A safra recorde de 44,3 milhões de toneladas de soja nesta temporada colocaria Mato Grosso como o terceiro maior produtor mundial do grão se o estado fosse um país.
Isso porque o estado deverá produzir 32% a mais que a Argentina, terceiro lugar em produção da oleaginosa, que teve sua produção reduzida para cerca de 29 milhões de toneladas.
Isso se dá em decorrência da quebra da safra da Argentina na atual temporada em decorrência das condições climáticas adversas, sobretudo estiagem em regiões produtoras. No boletim ‘AgroExport’ desta semana, o diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, destacou que, em situação normal, a produtividade argentina para a oleaginosa beira a casa das 50 milhões de toneladas. Neste ciclo, contudo, a Bolsa de Rosário projeta que o volume não deve passar das 29 milhões de toneladas.
Atualmente, o ranking mundial de maiores produtores de soja conta com o Brasil na primeira posição, diante de uma projeção de 151,4 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e com os Estados Unidos em segundo lugar, com uma produção estimada em 121 milhões de toneladas para 2022/23.
A Argentina ocupa o terceiro lugar. Porém, se Mato Grosso entrasse na lista como um país, as posições seriam alteradas, uma vez que, recentemente, a Bolsa de Rosário reduziu a projeção de produção para a atual safra de 33 milhões para 29 milhões de toneladas.
Ao se analisar a produção mato-grossense de soja dentro da produção brasileira, a mesma representa aproximadamente 30% do volume colhido no país.
“A participação de Mato Grosso na produção do Brasil é tanta que, se fôssemos um país e tirássemos a produção do estado da conta nacional, o Brasil passaria a ser o segundo maior produtor mundial, perdendo para os Estados Unidos”, observa o secretário adjunto de Agronegócio e Investimentos, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Anderson Lombardi.
Produtividade entre fatores para recorde
São vários os fatores para o aumento da produção de soja em Mato Grosso. Entre eles estão o crescimento de áreas agricultáveis em cima de área de pastagem degradada, emprego de tecnologia e a produtividade por hectare, que nesta safra 2022/23 conta com uma previsão média de 61,59 sacas por hectare.
Neste ciclo foram semeados 11,99 milhões de hectares e a expectativa, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), é que até 2032 a área destinada a soja chegue em 16,50 milhões de hectares. Em termos de produção, espera-se que o estado alcance 63,61 milhões de toneladas.
De concorrente nas exportações para cliente
A quebra da safra na Argentina tem levado o país de forte concorrente das exportações brasileiras e mato-grossenses para cliente.
Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre janeiro e fevereiro Mato Grosso enviou para o mercado externo 2,45 milhões de toneladas de soja. A Argentina foi o terceiro maior cliente com cerca de 140 mil toneladas, ficando atrás apenas da líder China com 1,55 milhão de toneladas e da Espanha com 240 mil toneladas.
Em termos de porcentagem, a China foi responsável por 63,12% dos embarques, seguida da Espanha com 9,96% e a Argentina 5,86%.