Em contato com a redação do Extra de Rondônia, Angélica Costa de Paula, esposa de um dos suspeitos presos na operação “Thanatus” da Polícia Civil, em conjunto com a Polícia Militar, em Vilhena, enviou uma nota ao site explicando que seu esposo Cristiano de Paula Campos não tinha envolvimento com quaisquer facções e muito menos negociava armas com criminosos.
>>>Leia a nota de esclarecimento na íntegra:
Na última terça-feira, 28 de maio, foi deflagrada a segunda fase da operação “Thanatus”, por meio da qual foram presos dois fabricantes de armas artesanais, apreendidas 12 espingardas cano longo, além de insumos utilizados na fabricação das armas. A referida operação foi amplamente divulgada pelos principais veículos de comunicação da região, inclusive por este site.
Pois bem, enquanto esposa de um dos acusados, com o qual foram apreendidas três espingardas, além de parte dos insumos, esclareço que meu esposo nunca teve ligação com facções criminosas, tampouco comercializa armas com esses grupos, conforme hipótese levantada pelas autoridades, inclusive sendo esse um dos argumentos utilizados pelo Poder Judiciário para a manutenção da prisão preventiva dos indiciados. Meu companheiro é muito conhecido na região, é produtor rural, possuímos uma chácara onde criamos porcos, galinhas, peixes, além de pequenas plantações de frutas e verduras.
Além disso, possuímos um pequeno comércio – no endereço citado na operação, em sociedade com o meu cunhado, atividades essas incompatíveis com alguém que sobrevive do submundo do crime. Meu marido, assim como a maioria daqueles que cresceram no campo, teve acesso às armas de fogo usadas para caça desde muito cedo e assim passou a fabricar suas próprias armas, com o passar do tempo começou a receber encomendas de outros caçadores para a fabricação desse armamento, mesmo tendo ciência de se tratar de uma atividade ilícita.
Meu questionamento não diz respeito à operação em si ou às prisões, as quais foram muito bem conduzidas pelas autoridades envolvidas – aliás, vale destacar que não houve nenhum tipo de truculência policial durante as abordagens. A minha preocupação, bem como de toda a família, é simplesmente pelo ato de tentar associar, de forma precipitada e sem provas, o fato narrado às facções criminosas e, consequentemente, ao número elevado de homicídios ocorridos na cidade. Preciso ressaltar que, com a prisão do meu marido, fiquei sozinha com dois filhos menores, meus sogros são idosos que também moram sozinhos, com essa tentativa de tentar relacionar essas prisões com os homicídios ocorridos nos últimos meses, toda nossa família corre riscos de represálias por parte de grupos rivais ou familiares das pessoas assassinadas. Como se extrai do Boletim de Ocorrência, as investigações tiveram início a partir da apreensão de uma espingarda realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma rodovia, embora não haja maiores informações sobre a referida prisão, nota-se que a arma não estava em poder de nenhuma facção criminosa.
Ademais, os homicídios recentes praticados na cidade, apesar de os BOs não trazerem detalhamento sobre o tipo de armas usadas, sabe-se que o modus operandi é sempre o mesmo, qual seja, motociclistas que surgem com arma em punho, efetuando diversos disparos. Esse tipo de ação é totalmente incompatível com as armas de cano longo apreendidas (espingardas), aliás, é bem óbvio que grupos especializados em assassinatos cometem crimes com armas de cano curto (revólver, pistola). Assim, é nítido que as armas fabricadas pelos indiciados eram comercializadas com sitiantes, caçadores e não com o crime organizado. Também é preciso mencionar que os aparelhos celulares dos envolvidos não foram apreendidos para perícia, o que evidenciaria que não há qualquer contato com os referidos grupos.
Em um dos trechos da decisão judicial, destaca-se o clamor popular por uma resposta das autoridades envolvidas com a segurança pública em relação ao crescente número de homicídios que vem assombrando a população local, tal preocupação é plenamente compreensível, tanto por parte da população que clama por justiça, bem como pelas autoridades que se veem no dever de oferecer uma resposta à sociedade, todavia, é preciso agir com cautela, já que alegações que não se fundamentam em provas concretas podem resultar em consequências injustas, seja aos indiciados ou familiares.
Por fim, reitero que não estou questionando as prisões, respeito e confio na justiça, acredito que no final das investigações ficará evidente que não há qualquer tipo de envolvimento dos indiciados com grupos criminosos. Sabemos que o Inquérito Policial ainda está em curso, até o momento não foram apreciadas provas, a decisão que manteve as prisões foi baseada no inquérito ainda não concluído, bem como no BO que resultou nas prisões. O que esperamos é que os indiciados tenham uma pena justa, baseada no Estatuto do Desarmamento.