O risco de gastos acima do teto e a falta de controle fiscal fizeram o Ibovespa, índice que reúne as maiores empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, perder R$ 215 bilhões em valor de mercado desde o último dia 28 de outubro. Segundo cálculo da consultoria TradeMap, as ações desabaram após o segundo turno das eleições.
O levantamento considera a variação no valor de mercado de cada uma das companhias que integram o índice. O valor seria suficiente para bancar os programas sociais do novo governo.
Nesta quinta-feira (17), o mercado reagiu novamente à proposta de furo do teto de gastos para o pagamento do Bolsa Família e às declarações do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a reação dos mercados a medidas de flexibilização fiscal.
A Proposta de Emenda à Constituição da Transição, a chamada PEC do estouro, derrubou mais uma vez as ações e provocou a alta do dólar. O Ibovespa chegou a cair 2,49%, aos 107.496,57 pontos, às 13h42, enquanto o dólar operava com alta de 1,29%, a R$ 5,47.
A proposta, apresentada ao Congresso pelo vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), na noite da quarta-feira (16), visa abrir espaço no Orçamento de 2023 para a manutenção de programas de transferência de renda. Mas sem sinalizar um novo controle fiscal das contas públicas.
A intenção é permitir a continuidade do pagamento do valor de R$ 600, mais uma parcela extra de R$ 150 para cada criança abaixo de 6 anos — conforme prometido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na campanha. Além de tirar o programa Bolsa Família do teto de gastos por prazo indeterminado, num acréscimo de R$ 175 bilhões nas despesas, a PEC estipulou que parte das receitas decorrentes de eventual excesso de arrecadação será alocada para investimentos públicos, abrindo espaço em 2023 para mais R$ 23 bilhões em gastos, também fora da regra do teto.