De passagem por Vilhena neste sábado, 22/4, o senador Marcos Rogério (PL) concedeu uma longa e exclusiva entrevista, de 23 minutos, ao EXTRA DE RONDÔNIA.
Ele falou sobre seu retorno ao Senado, em junho; comentou a derrota eleitoral sofrida na disputa para o Governo do Estado e a perda da presidência do PL no Estado; avaliou que “o PT está fazendo um desgoverno”; descarta que Bolsonaro seja candidato a senador por Rondônia; abriu o coração sobre a dificuldade de estar há 12 anos no poder: “fiquei doente e minha filha teve depressão”.
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EXTRA DE RONDÔNIA — Razão da sua visita a Vilhena, senador.
MARCOS ROGÉRIO — Hoje vim a Vilhena para visitar um amigo, o Nenzão [empresário Arlindo de Souza Filho], que inaugurou a segunda unidade do seu hotel, o Vizon. Tenho acompanhado a trajetória do Nenzão há muito tempo, desejo que ele continue crescendo. É uma empresa familiar que gera empregos e oportunidades. Fiz questão de sair de Brasília [de carro] e vir aqui prestigiar.
EXTRA — Falando um pouco de política: o que aconteceu para o senhor perder as eleições?
MARCOS ROGÉRIO — Faltou voto (risos). Perdi a eleição só por isso: faltou voto. Na verdade, eu saí do processo eleitoral fortalecido. Eu perdi uma eleição ganhando força. Esta é a avaliação que eu tenho, porque a diferença foi de 40 mil votos. Agora, resta desejar sucesso ao governador e que ele cumpra aquilo que ele disse. Inclusive, ele disse que iria assumir o Hospital Regional de Vilhena pelo Estado. O mesmo vale para Ariquemes e Guajará-Mirim. Precisa cumprir.
EXTRA — Quando o senhor volta para o Senado?
MARCOS ROGÉRIO — Início do mês de junho. Assim como farei oposição ao governo do presidente Lula (PT), estarei visitando e presente em Rondônia, cobrando soluções para os problemas do Estado. Eu fui candidato ao Governo naquele momento porque achava que Rondônia precisava de um governador mais atuante. Mas desejo que ele faça aquilo a que se propôs. A saúde do Estado continua uma tragédia. Eu perdi a eleição na reta final porque muita gente me dizia: “Gosto de você, mas quero você no Senado”. Então, tenho que respeitar quem votou e quem não votou em mim para governador, e continuar meu trabalho como senador. Vou cobrar, vou fiscalizar.
EXTRA — Comenta-se muito nos meios políticos, principalmente em Porto Velho, que o senhor se negou a fazer composições com outros partidos no segundo turno. É verdade?
MARCOS ROGÉRIO — Sim, é verdade. Eu não fiz nem no primeiro, nem no segundo turnos. A política tradicional foi feita em cima de acordos. Eu não os quis, porque me impediriam de fazer o governo que eu queria fazer. Não significa dizer que, se eu ganhasse as eleições, não traria pessoas de outros grupos para governar. Eu levaria em conta a experiência, a competência, a biografia, a história pessoal e o senso de responsabilidade. E isso a gente encontra em todos os partidos. Mas acho que não vale tudo para se ganhar uma eleição, eu não quis acordos. O governador que ganhou de mim teve que colocar ao lado dele pessoas que o atacaram, duramente. Isso é a velha política.
EXTRA — Na campanha, bateram muito também no seu primeiro suplente, Samuel Araújo. Isso lhe afetou muito também?
MARCOS ROGÉRIO — Atacaram a vida dele, a família dele. Mas, veja, eu estou afastado do Senado e ele está lá cumprindo o papel, e se eu fosse governador ele estaria alinhado conosco. Mas, eles o atacaram, foi injusto, mas é parte do jogo político.
EXTRA — Há o comentário de que a sua fase passou. Inclusive, dizem que o senhor teve que se afastar do Senado em nome de acordos com seu suplente, e que o mandato seria dele. Tá certo?
MARCOS ROGÉRIO — Olha, adversários procuram criar preocupações por conta do seu crescimento político. Ninguém que cresce na política fica imune a ataques. Isso já vem acontecendo comigo há tempos. Mas tenho a consciência tranquila. Eu me afastei em razão da doença da minha filha. Mas se você olhar para a história, verá que todos os ex-senadores se afastaram por um pedido para dar oportunidade ao suplente. Qual o problema disso? Nenhum. Não há nenhuma imoralidade ou ilegalidade nisso. Fiquei oito anos deputado, mais quatro senador. Trabalhei muito, e ninguém trabalhou mais do que eu no Senado. A conta vem, porque você começa a deixar de lado a saúde e até a família. Minha filha de 13 anos teve um problema de depressão aguda. Foi minha agenda em Brasília e aqui em Rondônia que causou um vácuo emocional em minha filha. A função pública não pode tirar sua obrigação de entregar o melhor que puder à sua família. É preciso equilibrar. Então, o meu afastamento foi para respirar. É a primeira vez que estou falando, aqui ao EXTRA, sobre isso, de maneira aberta. Foi preciso o afastamento para eu olhar para dentro de casa e, também, para a minha saúde. Voltarei revigorado.
EXTRA — O que realmente aconteceu para o senhor perder a presidência do PL de Rondônia?
MARCOS ROGÉRIO — Foi uma decisão interna do partido, nacionalmente, em diálogo com o novo senador, Jaime Baggatoli. Não participei dessa decisão. Mas ela aconteceu. Quando eu retomar o mandato, verei quais os caminhos que deverei seguir. Eu não briguei com o Jaime e nem ele comigo. A tarefa é grande. Agora ele vai ter que coordenar as nominatas de vereadores nos municípios todos de Rondônia. Além de lançar candidatos às prefeituras. A missão é dele. Eu já havia organizado o PL, elegemos deputados federais e estaduais, e o próprio senador Jaime foi eleito em um partido que eu organizei. A tarefa exige tempo e dedicação, então se eu tivesse conseguido antes alguém para presidir o partido, teria passado faz tempo a tarefa tão espinhosa. E tem mais: prestação de contas e burocracia o tempo todo.
EXTRA — A mídia nacional falou que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser candidato a senador por Rondônia. Procede?
MARCOS ROGÉRIO — Eu não ouvi ele falar isso. E acho improvável. O que interessa ao País e ao Estado é ter Bolsonaro outra vez presidente da República. Principalmente com o desgoverno que o PT está fazendo. O cenário que a gente tem é que o TSE ameaça o tempo todo impedir a candidatura de Bolsonaro. Não há outro nome para fazer frente ao Lula. Tem crescido o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas ele assumiu recentemente o governo; será que renunciaria? Não. Ainda não há um nome igual ao do Bolsonaro para tocar um projeto de direita.
EXTRA — O que a população pode esperar no seu retorno para o Senado? A questão da 364, por exemplo, representa um sofrimento.
MARCOS ROGÉRIO — É verdade. Em junho, retorno agradecendo o Dr. Samuel por contribuir e fazer parte da história política de Rondônia. A minha mensagem é de fé e de trabalho. Vou continuar com a minha linha propositiva e combativa. A população vai me ver nas comissões e na tribuna fazendo o enfrentamento ao desgoverno do PT, que está desmontando a economia e as relações diplomáticas. Lula está comprando guerras que nós não precisamos comprar. Vou atuar também de forma propositiva com encaminhamentos de recursos para obras e ações estruturantes para o estado de Rondônia. Vim de carro, ontem, de Brasília até Vilhena. Percebo que no Governo Bolsonaro, houve um cuidado com as rodovias. Agora, pela falta de manutenção, já há pontos críticos, inclusive aqui na divisa de Rondônia com o Mato Grosso. Furou o pneu do meu carro e, na mesma hora, o carro da frente estourou dois pneus, por pouco não aconteceu uma tragédia. Já entrei em contato com o DNIT pedindo providências urgentes. Se não têm um projeto de recomposição da malha, que pelo menos resolvam, pontualmente, com uma equipe da operação tapa-buracos. Vários trechos de Rondônia estão bem ruins.