Hoje (3/1/2023) faz exatos 24 anos a morte de Arnaldo Lopes Martins, militar e político que fez história em Vilhena.
Ele dizia aos amigos que, por gostar tanto da cidade, gostaria de ser sepultado aqui — embora estive há alguns anos morando no Rio de Janeiro (RJ), sua terra natal.
O jazigo de Arnaldo Martins está esquecido no Cemitério Cristo Rei. Ele teve dois casamentos e três filhos (Arnaldo, Marcos Vinícius e Durval), mas nenhum familiar reside na cidade. O curioso é que vários políticos de expressão que aqui viveram foram sepultados em suas terras natais, mesmo tendo feito toda a carreira em Vilhena. Arnaldo fez o caminho inverso.
“Ele sempre me dizia que gostaria de ser sepultado aqui em Vilhena”, enfatiza seu grande amigo Roberto Scalercio Pires, também militar da reserva e que foi o leal secretário municipal de Administração e de Fazenda quando Arnaldo foi prefeito, durante dois anos, entre 1980 e 1982.
“Iniciei minha vida pública civil com ele”, relembra Pires, tenente da reserva que, ainda hoje, atua como gestor no município; é o atual secretário municipal de Fazenda. Arnaldo era prefeito nomeado, não tinha vice e Roberto Scalercio Pires o substituiu como prefeito em exercício, em vários períodos.
CARREIRA POLÍTICA
Quando deixou a prefeitura, o coronel Arnaldo Martins se candidatou e foi eleito deputado estadual constituinte pelo PDS. Em 1986, já no PMDB, foi eleito deputado federal constituinte; o primeiro político vilhenense a chegar à Câmara Federal.
Ele sofreu fortes batalhas, como é comum neste meio, enfrentando desafetos poderosos na região. A imprensa, na época, era controlada pelos seus adversários. Em 1988 participou de uma malfadada candidatura (ele para prefeito e o deputado estadual Genival para vice-prefeito).
A união foi motivo de muitas críticas e não se coadunava, porque até ali eram adversários frontais. No horário político na TV foi até mostrado um termo de acordo entre ambos. Arnaldo governaria por dois anos e Genival os dois últimos. Perderam toda a credibilidade.
Em 1990, Arnaldo tentou a reeleição para deputado federal. Sem êxito. E por não ter sido reeleito, ficou magoado com os eleitores e disse a seguinte frase: “Só me resta apagar a luz do aeroporto de Vilhena”.
Foi o mandatário mais preparado do ponto de vista acadêmico de toda a história do município. Coronel do Exército, Arnaldo formou-se em economia, em engenharia, em educação física e em administração de empresas. Era um eterno estudioso sobre gestão pública e ciências políticas.
No final de 1998, Martins veio ao município para receber da Câmara de Vereadores o título de Cidadão Honorário Vilhenense.
Ele estava se preparando para retornar à política. O governador eleito, José de Abreu Bianco (PFL) — que tomou posse em 1º de janeiro de 1999 — o convidou para ser secretário Secretário de Segurança Pública. Bianco e Arnaldo haviam sido colegas de parlamento na primeira legislatura da Assembleia Estadual.
Arnaldo participou da posse do novo governador e, no feriado de aniversário do Estado de Rondônia, foi comemorar a nomeação — pleno de projetos na retomada carreira pública — em um balneário próximo da capital, Porto Velho. E lá faleceu no igarapé, aos 64 anos de idade. Foi trazido para Vilhena, velado na Câmara Municipal e seguiu em carro do Corpo de Bombeiros para o sepultamento.
HOMENAGEM PÓSTUMA
O coronel foi homenageado com a denominação do Estádio Arnaldo Lopes Marttins. Mas ninguém o chama assim. É conhecido apenas como Estádio Portal da Amazônia.