Ryanair pode enfrentar queda de lucro em 2024, após disputa com plataformas online

 

[Foto de Antek em unsplash.com]

 O ano de 2024 pode revelar-se um ano difícil para a Ryanair (aérea de baixo custo da Irlanda) depois de a companhia aérea ter desencadeado uma dispendiosa disputa com as plataformas online.

No meio de um conflito turbulento com agentes de viagens online que levou a sua administração a rotulá-los de “piratas”, a Ryanair enfrenta uma redução na previsão de lucros à medida que a Last Minute e a Opodo, entre outras, removem abruptamente os voos da companhia aérea das suas plataformas. Notícias recentes revelam que a Ryanair já chegou a novo acordo com a Kiwi e a loveholidays.

Esta mudança, desencadeada por alegadas discrepâncias nas taxas dos clientes, apanhou a Ryanair desprevenida, levando a uma queda na taxa de ocupação e subsequentes reduções de preços para preencher lugares.

A companhia aérea irlandesa ajusta agora as suas expectativas de lucro para o ano entre 1,85 mil milhões de euros e 1,95 mil milhões de euros – o que corresponde a um valor entre 9.93 bilhões de reais e 10.47 bilhões de reais. No entanto, apesar deste revés, a Ryanair ainda registou um aumento de 9% no número de passageiros no final do ano passado.

À medida que a disputa avança, o que está exatamente em causa?

Como funcionam as plataformas de voos online?

Plataformas de voos online como Last Minute e Opodo atuam como intermediárias entre as companhias aéreas e os passageiros. Uma de suas funções é vasculhar a web em busca de ofertas de voos e colocá-las em um só lugar para as pessoas navegarem, economizando tempo e esforço. Este tipo de agregadores é cada vez mais popular entre a “indústria assente no online“ na qual você pode pesquisar qualquer coisa, desde aluguel de carros até cassinos online, usando sistemas de filtros semelhantes.

No entanto, embora algumas destas plataformas sejam estritamente neutras, algumas delas têm uma palavra a dizer sobre os produtos que são oferecidos aos seus visitantes. É o caso das plataformas que afastaram a Ryanair.

Por que eles removeram a Ryanair?

A decisão de retirar os voos da Ryanair de várias plataformas importantes no início de dezembro pegou de surpresa a maior companhia aérea da Europa, que conta com mais de 300 aeronaves na sua frota.

A empresa esteve envolvida numa discussão pública com vários grandes sites de agências de viagens, incluindo Booking.com e Kayak, sobre taxas adicionais que estes últimos acrescentaram aos custos de voo. Isso até levou um representante da Ryanair a rotulá- los de “piratas” à medida que a raiva aumentava.

A última ação parece ser uma retaliação a acontecimentos como este e é vista como uma forma destes sites tentarem mostrar à Ryanair que precisam deles para manter os lucros elevados.

Este parece ser o caso, já que imediatamente após a remoção das plataformas, as previsões de lucro da Ryanair foram afetadas, tendo até a própria companhia aérea afirmado que iria “suavizar os rendimentos de curto prazo”.

A companhia aérea disse que embora estes sites de viagens representassem apenas uma “pequena fração” das reservas da Ryanair, a remoção repentina afetou a sua taxa de ocupação em “1% a 2%” em dezembro e janeiro e “suavizaria os rendimentos de curto prazo”.

A opiniões sobre a companhia são tendencialmente unânimes: preços baixos, serviço resume-se ao essencial. Confira a review abaixo:

INSERIR VÍDEO:

A reação da Ryanair

Apesar da previsão sombria, a Ryanair mostrou-se otimista na sua resposta à ação decisiva das plataformas. Um porta-voz disse que as reservas em sites de viagens representam apenas uma “pequena fração” de suas reservas, com a maioria delas vindo diretamente de seu site.

Embora a empresa tenha reconhecido que as suas receitas de bilhetes seriam afectadas, disse que era pouco provável que isso conduzisse a uma queda sustentada no número de passageiros ou nas expectativas de lucro a longo prazo. Chegou ao ponto de dizer que reduziria os preços das reservas em sites.

No entanto, o evento parece ter atenuado as previsões de lucro a curto prazo, com o estreitamento da sua orientação de lucro após impostos para entre 1,85 mil milhões de euros e 1,95 mil milhões de euros, face a um máximo anterior de 2,05 mil milhões de euros (cerca de 11 bilhões de reais).

No entanto, mesmo isto depende de acontecimentos geopolíticos externos, como a invasão russa da Ucrânia e o conflito Israel-Hamas.

Houve ainda um aumento de 35% na conta de combustível da companhia aérea, o que não ajudará em nada.

Ryanair continua otimista para o futuro

Apesar do impacto de curto prazo no saldo bancário da Ryanair, as suas perspectivas a longo prazo ainda parecem animadoras.

O total de passageiros aumentou 7% no último trimestre de 2023, o que significa que transportaram bem mais de 40 milhões de passageiros no total. Isto segue-se a um período de crescimento sustentado que a tornou numa das companhias aéreas mais bem-sucedidas do mundo. O ano de 2023 foi particularmente bem-sucedido, tendo transportado 18 milhões de passageiros no mês de julho, um marco histórico da empresa.

Ser removido das principais plataformas de reservas não é ideal para a empresa irlandesa, mas tem mostrado consistentemente que tem força para se recuperar dos contratempos do passado. Neste caso, pode significar apenas que encontra outras plataformas, caso o caso não seja resolvido, ou que promovam as suas reservas no local, algo que já começaram a fazer.

De qualquer forma, parece que será necessário muito mais para derrubar a gigante das companhias aéreas do que apenas algumas saídas prematuras de capital.

sicoob

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