Uma foto publicada no grupo “Memória Vilhenense”, no Facebook, gerou muitas reações com críticas contra o fechamento da única biblioteca pública do município.
Os comentários deixam claro o desapontamento de parte da população acerca do desprezo do poder público pela literatura e os espaços de pesquisas escolares.
A internauta Patrícia Ferraz deixou seu comentário no Facebook: “Que tristeza ver um local tão importante que marcou a minha geração, agora abandonado, íamos todas as tardes ler, pesquisar, fazer trabalhos, sem contar os inúmeros livros que levávamos pra casa através do cadastro, ainda não aprendemos a amar a nossa história, lamentável”.
Outras pessoas, porém, amenizam a crítica e insinuam que as bibliotecas com livros de papel já tiveram “o seu tempo”. É o caso de Inácio Mendonça que reflete: “A evolução chegou e os livros impressos já começam a sumir das livrarias dando lugar aos digitais, sem poluição ou degradação de florestas. Hoje, a informação está na palma da mão, acesso rápido à informação, isso é a globalização”.
Fechada desde o início de 2022, a Biblioteca Municipal “Monteiro Lobato” já foi uma referência em Vilhena, fundada há cerca de 40 anos na Praça Nossa Senhora Aparecida, serviu como local de estudos para milhares de vilhenenses.
A pretexto de uma reforma, o local acabou simplesmente abandonado. Do dia para noite, o prédio foi fechado e deixado à própria sorte, sem manutenção. Acabou repleto de infiltrações e servindo de morada para pombos e morcegos.
Até agosto do ano passado, todo o acervo estava abandonado e parte dele esparramado pelo chão. Naquele mês, a prefeitura retirou parte do material e o acomodou na Fundação Cultural. Alguns objetos, no entanto, continuam no prédio.
São livros, fotografias, manuscritos originais, cópias de TCC’s (teses de conclusões de cursos), revistas/jornais, CD’s e até um piano com o qual a professora Cidinha Rocha [falecida] ensinou muita gente de Vilhena.
Além do arquivo disponibilizado ao público, a velha biblioteca mantinha um extraordinário conjunto de fichas de usuários. Consiste num dos maiores acervos de dados com fotos de pessoas de Vilhena ao longo de décadas. Muitos são falecidos, outros aparecem crianças nas fotografias 3 por 4 e alguns são, hoje, cidadãos e cidadãs de destaque na sociedade, e todos fazem parte da história local.
O atual presidente da Fundação Cultural, Eliton Costa, que tomou posse há apenas um mês, explica que todos os livros retirados estão acondicionados na biblioteca da própria Fundação que logo será aberta ao público; estão esperando apenas a nova mobília para que isso ocorra.
Sobre a antiga Biblioteca “Monteiro Lobato”, agora um espaço insalubre, Eliton afirma que terá outro destino. “A localização é ótima, vamos reformar tudo. Vamos fazer de lá um centro cultural, com ensaios da Orquestra Municipal e muitas atividades, exposições, que possam despertar interesse na comunidade e tornar a cultura mais visível e acessível. O acervo da antiga biblioteca vamos manter aqui mesmo, na Fundação. Inclusive, vamos contratar dois bibliotecários para termos o espaço aberto de manhã e de tarde”, promete o presidente.
JÁ FOI EXEMPLO
Não faz muito tempo. Entre 2017 e 2018, a Biblioteca Monteiro Lobato foi um exemplo de boa gestão e de pluralidade. A então gerente do local, Ana Winter, assegurou recursos de editais e do Governo do Estado e, também, a colaboração da sociedade civil para promover uma reforma no imóvel.
Mais do que isso, Ana garantiu a realização de vários eventos como exposições de fotografias e artes, contações de histórias, com a garantia de aquisição de muitos títulos novos e a organização dos títulos à disposição. No período em que ela foi a gestora, a biblioteca esteve onde mereceu: no centro das atenções.