Rondoniense fez parte da comitiva liderada pelo presidente Lula à China / Foto: Divulgação

O senador rondoniense Confúcio Moura (MDB), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, retornou ao Brasil após quatro dias de visita à China.

Para ele, o país asiático é “um exemplo para o mundo, de superação, da virada da pobreza e da fome para um país que cresce mais do que os outros, graças às estratégias elaboradas e perseguidas passo a passo”.

Em entrevista exclusiva ao Extra de Rondônia, Confúcio disse que o significado da visita foi especial e prevê bons resultados desenvolvimentistas ao País, inclusive ao Estado de Rondônia, nos campos agropecuário, de transportes e no desenvolvimento tecnológico.

EXTRA DE RONDÔNIA – O senhor visitou à China e agora retornou ao Congresso para continuar com suas atividades parlamentares. Foi uma rotina exaustiva, já descansou?

CONFÚCIO MOURA: Um pouco. Voltei e encontrei muito trabalho no Senado Federal. Temos que comemorar vitórias, como é o caso da ministra Luciana (Barbosa de Oliveira Santos) da Ciência e Tecnologia. Ela foi quem mais assinou protocolos para sua área. Já na Agricultura, o ministro Carlos Fávero também manteve excelentes contatos, facilitando a abertura de plantas frigoríficas credenciadas para exportações. Os chineses querem mais frangos, até os pés eles compram.

 

EXTRA – Especificamente, como se situa Rondônia na atual conjuntura governamental após essa visita à China?

CONFÚCIO – Olha, numa conversa bem informal com o governador Helder Barbalho (Pará) ouvi que eu devo assumir o protagonismo das grandes obras no estado, e as devo escolher para o impacto causado por meu apoio ao presidente Lula, e dessa forma me justifique ao eleitorado bolsonarista do estado. Todos, afinal, querem ver Rondônia crescer, e é nessa linha que eu trabalho. Conversarei com Renan Filho, Waldez Góis e Jader Filho para que as coisas aconteçam.

 

EXTRA – Sua viagem misturou cansaço e entusiasmo. Explique como isso aconteceu.

CONFÚCIO – Realmente, a viagem, mesmo sendo de avião, é longa e o corpo reage doído, a agenda foi longa e cansativa. Não dá para reclamar, muito pior quando a viagem era feita de navio, meses singrando mares. Hoje ainda, as mercadorias nossas fazem estes caminhos. Mas a presença do presidente Lula, de diplomatas, sindicalistas e parlamentares foi completa, com agenda cheia, corrida, cansativa, de grande repercussão na mídia local. Nos trajetos dos aeroportos de Xangai e Pequim havia bandeiras do Brasil e da China hasteadas lado a lado, como também nas cidades, numa deferência especial à presença do presidente Lula.

Confúcio disse que o significado da visita foi especial / Foto: Divulgação

EXTRA – A delegação se sentiu à vontade nas negociações?

CONFÚCIO – Muito mesmo. O mais importante foi que o próprio presidente chinês, Xi Jinping e o Congresso deram especial atenção à nossa delegação, oferecendo um jantar no cerimonial deles, para nossa delegação. Em cada mesa havia estrategicamente autoridades chinesas com membros da nossa delegação. Senti que as portas ficarão abertas para projetos de infraestrutura, entre elas, ferrovias, portos, tecnologias, pesquisa e inovação.

 

EXTRA – E o banco presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff?

CONFÚCIO – O nosso BNDES captará mais recurso desse banco. É o NDB que ela hoje preside e que conseguirá mais dinheiro a juro bem baixo, a fim de que possamos emprestar a juros maiores que os recebidos. Debateu-se uma moeda comum nas trocas entre os dois países, com moeda local nas celebrações e negócios.

 

EXTRA – No aspecto ambiental, o que decidiram?

CONFÚCIO – A política ambiental deve ser uma das prioridades que dará lastro a todos os nossos acordos, destacando-se produtos certificados de origem e mais ainda a política contra emissões de gases de efeito estufa. Haverá comercialização de carbono estocado e da biodiversidade amazônica.

 

EXTRA – Quais estados assinaram acordos?

CONFÚCIO – Os governadores compareceram às reuniões: Elmano de Freitas Costa (CE), Helder Barbalho (PA), Carlos Brandão (MA), Jerônimo Rodrigues Souza (BA), Fátima Bezerra (RN) saíram satisfeitos por assinarem acordos e protocolos de empreendimentos em seus estados. O Maranhão firmou convênio com a megaempresa Hauwei, para diagnóstico da internet com fibra ótica inteiro e depois o BNDES o financiará. O Ceará ganhou uma planta de hidrogênio verde, bases de energia solar e éolica. O Governo da Bahia construirá uma grande ponte com 15 quilômetros de extensão entre Salvador e a Ilha de Itaparica. Teremos apoio para ampliar a internet 5G no País, e essa a que eu reivindico para distritos de Rondônia.

 

EXTRA – Algo em relação a trens?

CONFÚCIO – Sim, trens de alta velocidade e ampliação da tecnologia agrícola estão previstos, em apoio ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O Pará ganha ferrovia de 500 km entre Carajás e Vila do Conde. Estão previstas linhas de transmissão para garantia da sustentabilidade de fornecimento de todas as formas de energia. A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosbam) abriu espaço pela primeira vez, depois de 19 anos, para criar uma subcomissão de meio ambiente clima bioeconomia rastreabilidade entre o Brasil e a China.

Rondoniense fez parte da comitiva liderada pelo presidente Lula à China / Foto: Divulgação

EXTRA – O Centro de Pesquisas da empresa Huawei proporcionaria ao projeto Cidades Inteligentes em Rondônia?

CONFÚCIO – A Huawei domina boa parte do mundo e tem duas bases no Brasil, uma delas em Manaus. Ela é fornecedora líder global de tecnologia de soluções de informação da indústria e das comunicações. No seu portfólio estão as Cidades Inteligentes desintegradas, em projetos grandes, completos, e grande parte é executada por parceiros dela. Eles vendem todos os equipamentos, do software à antena. Dentro do projeto de Ariquemes, eu tenho certeza de que portas

muitos componentes dessa empresa serão adquiridos pelos licitantes do projeto, e com certeza teremos tudo de primeira qualidade que eles oferecem para a China e para o mundo.

 

EXTRA – A ciência brasileira também ganhou. O que o senhor notou nesse aspecto?

CONFÚCIO – O presidente da Fiocruz, doutor Mário Moreira, celebrou alguns acordos de cooperação que vinham desde antes da pandemia. Os insumos básicos para a produção de vacinas no Instituto Butantan vieram da China e da Índia. São países que já têm o domínio tecnológico e de pesquisa muito avançado. A Fiocruz, ligada ao Ministério da Saúde formalizou outras parcerias. O governo brasileiro fará muito uso dessa cooperação.

 

EXTRA – Em que consistem os próximos passos dessa reaproximação?

CONFÚCIO – Os próximos passos serão colocar em movimento e na prática os acordos específicos, a busca de recursos de nossos parceiros da iniciativa privada chinesa para os investimentos necessários a todos os acordos assinados pelos dois governos. Isso tudo depende agora da velocidade dos técnicos ministeriais e de entidades privadas brasileiras. É o esperamos acontecer. O ato do presidente Lula com embaixadores e ministros chineses foi de boa vontade e aproximação, de dizer sim à China e que precisamos estabelecer acordos e negócios. Na prática, as vendas já ocorrem:  carne bovina, soja, ferro, milho. O aumento do consumo proporcionará o aumento das exportações brasileiras, incluindo as de Rondônia.

 

EXTRA – Charles Andrew Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China), membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e introdutor do leasing no Brasil disse um dia no Palácio Rio Madeira, em Porto Velho: “A China não é ameaça, ela é parceira”. Como o senhor vê isso?

CONFÚCIO – A China é realmente uma parceira do mundo. Querendo ou não querendo ela entra em todas as partes do mundo, até nos Estados Unidos. Primeiramente, ela enviou milhares de filhos para todos os países do mundo, alguns para estudar e dominar o idioma, assimilar culturas, e eles todos já retornaram ajudando a elaborar planos e fazer prospectos da economia e do desenvolvimento em projetos equilibrados com governos parceiros.

Eu creio que a frase de Charles Tang está certa, porque a China realmente não é uma ameaça, porém, parceira, e fez por onde merecer, mantendo um regime político central duro com economia aberta e liberalizante.

 

 

 

 

sicoob

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