localAinda no primeiro mandato à frente do Estado, Confúcio Moura apresentou iniciativa de vanguarda para uma das mais graves questões sociais da atualidade: o crescente aumento do número de usuários de drogas lícitas e ilícitas.

Ao criar a Secretaria de Estado da Promoção da Paz, e apresentar proposta de criação de Centros de Reabilitação de Dependentes Químicos (CREPAD), o gestor de Rondônia poderia se tornar figura de vanguarda no enfrentamento da questão, porém como muitas outras coisas deste governo tudo ficou na intenção.

Depois de gastar mais de um milhão e meio de reais na construção de uma unidade do CREPAD em Vilhena, agora a administração anuncia que no prédio irá funcionar uma policlínica, e que para atender as pessoas com problemas relacionadas ao uso de drogas vai firmar convênios com entidades que já atuam neste setor, algumas inclusive com práticas que parecem mais curandeirismo do que ciência.

A tentativa de mudar o destino da estrutura recém-concluída foi confirmada por representantes locais do Estado em Vilhena, além do deputado Luizinho Goebel (PV), que é entusiasta da iniciativa, assim como a sua colega de Parlamento Rosangela Donadon. Há muitas controvérsias nesta questão.

Apenas para enumerar algumas elementares, é discutível a possibilidade de se mudar a finalidade de um empreendimento gerado através de recursos públicos nesta fase do projeto.

Outra questão a ser analisada é a adequação das instalações que foram projetadas para um tipo de serviço e que agora poderão ser usadas para outro. Mais dinheiro vai ser gasto para promover as modificações.

Também é questionável a competência deste governo no que diz respeito ao setor de saúde. A complexa situação do Hospital Regional de Vilhena e a resistência do governo em honrar os mínimos compromissos assumidos para custeio de despesas e assumir mais responsabilidade faz com que se possa permitir a pensar que, caso se confirme a pretensão, Vilhena ganhará mais uma unidade de saúde para não funcionar direito – se é que vai funcionar mesmo.

Mais? Então lá vai: o CREPAD foi construído no Bairro Alto Alegre, imediações do Parque de Exposições. A menos de um quilômetro do local está sendo erguida uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), e bem perto dali está o Hospital Regional. Se for para criar mais uma referência de atendimento de saúde não seria mais aconselhável escolher outro setor da cidade que não esteja assistido?

Finalizando, a própria questão do combate a dependência química propriamente dita, que ficará com a cobertura capenga que já existe, liquidando as esperanças de doentes que buscam reabilitação, suas famílias e a própria sociedade em geral. Sabe-se que em Vilhena há centenas de pacientes cadastrados no CAPS, e que as instituições religiosas que atendem na região são exclusivas para homens.

Este público vai continuar relegado ao enésimo plano, e o governo perderá a possibilidade de enfrentar a sério um problema grave que atinge duramente os setores da saúde e segurança pública, sem falar no impacto social e econômico que provoca. Confúcio Moura poderia ser o gestor público que apontaria um caminho a ser seguido por outros estados brasileiros, mas ficou só na promessa, e a “política da avestruz”, que prefere enterrar a cabeça no chão a encarar os problemas, será mantida em Rondônia.

MARIO QUEVEDO – Jornalista

 

Fonte: Extra de Rondônia

Foto: Extra de Rondônia

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