Jair Bolsonaro/Luiz Inácio-Foto: Reprodução

A 21 dias do turno decisivo da eleição histórica de 2022, quando os brasileiros, por maioria, vão optar ou por um governo socialista, como os têm hoje a maioria dos países latino-americanos ou por um conservador de direita, com ideias econômicas totalmente antagônicas às do socialismo, não há como dizer claramente se há um grande favorito.

Claro que o ex-presidente Lula, do alto dos seus seis milhões de votos a mais no primeiro turno, tende a ganhar a eleição. Mas não se pode ignorar o poderio com que Bolsonaro também sal das urnas, elegendo praticamente 20 dos 27 novos senadores e uma bancada na Câmara Federal de ampla maioria a apoiá-lo. O aval à sua candidatura de governadores de Minas e Rio de Janeiro; do atual governante de São Paulo e do, ao que tudo indica, eleito no maior Estado da Federação, Tarcísio de Freitas, podem sim dar um grande impulso à reeleição do atual presidente. Lula cooptou os inimigos de Bolsonaro e os nomes mais à esquerda, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e agora a senadora Simone Tebet, que chegou a 5 milhões de votos na eleição presidencial.

Bolsonaro tem a seu lado o poderio eleitoral de Romeu Zema, o novo guru político dos mineiros. Bolsonaro tem, certamente, a maior oposição que um Presidente já teve, desde a democratização. Foi bombardeado pela militância esquerdista, pelos artistas, pela imensa maioria da mídia, desesperada pelo poder e pelo dinheiro que perdeu e, mesmo assim, chega ao segundo turno com chances reais de vitória. Lula tem grande votação entre o eleitorado do Nordeste (onde ganhou por mais de 12 milhões de votos) e o discurso de que vai melhorar a vida dos mais pobres. É dele a chance maior. Mas…

Nos últimos dias, as famigeradas pesquisas, que fizeram um dos maiores fiascos da história das eleições, desde que os chamados institutos começaram a fazer levantamentos políticos, voltaram no segundo turno. A primeira pesquisa, do muito mais famigerado DataFolha, deu Lula com seis pontos a frente de Bolsonaro, um pouco mais do que as urnas apontaram no primeiro turno. Mas, em São Paulo, o mesmo Data Folha que no domingo da eleição dava vitória fácil de Lula, com 14 pontos de diferença, agora aponta uma queda surpreendente do ex-presidente e uma subida inédita de Bolsonaro.

Lula teria caído mais de 10 pontos em seis dias, enquanto Bolsonaro teria saltado pelo menos oito no mesmo período. Ou seja, uma diferença de 18 pontos percentuais em apenas seis dias. Nesta primeira pesquisa do primeiro turno, Bolsonaro passou Lula, com 46 a 44 pontos. Em qual acreditar? O eleitor, ao invés de ser enganado por institutos picaretas, que ele faça sua pesquisa e que analise tudo, antes de votar. Não há pesquisa que mude a vontade de Sua Excelência, o Eleitor. No dia 30 ele dirá, por maioria, que tipo de país nós queremos. Torçamos que vença o que for melhor para o Brasil!

BOLSONARO NEUTRO EM RONDÔNIA: “PARA QUE DIVIDIR? TEMOS É QUE SOMAR!” AFIRMOU EM ENCONTRO NO PLANALTO

Para a cor local, a única novidade sobre a disputa foi a declaração, improvisada e respondendo a uma pergunta de alguém presente a uma solenidade no Planalto, nesta semana (não ficou claro se foi um jornalista quem perguntou), sobre qual dos dois candidatos apoiaria em Rondônia, Bolsonaro deixou claro, fora do microfone, que não irá se fazer opção por um dos dois. “Para que dividir? Nós temos é que somar!”. A declaração foi feita logo a seguir a um rápido pronunciamento do governador Marcos Rocha, que esteve no Planalto junto com outros governadores, que foram reforçar o apoio ao Presidente, para o segundo turno. No dia anterior, Bolsonaro recebeu o senador Marcos Rogério e o senador eleito Jaime Bagatoli, também sem confirmar apoio apenas a eles. O grupo de Rocha está divulgando nas redes sociais, que o atual governador teria sido muito melhor tratado pelo Presidente do que seu adversário, mas isso, claro, pode ser apenas jogo de torcida.

A TROCA DE LUIZINHO, A VOLTA DE ROSÂNGELA, A VINDA DE ALAN E BAGATTOLI CORRENDO ATRÁS DE VOTOS

A verdade é que, na disputa local, o quadro ainda está tão complexo quanto na corrida presidencial. Os dois Marcos (o Rocha e o Rogério) iniciaram no horário eleitoral gratuito do segundo turno com agradecimentos e promessas de uma campanha, nesta reta final, sem ataques pessoais. Na verdade, eles já começaram nas redes sociais, mas ainda com nada que possa ser considerado um golpe abaixo da linha da cintura. A partir desta semana que inicia é que as coisas devem esquentar um pouco. O grupo palaciano está se munindo das armas políticas que pode, assim como o de Marcos Rogério também. Rocha consegue adesões e Rogério também. A maior surpresa de apoio ao candidato do PL é a do atual líder do governo na Assembleia, Luizinho Goebel, reeleito, que trocou de time, a partir de um decisão do seu partido, o PSC.

Nesta semana, a equipe do governador teria tido a defecção da deputada reeleita Rosângela Donadon, mas ela decidiu manter-se aliada. Rosângela teve um sério confronto com apoiadores de Rocha, num encontro em Vilhena. Chegou a perder, no governo, vários cargos de pessoas que indiciou. Mesmo assim, à base da conversa, a situação foi contornada. De outro lado, o deputado eleito Alan Queiroz, que estava com Léo Moraes, passou para o lado do Governador. Do lado de Rogério, o senador eleito Jaime Bagattoli avisa que entrará na campanha do seu nome ao Governo com força total.

MICHELE BOLSONARO, DAMARES ALVES E TEREZA CRISTINA NA UNOPAR, TERÇA-FEIRA À NOITE

A informação partiu da assessoria da deputada federal reeleita Silvia Cristina, do PL. Segundo ela, na próxima terça-feira, no auditório da Unopar em Porto Velho, haverá uma reunião de Mulheres Bolsonanaristas, incluindo a primeira dama, Michelle Bolsonaro, embora a presença dela ainda dependa de uma confirmação nesta segunda-feira. O encontro terá ainda, segundo Silvia Cristina, as presenças da senadora eleita por Brasília, Damares Alves e da senadora eleita, a ex-ministra  Tereza Cristina, eleita pelo Mato Grosso do Sul. A intenção da deputada é reunir as mulheres para a campanha “22 lá, 22 aqui”!, que ela lidera, entre as mulheres, no Estado. Não se tem ainda maiores detalhes sobre o assunto, mas a direção da Unopar já foi comunicada sobre o evento, o auditório contratado e as equipes de segurança da Presidência devem estar em Porto Velho na segunda-feira, caso a primeira dama confirme sua participação no evento.

HERMÍNIO COELHO FOI PREJUDICADO NA CAMPANHA: TSE AUTORIZOU SUA CANDIDATURA NA 25ª HORA

O candidato a deputado estadual Hermínio Coelho, do PT, foi claramente prejudicado no pleito pela complexa legislação eleitoral. Ele concorreu sub judice durante toda a campanha e, claro, no dia da eleição, por decisão do TRE. Seus amigos, admiradores, eleitores, não sabiam se, votando nele, não perderiam seus votos. A 48 horas do pleito, ou seja, sem tempo hábil para conseguir informar a todo o eleitorado, a candidatura de Hermínio foi liberada pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas, claro, já era tarde demais. Hermínio era certamente o nome do petismo mais forte entre os postulantes da Capital e região, para chegar à Assembleia. O partido conseguiu eleger uma representante, Cláudia Jesus, filha do ex-deputado federal Anselmo de Jesus, que foi vice na chapa comandada por Daniel Pereira. A verdade é que, ficou com Hermínio a sensação de que ele poderia ter chegado lá, mesmo que não fosse fácil, é claro, caso tivesse podido tocar sua campanha normalmente. Nesta segunda-feira, os 6.167 votos dados a Hermínio Coelho deverão ser acrescidos à votação geral para a Assembleia em Rondônia. Não deve mudar nada na vida dos eleitos, mas certamente mudou na vida de Hermínio.

FÁTIMA SUPERA 28 MIL VOTOS PARA A CÂMARA E CONTINUA SENDO O NOME MAIS FORTE DO PETISMO

Por falar em PT, o partido teve uma performance muito abaixo das expectativas, assim como todas as legendas da esquerda, no Estado. Conseguiu eleger apenas uma deputada e nada mais que isso. O candidato da Frente Democrática, Daniel Pereira, ficou em quarto lugar, muito longo do terceiro, Léo Moraes. Nomes com enorme potencial, como o do advogado e professor Vinicius Miguel (10.161 votos) ficaram pelo caminho. Mauro Nazif (16.774 votos) o maior líder do PSB no Estado, perdeu seu mandato. Em os representantes da ala esquerdista e do PT, especialmente, o único nome que se pode destacar é o da ex-senadora Fátima Cleide. Afastada da política há bastante tempo, Fátima teve mais de 28.400 votos. Caso a federação da esquerda tivesse tido um pouco mais de votos da ampla maioria que fracassou, Fátima seria o único nome do petismo e da autoproclamada Frente Democrática com possibilidades reais de chegar lá. Caso Lula vença a eleição presidencial, a rondoniense tem chance de voltar ao cenário da política, pela forte ligação que tem com o ex-presidente.

CPI INVESTIGA, PF ESTÁ DE OLHO: IPEC E DATAFOLHA GANHARAM MAIS DE 37 MILHÕES NO PRIMEIRO TURNO

Há realmente, algo de podre no reino das pesquisas eleitorais? A suspeita é muito forte e, por isso, dois dos maiores institutos do país, o DataFolha e o Ipec, aquele que mudou de nome (ex-Ibope), tentando renascer no país, depois da série de fracassos do passado, estão sob a mira não só de uma CPI que está sendo criada no Congresso, mas também da Polícia Federal, segundo o site R7, já um dos mais respeitados e acessados do país. A notícia informa que dois “institutos” que, na verdade, são apenas empresas que visam lucro, faturaram, nesta campanha, nada menos do que 37 milhões e 600 mil reais. O Ipec faturou 23 milhões e 400 mil e o DataFolha nada menos do que 14 milhões e 200 mil reais. Segundo dados oficiais da Justiça Eleitoral, as três pesquisas mais caras realizadas pelo Ipec, no valor de mais de 348 mil reais cada, totalizando mais de 1 milhão e 44 mil reais, foram contratadas pela TV Globo. Nelas, foram entrevistados 9.024 eleitores entre os dias 13 de setembro e 1º de outubro. A média de entrevistados nas pesquisas era de 1.000 eleitores. A CPI das Pesquisas, no Congresso, já tem as assinaturas necessárias e deve começar em breve.

LULA TAMBÉM GANHOU NO NORTE, MAS POR APENAS 58 MIL VOTOS A MAIS QUE BOLSONARO

O Nordeste elegeu mais esquerdistas para seus governos e, na região norte, os maiores eleitorados também ficaram ao lado de Lula, que, no total, na região, teve pouco mais de 58 mil votos que o atual Presidente. O desequilíbrio vem com o Pará. No gigantesco Pará, onde o atual governador Helder Barbalho teve mais de 70 por cento dos votos válidos, os vencedores fecharam com Lula. No Acre, aliado do presidente Bolsonaro, Gladson Cameli ganhou no primeiro turno com quase 57 por cento dos votos válidos. No Amapá, o eleito foi Clécio, do Solidariedade, que apoia Lula. Ele é do Estado do senador Randolfe Rodrigues, que coordenou a campanha de Lula no primeiro turno. Antonio Delarium foi reeleito pelo PP do Amapá com 57 por cento dos votos. Apoiará Bolsonaro no segundo turno. No Tocantins, Vanderlei Barbosa, do Republicanos, outro reeleito, ainda está em cima do muro. Disse que não decidiu se apoiará um dos dois candidatos ou se ficará neutro. No Amazonas, o segundo turno vai decidir entre o bolsonarista Wilson Lima e o lulista Eduardo Braga. Rondônia tem dois apoiadores de Bolsonaro no turno decisivo: Marcos Rocha e Marcos Rogério. No resumo: Lula tem apoio, entre os eleitos, no Pará e no Amapá. Bolsonaro ganhou no Acre e no Amapá. Um ficou no muro. No segundo turno, os dois candidatos à Presidência disputam em dois Estados, mas num deles, Rondônia, seja qual for o resultado, ganhará um bolsonarista.

PERGUNTINHA

Você vai decidir seu voto no segundo turno a partir de informações dos institutos de pesquisa ou vai ignorá-los e votar no candidato que achar melhor para seu país?

sicoob

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