma que isso se deve à maioria silenciosa, a que não vai para as ruas; a que não grita e não se enrola na bandeira; a que está pouco preocupada com seu país, mas apenas quer sobreviver, imaginando que Lula, mesmo com tudo o que já fez de errado, seja a solução. A equação é simples: o dono da padaria e seu gerente são Bolsonaro, mas todos os seus funcionários são Lula.

E em Rondônia? Enquanto as pesquisas davam grande vantagem ao governador Marcos Rocha, seu adversário somava votos que os pesquisadores não contabilizaram, por várias regiões do interior. A diferença em percentual, que os institutos davam em até 15 por cento, foi de apenas 1,73 por cento. Em números absolutos, 15.621 votos. Mas, o pior cenário para as pesquisas, que a partir de agora deveriam ter vergonha na cara e sumirem do processo eleitoral, foi o que aconteceu na disputa pelo Senado.

Na quinta-feira, o Ipec (ex-Ibope) o que por si só já diz tudo, apontava a vitória fácil da deputada Mariana Carvalho. Atrás dela estariam Expedito Júnior e Jaqueline Cassol. Incrível, mas verdadeiro: Jaime Bagattoli aparecia com apenas 8 por cento. Na noite do sábado, o empresário e homem público que fez história no Estado, com seu grande trabalho, Neodi Oliveira, ex-presidente da Assembleia Legislativa, vaticinava a este Blog: “esta pesquisa é uma vergonha. O Bagattoli vai ganhar a eleição”! Quando as urnas se abriram, não deu outra. O candidato de quem o Ipec fez escárnio, saiu vitorioso com mais de 293 mil votos.

E agora? Bolsonaro conseguirá tirar os seis milhões de votos de diferença pró Lula? Ele conseguiu eleger mais de 100 parlamentares de uma bancada de apoio; 20 dos 27 novos senadores, mas, no final, ficou atrás. E por pouco Lula não leva no primeiro turno. O atual Presidente conseguirá conquistar os cerca de 2,7 por cento do eleitorado que foi às urnas (pouco mais de 123 milhões de brasileiros), de que é ele e não Lula, (o pai dos pobres), a grande solução para a vida deles. Em Rondônia, o grupo do governador Marcos Rocha terá que trabalhar redobrado, para conseguir conter a ascensão de Marcos Rogério.

As conversas já começaram tão logo os votos foram contados. De ambos os lados, é claro! Tanto Rocha quanto Rogério iniciaram a batalha por alianças qie possam reforçá-los no turno decisivo. Com uma diferença tão pequena de votos, qualquer prognóstico agora seria irresponsável. Mas, no final das contas, teremos, em 30 de outubro, muito mais emoção, batimentos cardíacos acelerados, lágrimas de felicidade e de tristeza. Este final de ano será um teste para os cardíacos e decidirá qual o Brasil que queremos. É muita emoção para tão pouco tempo!

IGNORADO PELAS PESQUISAS, O SENADOR BAGATTOLI DÁ UM SHOW DE VOTOS NAS URNAS

Na sua região, ele é “o” cara. De caminhoneiro, de homem da roça a uma das grandes fortunas de Rondônia. Um dos grandes nomes do agronegócio rondoniense, só na Capital ele fez 70 mil votos só na Capital, 30 por cento dos votos válidos. Foi a partir daí que ele começou a ganhar o Senado, porque no interior já tinha se consolidado como um nome  muito viável. Teve um caminhão de votos no Cone Sul, de onde já tinha saído, quase como um desconhecido na política, para mais de 212 mil votos em 2018, na onda bolsonarista. Na atual campanha, Jaime Bagattoli começou um trabalho de formiguinha, de porta em porta, andando pelo território que ele domina, sua região, a partir de Vilhena, para conquistar praticamente todo o Estado. Ele teve uma dificuldade a mais: as pesquisas dos grandes institutos (BigData/Real Time e Ipec), assim como as pesquisas internas dos outros partidos, sempre o colocaram no máximo em quarto lugar, muito abaixo dos demais concorrentes. Quando Acir Gurgacz entrou na disputa, Bagattoli foi mandado para baixo: ficou em quinto. Foi, portanto, uma vitória contra tudo isso. Um pouco mais ele bateria nos 300 mil votos. E ganhou de ninguém menos do que Mariana Carvalho, uma das personagens mais respeitadas e queridas da política rondoniense. Bagattoli, portanto, merece todos os louros da vitória.

MÁXIMO É O CAMPEÃO DE VOTOS PARA A CÂMARA, QUE SÓ REELEGEU TRÊS DOS ATUAIS DEPUTADOS

Ele tem predicados incontestáveis. É um trabalhador inigualável. Dorme muito pouco e trabalha praticamente de madrugada a madrugada. É reconhecido com um excelente médico. Foi secretário de saúde do Estado durante o terror da pandemia. Por isso, não foi de graça que Fernando Máximo foi o deputado federal mais votado de Rondônia, com 85 mil votos, ficando atrás apenas, na história, de Marinha Raupp, quando ela superou os 110 mil votos numa eleição. A bancada federal foi muito renovada. Três atuais deputados (Mariana Carvalho, Jaqueline Cassol e Léo Moraes), não concorrem à reeleição. Mauro Nazif e Expedito Netto não se reelegeram. Mas, além de Máximo, outros nomes quentes da nossa política chegaram lá. A segunda mais votado (sem surpresa alguma), foi Silvia Cristina, de Ji-Paraná, com mais de 65 mil votos. A reeleição de Lúcio Mosquini (mais de 48 mil votos), também não foi surpresa. Logo depois dele, o jovem Maurício Carvalho, com mais de 32 mil votos também  é destaque. Entre os reeleitos, destaca-se, sem dúvida o Coronel Chrisóstomo, que com pouca estrutura, fez mais de 24 mil votos e está novamente no Congresso. Entre as “caras novas”, não se pode negar o valor do ex-prefeito de Ariquemes, Thiago Flores (23.700 votos); da jornalista e radialista Cristiane Lopes (22 mil votos) e, mesmo com uma votação menor, o cinco vezes deputado estadual Lebrão. Espera-se de todos eles uma representação digna, à altura do Estado que os elegeu.

LAERTE O CAMPEÃO ENTRE OS ATUAIS E IEDA O GRANDE DESTAQUE ENTRE OS NOVATOS DA ASSEMBLEIA

A Assembleia Legislativa teve renovação de mais de 50 por cento, embora dois dos seus atuais membros (Anderson Pereira e Lebrão) não tenham concorrido à reeleição. Dos atuais, destaque para Laerte Gomes, o campeão de votos (mais de 25 mil votos); Ismael Crispin (23 mil); Cirone Deiró (22 mil); Ezequiel Neiva (20 mil); o atual presidente Alex Redano (19.500) e Marcelo Cruz (18.700). Reelegeram-se ainda: Jean Oliveira (17 mil); Luizinho Goebel (14 mil); Jean Mendonça (13 mil); Rosângela Donadon (12 mil)  e Alan Queiroz (10 mil). Foram estes onze os que conseguiram manter suas cadeiras. O grande destaque entre os novos deputados foi, sem dúvida, a primeira dama rondoniense, Ieda Chaves. Ela teve mais de 24.600 votos. Uma das grandes votações foi do eleito Dr. Luis do Hospital, com apoio de Lúcio Mosquini e do poderoso prefeito de Jaru, Joãozinho Gonçalves. Também Cássio Gois, vice prefeito de Cacoal; o delegado Lucas Torres (11 mil). Afonso Cândido (13.600), Gislaine Lebrinha (12.600), Delegado Rodrigo Camargo (11.800),  Ribeiro do Sinpol (9.751), Cláudia de Jesus, filha do ex-deputado Anselmo de Jesus ( 8.845), Edevaldo Neves (vereador em Porto Velho), Dra. Taíssa Souza 7.600) e Nim Barroso (7.600 votos).

AS URNAS DISSERAM NÃO A ALGUNS DOS NOMES MAIS QUENTES DA NOSSA POLÍTICA

Alguns personagens muito importantes da política rondoniense não tiveram a aprovação das urnas, embora, na maioria dos casos, tenham competência e uma longa história de dedicação às causas do Estado. Sem dúvida a maior de todas as surpresas foi a não eleição de Mariana Carvalho, superada, pelos votos do interior, pelo megaempresário do agronegócio Jaime Bagattoli. Mas não foi só ela. Jaqueline Cassol, representante da poderosa família do ex-governador e ex-senador Ivo Cassol e de outro empresário de peso na vida rondoniense, César Cassol, fez uma campanha de qualidade, mas não conseguiu a vaga ao Senado. O mesmo se pode dizer de Expedito Júnior, com um longo histórico de serviços prestados a Rondônia, que teve uma votação muito abaixo do esperado. Dois personagens importantes da nossa política também ficaram de fora da Câmara Federal: o ex-prefeito de Porto Velho e várias vezes membro dos parlamentos estadual e federal, Mauro Nazif e o jovem Expedito Netto, presidente regional do PSD, que ficaram pelo caminho. Para a Assembleia Legislativa, vários nomes considerados muito bons de voto, como vários dos parlamentares que não se reelegeram, também tiveram votações muito menores do que esperavam.  Só um exemplo entre os que tinham expectativa e ficaram pelo caminho: a ex-prefeita de Cacoal, Glaucione Rodrigues, que sempre teve grande votação na sua cidade e na região, não passou dos 4. 485 votos.

MAIS UMA ATUAÇÃO VERGONHOSA DOS INSTITUTOS DE PESQUISA, QUE, OUTRA VEZ, LEVARAM UMA SURRA DAS URNAS

Os institutos de pesquisa, também em nível nacional, erraram feio. Pura incompetência ou coisa pior? O DataFolha, por exemplo, teve números absurdos para a Presidência, colocando Lula eleito no primeiro turno, com 10 pontos sobre Bolsonaro. O resultado da urnas foi o que se viu. Em São Paulo, pior ainda: os institutos sempre com números suspeitos (como o próprio DataFolha, o Ipec/Ibope e outros) colocavam Fernando Haddad sempre à frente, com o atual governador Rodrigo ora em segundo, ora disputando pau a pau com Tarcísio de Freitas. O astronauta Marcos Pontes nunca saía da terceira posição. Tarcísio foi o mais votado, com Haddad atrás e, ainda, Pontes foi o senador eleito. Em Minas, só na reta final da disputa, as pesquisas começaram a dar o governador Zema bem à frente de Kalil. Zema se elegeu no primeiro turno. No Rio Grande do Sul, não houve um só instituto que colocasse o bolsonarista Ônix Lorenzoni à frente. No final, deu ele, fácil, em primeiro lugar, com Eduardo Leite, que todos os institutos apontavam como o grande líder da votação, bem atrás. Lá em segundo turno. O que dirão as pesquisas?

LAMENTÁVEL: PERTO DE 370 MIL ELEITORES NÃO COMPARECERAM ÀS URNAS EM RONDÔNIA, NESTA ELEIÇÃO

Quase um quarto dos eleitores aptos a votarem em Rondônia, exatos 24,66 por cento, não compareceram à votação do domingo. Traduzindo para um número ainda mais simples: um em cada rondoniense apto para escolher seus candidatos, preferiu não aparecer na sua seção eleitoral. O número dos que deixaram de votar é maior do que o percentual da última eleição e, ainda, é bem acima da média nacional, que ficou abaixo dos 21 por cento. Como no Estado havia mais de 1 milhão e 370 mil eleitores registrados, algo em torno de 370 mil pessoas não cumpriram com seu dever cívico, no dia de uma das mais importantes eleições do Brasil, nos últimos anos. Infelizmente, a tendência do segundo turno é que o número de abstenções cresça ainda. Cabe aos candidatos e seus apoiadores, tentarem mobilizar ao menos parte deste eleitorado quem, caso uma pequena percentagem dele decida votar em 30 de novembro, isso poderia decidir a eleição ao Governo, para um ou para outro lado. Neste pacote, tem um número ainda pior: perto de 5 por cento dos que votaram, anularam seu voto. Lamentável!

CÂMARA ELEGE QUASE 200 DEPUTADOS FEDERAIS ALIADOS DO PRESIDENTE BOLSONARO

Os candidatos de partidos que apoiam o atual presidente Jair Bolsonaro deram um vareio nas urnas, na disputa pelas 513 cadeiras da Câmara Federal. Só o PL, partido do Presidente, elegeu 98 deputados. Ganhou 21 cadeiras em relação ao que tem atualmente. Outras siglas da base também elegeram muitos parlamentares, embora uma ou outra bancada tenha perdido algumas cadeiras. Outros partidos aliados ao atual governo, que tendem a ser oposição, caso Lula seja eleito: União Brasil (57);o PP (47); Republicanos (39); Avante (7); PSC (6); PTB(1). Ou seja, no parlamento, sem contar com outras possibilidades de adesões, como as do Podemos e outras, Bolsonaro começaria a nova legislatura, caso vença as eleições, com praticamente 200 parlamentares, a maior base aliada em décadas. Entre os partidos de oposição ao atual governo, o PT também cresceu, aumentando de 56 para 68 cadeiras e PSOL também, ampliando de oito para 12 o número de deputados eleitos. Entre as grandes bancadas, a maior perda foi do PSDB. Atualmente são 23 tucanos na Câmara e, em 2023, eles serão somente 13.

PERGUNTINHA

Depois da eleição do domingo, você ainda acha que há alguma suspeita de que as urnas eletrônicas não são totalmente seguras?

sicoob

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