O presidente da Fundação Cultural de Vilhena, Eliton Costa, anunciou nesta semana, em entrevista ao Extra de Rondônia, que o prefeito buscará meios para construir um teatro “à altura da cidade”.
O local indicado por ele é o Parque de Exposições, que está fechado e abandonado há alguns anos. “A utilização da área para o teatro não afetará o retorno da Expovil ou uma festa semelhante, com outro nome.
O espaço é enorme e nós também queremos a volta das exposições agropecuárias”, destaca Eliton que assumiu a pasta da Cultura dia 2 de janeiro.
O projeto arquitetônico do teatro já existe. A princípio, a obra seria erguida ao lado da Câmara de Vereadores, na avenida Tancredo Neves. Os recursos chegaram a ser alocados pelo Governo Federal, mas acabaram sendo “perdidos” e a área foi ocupada pelo Poder Judiciário.
Eliton afirma que, no momento, atuará politicamente junto ao prefeito para buscar os recursos que garantam a edificação. “Vilhena tem demanda, porte e também talentos que justificam um teatro”, assegurou. Aliás, todas as cidades-polos de Rondônia dispõe de um teatro, menos Vilhena.
EM 2023 NÃO HAVERÁ CARNAVAL
Outro assunto abordado foi o Carnaval de rua. Há vários anos Vilhena não tem a tradicional folia. O presidente da Fundação explicou que “não há tempo hábil para realizar a festa em 2023”, mas que pretende retorná-la ao calendário cultural no ano que vem, “com outra cara”.
“As experiências anteriores não foram bem sucedidas. Houve até mortes [um jovem foi assassinado durante o carnaval de rua, em 2014]. O compromisso do Município deve ser com a cultura. Vamos, sim, fazer o Carnaval de 2024, mas de uma forma diferente, com marchinhas e uma pegada mais tradicional”, anunciou Eliton.
POPULARIZAR A CULTURA
Aos 38 anos, Eliton Costa vive há 33 em Vilhena [até os 5 morou em Rolim de Moura]. Dono de duas casas noturnas bem badaladas — a Old Ranch e o Diip Bar — o presidente foi olhado “torto” por alguns militantes da cultura que tentaram emplacar outro nome na administração municipal do prefeito Delegado Flori, que assumiu dia 1º de janeiro. “O fato de eu ser empresário foi criticado por alguns. Mas, creio que superaremos e continuaremos o diálogo, com todo o respeito. Eu estou totalmente envolvido com a cultura, tenho interesse pela história também. Cheguei aqui criança e frequentei o antigo museu Casa de Rondon, que está fechado e precisa ser reaberto”, afirmou, revelando outras afinidades com o setor.
As decisões da Fundação perpassam pelo Conselho Municipal de Cultura que consta de 14 membros. Para dar um sentido ainda mais plural às iniciativas, Eliton diz que gostaria que “houvesse um indígena na representação” e que vai articular tal inclusão.
Com entusiasmo em sua fala, o gestor garante que a prioridade “é popularizar e democratizar a cultura em Vilhena”. Ações que incluam artesanatos, música, pintura, dança, literatura, fotografia, memória e outras vertentes precisam chegar — segundo ele — aos bairros mais afastados, inclusive o meio rural. “Temos muitos artistas, agentes da cultura e pessoas interessadas em participar. A população precisa ter acesso”.
Ainda coadunando ao caráter plural da gestão, o presidente pretende que Vilhena valorize suas tradições. “Houve um tempo em que a Semana Farroupilha, no CTG, e a Oktoberfest, no Clube dos Alemães, eram eventos importantes e genuínos da nossa cultura. Precisamos resgatá-los junto com outras atividades culturais que acabaram perdendo espaço”, discursou.
O orçamento da Fundação é de R$ 2,4 milhões e a pasta tem 13 funcionários. Pouco para manter a estrutura, a folha de pagamentos e o tanto de atividades que Eliton pretende desenvolver com sua equipe. No entanto, a secretária executiva da pasta, Andrea Cotta, explicou que existem muitos meios para “usar bem os recursos”.
Andrea citou, também, as possíveis emendas e os aportes dados aos artistas através de editais dos governos federal e estadual. “A Fundação contribui com os artistas através de um assessoramento para conseguirem acessar os recursos do Estado e da União. Tudo é muito burocrático e alguns precisam do suporte que oferecemos”, sublinhou a secretária.
Outra alternativa para melhorar a receita são as PPPs (parcerias público-privadas) e os patrocínios da iniciativa privada. Por lei, a Fundação pode angariar até R$ 3 milhões anuais em patrocínios para seus projetos, mediante renúncias fiscais.
FEIRA DE ARTESANATOS
Eliton informou, ainda, que dará prioridade à feira de artesanatos. “Quero concentrá-la na Praça Nossa Senhora Aparecida e garantir que seja realizada quinzenalmente, a princípio. Mas a ideia é que seja semanal. É preciso ter constância na feira para criar o hábito de a população frequentar o espaço”.
BIBLIOTECA FECHADA
Falando em praça Nossa Senhora Aparecida, cenário da feira de artesanatos, já faz cerca de três anos que a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, que funcionava no local desde a década de 1980, foi fechada. Livros foram danificados junto com o acervo histórico e o imóvel, que sofre com infiltrações.
Indagado sobre o que pretende fazer para solucionar o problema, Eliton Costa esclareceu que todos os livros, pinturas e registros da antiga biblioteca foram retirados do imóvel. “A gestão anterior fez isso, há alguns meses”, disse, justificando que “tudo está bem guardado”.
Todos os livros estão acondicionados na biblioteca da própria Fundação que logo será aberta ao público; estão esperando apenas a nova mobília. “Falta também trazer o piano, que era é um instrumento histórico”, disse Eliton prometendo que fará isso ainda nesta semana, retirando-o da biblioteca insalubre.
O referido piano pertenceu à musicista Cidinha Rocha [já falecida] que fez história ensinando música durante décadas em Vilhena, no extinto Instituto Ernesto Nazareth. O nome de “Dona Cidinha” é cotado para batizar a sala de música da Fundação.
Sobre a antiga Biblioteca Monteiro Lobato, Eliton afirmou que o espaço terá outro destino. “A localização é ótima, vamos reformar tudo. Vamos fazer de lá um centro cultural, com ensaios da Orquestra Municipal e muitas atividades, exposições, que possam despertar interesse na comunidade e tornar a cultura mais visível e acessível. O acervo da antiga biblioteca vamos manter aqui mesmo, na Fundação. Inclusive, vamos contratar dois bibliotecários para termos o espaço aberto de manhã e de tarde”, propôs, encerrando a entrevista.