Em pronunciamento nesta segunda-feira (18) no Plenário da Câmara Alta, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) lamentou as dificuldades que o País enfrenta para garantir os objetivos de prosperidade, desenvolvimento e distribuição de renda mais igualitária para a população brasileira ao longo dos anos.
O parlamentar disse haver uma série de questões que impedem o crescimento do país. Segundo ele, na época da Proclamação da República a renda média do brasileiro era de US$1.000 por ano e hoje é de US$15 mil. “Houve um avanço em 134 anos. Hoje chega a U$ 37 mil per capita. No entanto, tanto a americana quanto da Coreia, Japão, Portugal, Canadá, como tantos outros países, a renda média dessas populações é três vezes maior do que a renda média do brasileiro. Esta diferença é fruto dos processos de reformas profundas nesses países”, disse.
Confúcio Moura lamentou que o Brasil convive com uma dualidade perversa, ou seja, de um lado, uma minoria concentra grande parte da riqueza, e do outro lado, a enorme massa de brasileiros pobres. “Não precisa nem ver notícia, basta pegar o carro e dar uma volta. Aqui em Brasília, nas ruas, aqui perto da Universidade de Brasília para ver uma quantidade de pobres jogados, com casas de papelão, outros no meio do lixo, outro coletando material reciclável, criancinhas de colo na mão da mãe, assentadas ao relento”, descreveu.
O senador disse que em qualquer canto deste país encontra-se uma brutal desigualdade. “A capital de São Paulo, por exemplo, tem um orçamento maior que a maioria dos estados brasileiros, só a capital. Mas vai lá verificar se eles conseguiram acabar com a cracolândia. Por que tantos prefeitos, tantos governadores de São Paulo não conseguem controlar e segurar a cracolândia, que é uma verdadeira comunidade a céu aberto de desvalidos, de dependentes químicos?”, questionou.
De acordo com o senador, não há uma solução viável na construção do pensamento das pessoas, dos executores de políticas públicas, que não encontraram saída para o morador de rua. “Por que nós não conseguimos romper essa situação de pobreza, de dificuldades, de desigualdades, todos esses fatores negativos? Por quê será? Eu respondo: porque o Brasil tem um enorme medo de fazer reformas”, disse.
Confúcio Moura lembrou que, enfim, o Congresso Nacional está discutindo a reforma tributária e isso tem sido objeto das mais ferrenhas adversidades. Os lobistas das grandes corporações atuam noite e dia na defesa dos seus interesses particulares, na busca de manter suas posições confortáveis. “Isso é fato! Não adianta querer negar a realidade. São pessoas muito bem vestidas, muito preparadas, tecnicamente preparadas, que têm argumentos fortíssimos para nos convencer a não votar na reforma tributária, porque a reforma tributária vai atrapalhar o negócio dele, só o dele! A reforma é boa, mas para os outros, para ele, não! Não mexa comigo! Mexa com os outros! É esse o negócio do lobby!”, afirmou.
Para o senador é preciso ter força para se fazer esse enfrentamento, pela justiça e pelo crescimento do Brasil. “A gente fala assim: por que é que Singapura e a Coreia do Sul cresceram? Por que é que outros países cresceram? Porque, além das reformas econômicas estruturais, eles fizeram também a reforma da educação. Eles investiram na educação de qualidade. Colocaram, realmente, as crianças para aprender! Vai para escola é para aprender a ler, escrever e contar! Essa é a realidade”, enfatizou.
Confúcio Moura reafirmou a importância de se fazer um investimento na educação. “A gente tem que fazer o que deve ser feito, o arroz com feijão, bem-feito, e a gente trabalhar com consciência, com firmeza, e acreditando que os discursos de Ruy Barbosa, de José do Patrocínio, de Pedro Simon, de Mário Covas, de Darcy Ribeiro, de João Calmon, que os discursos de todos esses ilustres Senadores e Deputados que passaram por aqui ao longo da história do Brasil não serão em vão, que seus discursos não morram dentro desse ambiente fechado, sem eco”, disse.
Ao finalizar, senador rondoniense enfatizou que o discurso em prol da educação deve se irradiar de norte a sul do país e que ele incendeie os corações e que mobilize a juventude para o novo momento da história. “Não devemos crer que a tecnologia resolverá tudo. A tecnologia é ferramenta, não sujeito para a mudança. Ou preparamos nossos jovens para conduzir a mudança, ou ficaremos na periferia para sempre. Um país que ocupa a posição econômica e política que ocupamos, tem condições de ousar, de buscar ser grande e, sobretudo, justo para com a sua gente”, concluiu Confúcio Moura.