MP reagiu ao clamor da sociedade e instaurou inquérito para investigar a omissão dos gestores municipais com o setor
MP reagiu ao clamor da sociedade e instaurou inquérito para investigar a omissão dos gestores municipais com o setor

“É preciso reconhecer a falta de investimentos e a gestão incompetente desse sistema na rede pública”. A afirmação conjunta da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina revela o estado vergonhoso e preocupante em que se encontra a saúde pública no Brasil.

Os cidadãos correm às unidades de saúde, mas, como não são atendidos por falta de materiais e medicamentos, e até de médicos, recorrem à Justiça e, por muitas das vezes, o caso vai parar na polícia.

Essa realidade não é diferente do município de Vilhena, que vive um momento delicado em função da falta de remédios e até de agulha no Hospital Regional, unidade que atende (ou atendia, já que há duas semanas o prefeito ‘fechou’ as portas para os demais municípios”) a região do Cone Sul e parte do norte do Mato Grosso.

Na última sexta-feira, 9, no auditório do Poder Legislativo, a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) reuniu servidores municipais para audiência pública do quadrimestre de 2015. O grupo mostrou as ações da pasta, assim como revelou valores gastos no setor. Bem intencionado, o secretário municipal de saúde, Adilson Bernardinho, participou do ato e respondeu a questionamentos dos presentes. Recém-nomeado na titularidade SEMUS, Bernardinho, conhecido por sua sinceridade, não titubeou ao falar da real atual situação da Saúde em Vilhena.

Questionado pelo auxiliar de enfermagem Leomar Gonçalves, que nesse momento representava o Conselho Municipal de Saúde, a respeito da falta de médicos especialistas no posto João Luiz, especificamente de Ortopedia e Traumatologia, e até da falta de internet nas unidades, o secretário afirmou que essa situação vai continuar por falta de recursos. “Estou tentando fazer o que deixaram de fazer. Infelizmente, não tem mágica. Estou fazendo das tripas coração para tocar a saúde. Gastava-se demais sem planejar. Não temos mais como fazer cirurgias na cabeça e nem na coluna, por exemplo, que eram feitos com recursos próprios. Esses casos são transferidos para Cacoal. Agora não temos mais como fazer”, afirmou o titular da SEMUS. Mesmo com a resposta, o auxiliar de enfermagem queria saber qual será a situação dos próximos três meses. “Causa desespero, mas temos que toca com o que temos. Você quer que eu minta? Não vou enganar vocês. Vamos trabalhar com o que temos”, completou Bernardinho.

O secretário de saúde, Adilson Bernardinho e sua equipe da SEMUS. O auxiliar de enfermagem, Leomar Gonçalves (à direita) questionou o titular da SEMUS
O secretário de saúde, Adilson Bernardinho e sua equipe da SEMUS. O auxiliar de enfermagem, Leomar Gonçalves (à direita) questionou o titular da SEMUS

Outra servidora pública que estava presente na audiência pública sugeriu que o prefeito corte gastos demitindo parte dos mis de 1.000 cargos comissionados que existem na prefeitura de Vilhena. “O secretário diz que não dinheiro pra a Saúde, mas, então, que se faça uma análise de quantos comissionados existem na prefeitura. Essa seria uma alternativas para minimizar o caos na Saúde”, reclamou.

Entretanto, a precariedade da saúde pública em Vilhena se agravou devido às suspeitas de corrupção o setor, que levou o ex-secretário de saúde e mais quando assessores de primeiro escalão da gestão do prefeito Zé Rover à cadeia. Investigação da Polícia Federal, com apoio do Ministério Público Federal, constatou ilegalidade na aplicação e desvio de recursos federais na execução de obras importantes. Relatório do caso aponta crimes de peculato, desvio de finalidade, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

As suspeitas de corrupção, a vergonhosa situação da saúde pública municipal geraram ácidos discursos por parte dos vereadores vilhenenses. O presidente da Câmara de Vereadores, Junior Donadon, ao usar a tribuna da Casa de Leis na sessão plenária, disse que o caos no setor de saúde deve-se à falta de gestão, planejamento das ações do Executivo. “O novo secretário se esforça, mas o setor estourou seu orçamento e está essa calamidade que todos podemos perceber. Peço ao Executivo que faça uma readequação do planejamento desta área”, orientou. Já a vereadora Maria José da Farmácia disse que a precariedade do setor de saúde pública em Vilhena chegou ao extremo e convocou à população para cobrar melhorias da atual gestão municipal. “A Saúde está um caos. Não tem agulha. Temos que nos unir e fazer valer nossos direitos”, avaliou.

Para o presidente da Câmara de Vilhena, Juniort Donadon a precariedade da saúde pública deve-se à falta de gestão. Já a vereadora Maria José da Farmácia disse que o setor está um caos
Para o presidente da Câmara de Vilhena, Juniort Donadon a precariedade da saúde pública deve-se à falta de gestão. Já a vereadora Maria José da Farmácia disse que o setor está um caos

Defensor dos direitos do cidadão, o Ministério Público reagiu ao clamor da sociedade e instaurou inquérito para investigar a omissão dos gestores municipais com o setor. O resultado não poderia ser outro: no Hospital Regional, o MP registrou a falta de medicamentos, inclusive materiais básicos, como seringa, e até familiares estão tendo que custear os medicamentos dos pacientes, além de falta de materiais para a realização de procedimentos cirúrgicos e outros. O promotor de justiça, Paulo Lermen, assim classificou: “O serviço de Saúde Pública em Vilhena apresenta uma brutal precariedade de atendimento à coletividade, devido à falta de controle rigoroso e quanto à má administração dos recursos destinados à saúde por parte da municipalidade”.

Também, o promotor se prontificou a apoiar o Município, convocando prefeitos e secretários municipais do Cone Sul, além de promotores de justiça, para que, juntos, possam “tocar” o Hospital Regional de Vilhena. A população vilhenense confia nas ações do MP!

 

ESTEBAN VERA LABAJOS

Jornalista, Bacharel em Comunicação Social, pós-graduado em Assessoria de Imprensa Política e Empresarial

 

Texto: Esteban Vera Labajos

Fotos: Esteban Vera Labajos

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