Mesmo considerando que o momento ruim da economia brasileira é menos impactante em Vilhena o presidente da Associação Comercial e Industrial de Vilhena, Josemario Secco, admite que deve haver retração nas vendas com relação ao período de festas natalinas do ano passado. Em sua análise o pior da crise é o aumento da inadimplência, e em Vilhena os problemas da administração municipal potencializam o problema.
Apesar do tom cauteloso adotado pelo presidente da ACIV, em sua avaliação geral a recessão brasileira chega até nós com muito mais efeito “psicológico” do que prático. “Empresários, fornecedores e consumidores acabam sendo influenciados pelo noticiário nacional, sem levar em conta a imensidão do país e as particularidades de cada região que fazem o impacto da crise ser diferenciado”, argumenta. Secco pontua que Vilhena tem motivos para sentir com menos força o momento negativo em virtude de ter sua economia baseada em eixos sólidos, como o agronegócio, o grande número de funcionários públicos das três esferas administrativas, e o grande movimento da BR 364. “São aspectos que nos diferenciam de outras cidades e fazem a economia girar”, acentua Josemario.
Mesmo assim a projeção que faz é que haverá queda nas vendas de final de ano, assim como as contratações temporárias ficarão abaixo dos anos anteriores. “Toda a cadeia comercial, começando pelo fornecedor e culminando com o consumidor final está muito cautelosa com relação ao futuro próximo, por isso deve haver contenção de gastos”, teoriza Secco.
Em seu ponto de vista a maior consequência da crise é o aumento da inadimplência na chamada “classe c”, que compreende a parcela da população que tem menor poder aquisitivo. “Nesta faixa a inadimplência aumentou em 50%, um impacto direto do aumento de custo de energia e combustíveis, entre outras coisas. Este classe populacional foi estimulada pelo governo a consumir mais nos últimos anos, adquirindo bens e produtos que dependem do uso de energia, e agora são os que mais sofrem com os aumentos dos preços”, explica.
Já a crise política vilhenense também afeta o comércio local. “Os atrasos no pagamento dos servidores municipais registrados nos últimos tempos geram impacto no mercado, posto que o segmento representa parcela considerável dos consumidores locais. Sem receber em dia os funcionários correm risco de entrar para o registro de inadimplentes e compram menos, o que atrapalha o sistema econômico da cidade. Por isso, acredito que Vilhena precisa urgente de um ajuste político-econômico no setor público para mudar a realidade e prevenir quanto a problemas ainda mais graves lá na frente”, encerrou Josemario.
Fonte: Extra de Rondônia
Foto: Extra de Rondônia