O presidente da Câmara de Vilhena, Samir Ali (Podemos), visitou a redação do Extra de Rondônia na tarde desta quarta-feira, 14, momento em que fez um balanço do seu primeira no de mandato na presidência do Poder Legislativo de Vilhena.
No segundo mandato de vereador, Samir comenta os resultados positivos alcançados pelo parlamento, citando o “Selo Outro” concedido pelo Tribunal de Contas do Estado. Ele também analisa o relacionamento entre os parlamentares, admitindo que há um “racha” na Câmara.
Samir também rebateu as declarações do prefeito de Vilhena, Flori Cordeiro, que, em entrevista exclusiva ao site, chamou um grupo de vereadores de populistas (leia mais AQUI). “O prefeito só está pensando, unicamente, no mandato dele. Ele não busca o diálogo e não quer conversa com quem não o apoia. Penso que, quando o prefeito ataca os vereadores desse jeito, ele distorce a realidade”, desabafou.
Finalmente, o parlamentar se apresentou como pré-candidato a reeleição e sinalizou que deve deixar o Podemos, seu atual partido político, e se filiar ao MDB.
>>> LEIA, ABAIXO, A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
EXTRA DE RONDÔNIA: Presidente, faça um balanço do seu primeiro ano à frente do Poder Legislativo de Vilhena.
SAMIR ALI: Apesar de todos os problemas que vivemos nesse período, acredito que o resultado foi positivo. Podemos citar a questão da Transparência dos atos do Legislativo. Pedimos uma avaliação por parte do Tribunal de Contas e a Câmara de Vilhena se tornou “Selo Ouro”, ou que significa uma transparência de até 94%. Assim, ficamos contentes sabendo que podemos melhorar ainda mais e esse é o nosso objetivo, que é levar transparência das ações do Legislativo à sociedade. Também melhoramos a questão da Ouvidoria da Câmara com mais canais e possibilidades de levar denúncias até os vereadores para providências. Investimentos no funcionamento da questão administrativa para que cada um possa executar seus serviços. Então, temos feito que a Câmara seja mais efetiva e cumpra sua missão.
EXTRA: Como está o relacionamento entre os 13 parlamentares? Existe divisão no Legislativo?
SAMIR: Com relação a relacionamento, o momento é delicado, com tudo isso que aconteceu. Porém, temos tentado, com sabedoria e inteligência, que nenhuma briga ou desentendimento pare com as atividades do parlamento. E nós temos conseguido isto, dando seguimento aos projetos de leis, com análise e votações em sessões extras (que não são remuneradas) quando necessário, para que o Município dê sequência aos benefícios à população. Penso que, apesar das diferenças ideológicas, cada parlamentar tem que fazer com que a Câmara funcione, na votação de projetos importantes para os vilhenenses.
EXTRA: Em entrevista ao EXTRA DE RONDÔNIA nesta quarta-feira, o prefeito Flori Cordeiro chamou cinco vereadores de populistas por serem contrários à Reforma da Previdência na Câmara de Vilhena. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
SAMIR: Penso que, quando o prefeito ataca os vereadores desse jeito, ele distorce a realidade. Importante ressaltar à população que Samir não é contra a Reforma da Previdência. A gente queria rever alguns pontos que a consideramos cruéis para os próximos servidores. Um deles, por exemplo, é que se mantenha a paridade dos servidores que entraram na prefeitura até 2003. Ou seja, esses servidores estão há 20 anos no Município. Desses quase 400 servidores, 200 deles têm a função de serviços gerais, ganhando pouco mais de 1 salário mínimo. Então, entendemos que isso não é justo com um servidor que já está quase no momento de se aposentar, que já cumpriu sua missão e contribuiu com o Município. Outra questão importante para ressaltar é que essa Reforma -ao contrário do que o prefeito tem dito -não está pensando no futuro do Município de Vilhena e sim, apenas, pensando unicamente no mandato do prefeito Flori. Ele fala que não sabe se vai querer a reeleição, mas tem se comportado de forma assustadora para que possa ganhar o próximo pleito eleitoral. Ele (o prefeito) tem tentado excluir aqueles que não o apoiam. Na verdade, não busca o diálogo e não quer conversa com quem não o apoia. Penso que isso é um erro tremendo, já que o diálogo é saudável, indiferente de qualquer coisa. Ter oposição também é saudável e tem que saber conviver com isso de forma democrática. É isso que a população espera de um prefeito. Na verdade, ele fica bravo e é contra daqueles que não apoiam sua reeleição. Muitas vezes a gente opta por não apoiar quando não se compactua com as mesmas ideias. Mas, que fique claro, isso não atrapalha nossa missão, nosso mandato, já que tem coisas no mandato do prefeito como daqueles outros que passaram pelo Executivo. Assim, tudo aquilo que foi positivo para o Município, estaremos apoiando com certeza, diferente de opção política.
Sou a favor e é um desejo meu aprovar a Reforma da Previdência, mas, desde que, a gente consiga negociar alguns pontos já citados. É simples e fácil de resolver e compreender a necessidade de mudança. Em conjunto com os demais vereadores, estamos propondo que as sobras da Câmara fossem devolvidas ao IPMV como forma de minimizar essa dívida. Foram R$ 2 milhões o ano retrasado e R$ 2,1 milhões no ano passado. Essas sobras, como acontece na Assembleia Legislativa, são repassadas ao IPERON. Assim, se ficar a Reforma da Previdência do jeito que está, ele está pensando no mandato dele. Vai economizar e fazer investimentos nesse período, e, quando entrar o próximo prefeito, o problema da Previdência vai continuar. E aí o rombo será ainda maior. Eu não estou pensando em terminar meu mandato a ir embora para São Paulo. Eu sou nascido aqui em Vilhena, meu filho nasceu aqui e vou continuar morando em Vilhena. Então, não posso ter responsabilidade apenas nos meus quatro anos de mandato (e só resta um ano) e sim como um todo, a longo prazo. Isso é, de fato, pensar e querer o Município. Jogar a falta de investimentos no Município encima do servidor é uma falta de coerência gigantesca. Os investimentos têm que vir de Porto Velho (RO), Brasília (DF), através de projetos, para conseguir captar os esses investimentos necessários.
EXTRA: O prefeito chamou a Previdência de “banquinho”. Isso procede?
SAMIR: O prefeito só está pensando em campanha política. Só que o apoia serve pra ele. Eu não estou pensando em votos, tenho responsabilidade com os servidores. A Reforma da Previdência tem efeito em todos os servidores do Município. Falta compreensão e entendimento. IPMV não é um banco, é um Instituto da Previdência dos servidores municipais, que contribuem para ter direitos a aposentadoria no futuro. E quero deixar claro também que os servidores municipais não são contra a Reforma da Previdência. Eles entendem a dificuldades, mas, o que não querem, é que toda essa carga de muitos anos de falta de preocupação com o instituto, sejam colocados nos ombros deles, já que contribuem há muitos anos.
EXTRA: Já houve alguma reunião e possibilidade de diálogo com o prefeito?
SAMIR: No dia da análise do projeto, nós solicitamos uma reunião com o prefeito. Estamos dispostos a conversar e dialogar. Mas, como disse acima: o prefeito considera inimigo a quem ousa questioná-lo. Ele fica com essa narrativa cansativa de colocar os vereadores contra a população. Da minha parte, não vai colar, até porque tenho convicção absoluta do que é o correto. A campanha política fica para agosto.
EXTRA: O prefeito garante que a Saúde pública melhorou em Vilhena. O senhor concorda com essa afirmação?
SAMIR: Sim. A Saúde melhorou. Mas não teria como melhorar. Se você comparar, os gastos na Saúde aumentaram em R$ 50 milhões em 2023. E, quando uma gestão aumenta o gasto em R$ 50 milhões, a gente espera que seja relativamente boa. Então, teríamos que fazer um levantamento para ver se, de fato, esse aumento dos gatos, refletiu em qualidade dos serviços. Então, melhorou sim. A gente espera isso, não importando quanto se gaste. Há um limite para investimentos. Mas é importante que esse gasto seja compatível com a melhoria no serviço público e que a população possa ter mais dignidade quando procura atendimento Unidade Básica de Saúde ou no Hospital Regional.
EXTRA: O senhor vai tentar a reeleição?
SAMIR: Sou pré-candidato a reeleição ao Legislativo. Mas, isso é a população quem decide. Se for da vontade da população, que eu continue na Câmara, estaremos colocando nosso nome à apreciação.
EXTRA: Informações extraoficiais garantem que o senhor estaria saindo do Podemos e indo para o MDB. Isso procede?
SAMIR: Participei de recente reunião do MDB no Município, mas ainda não analisamos essa situação. Vamos aguardar a janela partidária, que deve ocorrer em março para decidir. O certo é que tenho uma boa aproximação e estamos alinhados com os dirigentes estaduais do MDB. O presidente estadual do MDB, Lúcio Mosquini, que é deputado federal, já disponibilizou vários benefícios para Vilhena e há outros investimentos para o Município. Possivelmente, a caminhada seja conjunta.