Terezinha de Jesus Mendes, uma servidora federal aposentada pelo Ministério da Saúde, faleceu no dia 13 de maio após sofrer dois AVCs, que a deixaram internada por 32 dias no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.
Ela havia recebido os primeiros socorros no Hospital Regional de Vilhena antes de ser transferida intubada em uma UTI aérea até a capital mato-grossense.
Conhecida como Dona Terezinha, ela enfrentava graves problemas de saúde, incluindo uma doença rara chamada Takayasu, uma inflamação que compromete o sistema venoso e afeta uma pessoa em um milhão. Além disso, devido a décadas de tabagismo, ela desenvolveu enfisema pulmonar, o que resultou em problemas cardíacos.
Aos 79 anos, em 2019, a vilhenense de coração, natural de Rio Negro, Paraná, sofreu um problema na válvula mitral do coração. Devido às suas comorbidades, os médicos do hospital Amecor não aprovaram uma cirurgia de peito aberto. Então, considerou-se um procedimento inédito na região Centro-Oeste e Norte do Brasil: o MitraClip, realizado em apenas 500 pessoas no país naquele ano.
Após avaliarem a anatomia da válvula mitral de Dona Terezinha, os médicos concluíram que ela poderia passar pelo procedimento MitraClip – um pequeno clipe que junta as duas abas da válvula e evita que o sangue passe para os pulmões, evitando um edema agudo que poderia rapidamente ser fatal.
Tudo foi estudado pela equipe médica e, 42 dias depois de internada na UTI, um especialista do Rio de Janeiro veio a Cuiabá para realizar a cirurgia, acompanhado por uma dezena de profissionais do Amecor. A cirurgia foi um sucesso, e Dona Terezinha voltou para casa dias depois. Durante quase cinco anos, o MitraClip não apresentou problemas. Em dezembro de 2023, ela teve uma arritmia cardíaca e voltou a Cuiabá, onde ficou internada por 23 dias para controlar o ritmo do coração.
Desta vez, os médicos encontraram um trombo no coração de Dona Terezinha. Ela recebeu todo o tratamento possível, mas no dia 13 de maio sofreu um AVC que a levou novamente à UTI em Cuiabá. Após 32 dias, um segundo AVC, desta vez fatal, tirou sua vida.
O MitraClip é um tratamento menos invasivo do que as cirurgias tradicionais de troca de válvula mitral. Um projeto para disponibilizar esse tratamento pelo SUS está tramitando no Congresso Nacional, devido ao seu alto custo, atualmente em torno de 350 mil reais. Ainda não existem campanhas para tornar o procedimento conhecido, mas casos como o de Dona Terezinha Mendes, mãe do jornalista Paulo Mendes, destacam a importância desse tratamento para milhares de pessoas que necessitam dele.
O jornalista Paulo Mendes, que acompanhou a mãe em todas as batalhas pela saúde, acredita que muitas pessoas com problemas de válvula mitral desconhecem que esse tratamento poderá ser disponibilizado pelo SUS. Mesmo em meio à dor da perda da mãe, ele decidiu tornar o assunto público para dar esperança a quem precisa de cirurgia de válvula mitral.