Na manhã desta sexta-feira, 16, o Diretor-Geral da Santa Casa de Misericórdia Chavantes, Ivan Barbieri, responsável pela gestão do Hospital Regional (HR), UPA e Instituto do Rim em Vilhena, visitou a redação do Extra de Rondônia, momento em que fez um detalhado balanço dos últimos 18 meses de sua administração.
Durante a conversa, o diretor destacou os avanços obtidos na saúde municipal, com melhorias significativas nos serviços oferecidos à população, resultado de pactuações feitas com os governos estadual e federal.
Segundo o diretor, ao assumir a gestão, a Santa Casa encontrou um sistema de saúde “não-operacional”, que oferecia poucas resoluções dentro das unidades de saúde do município. Pacientes com demandas cirúrgicas, por exemplo, frequentemente enfrentavam longos períodos de espera para conseguir transferências para outros hospitais, o que impactava negativamente a qualidade do atendimento. Além disso, havia um subdimensionamento de funcionários e uma manutenção precária das estruturas hospitalares, problemas que a nova gestão tratou como prioritários.
Uma das primeiras medidas adotadas pela Santa Casa foi realizar estudos e adequações no quadro de funcionários. O diretor revelou que foram cortadas horas extras, e os recursos economizados com essa medida permitiram a contratação de cerca de 400 novos funcionários. Com o aumento da equipe, foi possível iniciar reformas e realizar manutenções prediais nas unidades de saúde. Além disso, o início de cirurgias no Hospital Regional permitiu que pacientes da ortopedia, por exemplo, deixassem de ser transferidos para outros hospitais, reduzindo significativamente o tempo de espera e melhorando a qualidade do atendimento.
AUMENTO DE CIRURGIAS NO HR
Outro ponto de destaque na entrevista foi o aumento do número de cirurgias realizadas no Hospital Regional de Vilhena. O diretor afirmou que o bloco cirúrgico do hospital bate recordes em âmbito estadual, e que a produção deve continuar crescendo nos próximos meses. Atualmente, o hospital conta com seis salas cirúrgicas, sendo duas dedicadas à obstetrícia e quatro para cirurgias gerais, urologia e vascular.
Nos últimos quatro meses, o hospital realizou cerca de 90 cirurgias de quadril, todas bem-sucedidas e sem complicações, além de mais de 200 cirurgias de joelho e reconstituição ligamentar em apenas cinco meses. A perspectiva é de que, no próximo mês, o hospital atinja a marca de 700 cirurgias mensais, e, nos meses seguintes, chegue a 900 procedimentos por mês.
A Santa Casa também ampliou o rol de serviços oferecidos no município. Recentemente, foram iniciadas cirurgias de varizes, tanto no método tradicional quanto com laser ou espuma, realizadas por dois especialistas vasculares. Além disso, a área de oftalmologia passou a oferecer atendimento contínuo para cirurgias de catarata e pterígio a laser, com um ambulatório dedicado a reduzir a fila de espera, que atualmente conta com seis mil pacientes.
Outro avanço significativo foi o credenciamento para cirurgias neurológicas e ginecológicas, como histerectomias, laqueaduras e procedimentos relacionados a problemas de colapso uterino e incontinência urinária. Graças a uma emenda, a secretaria de saúde investiu um milhão de reais em equipamentos para a área urológica, o que permitirá que o hospital realize procedimentos como litotripsia, a quebra de pedras nos rins, além de cirurgias de próstata.
MELHORIAS NA ESTRUTURA FÍSICA
O Hospital Regional de Vilhena também passou por melhorias em sua infraestrutura. O diretor destacou que o hospital possui hoje 218 leitos operantes, com previsão de entrega de novas reformas nos próximos meses. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também foi ampliada, passando de 10 para 17 leitos, com credenciamento via Estado. A expectativa é que até o fim do ano, a enfermaria ortopédica e a UTI passem por reformas adicionais, aumentando ainda mais a capacidade de atendimento do hospital.
Sobre a continuidade da gestão da Santa Casa à frente das unidades de saúde de Vilhena, o diretor explicou que o contrato atual é renovável por até cinco anos, com renovação possível ao final desse período. Ele enfatizou que o foco da gestão é mostrar resultados e manter a qualidade dos serviços prestados à população. “Nosso objetivo é continuar oferecendo um serviço de qualidade, independentemente de mudanças futuras na administração municipal”, afirmou.
O diretor também ressaltou que a população de Vilhena aprendeu a exigir serviços de qualidade e que regredir não é mais uma opção. “Hoje, os cidadãos cobram até por serviços de internet quando algo não funciona, e essa exigência por qualidade reflete na saúde. É um sinal de que estamos no caminho certo”, destacou.
Durante a entrevista, o diretor também falou sobre as pactuações realizadas com o governo estadual e federal, que aliviaram significativamente os custos para o município de Vilhena. Ele explicou que, desde a chegada da Santa Casa, foi possível obter credenciamentos que antes não existiam, caso da UPA e o repasse estadual para o serviço de Neonatal, que agora gera um alívio financeiro para a prefeitura.
INSTITUTO DO RIM
Além disso, o Instituto do Rim passou a receber verbas tanto do Estado quanto da União, o que também diminuiu a dependência de recursos municipais. Os leitos de UTI foram repactuados, aumentando o valor do repasse, e a sala vermelha foi classificada como MOTI (Monitorização e Terapia Intensiva), recebendo verba específica para esse serviço.
Questionado sobre a histórica questão de Vilhena realizar atendimento regional com recursos municipais, o diretor explicou que, desde que assumiu a gestão, a Santa Casa vem buscando soluções para aliviar essa carga financeira para o município. Ele destacou que a pactuação com o Estado para cirurgias de alta complexidade permitiu que o governo estadual assumisse parte dos custos, o que aliviou as finanças da prefeitura.
Além disso, a parceria com o Estado possibilitou que o Hospital Regional de Vilhena recebesse pacientes de outras regiões, como de João Paulo, em Porto Velho, aliviando a sobrecarga de outros hospitais do Estado e garantindo que Vilhena pudesse atender à demanda local sem comprometer a qualidade do serviço.
Por fim, o diretor ressaltou a boa relação da Santa Casa com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). Ele explicou que a atenção primária, oferecida pelas unidades básicas de saúde, está diretamente ligada ao trabalho da Santa Casa. Quando a atenção básica não funciona de forma adequada, isso impacta no aumento de pacientes na UPA e no Hospital Regional.
Apesar dos avanços nos últimos 18 meses, o diretor reconheceu que ainda há muito a ser feito. “A saúde é um setor em constante evolução. Nunca podemos dizer que está tudo bem. Sempre há espaço para melhorias, inovações e expansão de serviços”, concluiu.