Você, que é dirigente empresarial, já ouviu, alguma vez, o clamor dos números? Tendo ouvido, qual foi sua reação? Estas podem parecer, à primeira vista, questões imaginárias ou hipotéticas, porém são, de fato, situações reais, enfrentadas por nossas organizações no dia a dia.
O grande problema é que os ouvidos da administração muitas vezes estão fechados ou então distraídos com coisas fúteis, para ouvir o clamor dos números, oriundos dos balancetes e relatórios internos.
Minha formação é contábil, e sempre que analiso um balanço, consigo ver aqueles números e índices, gesticulando, saltando do papel, por vezes gritando, como que pedindo a atenção da diretoria; alertando para o fato de que o rumo está errado; avisando sobre os perigos iminentes que estão à frente; advertindo para uma zona de turbulência! Um bom administrador é aquele que é sensível aos seus clientes, às características de seus produtos, às exigências do mercado, quanto o é também em relação à mensagem que os números de sua empresa estão a proclamar.
Havia uma empresa comercial, do ramo de bens de consumo, com 8 lojas, cuja administração acompanha sua performance da seguinte forma: 1.-Cada loja constitui uma unidade de negócios e o gerente é o responsável direto por seu desempenho; 2.-Mensalmente os resultados das lojas são analisados, considerando os seguintes fatores: 2.1-O valor bruto do faturamento; 2.2-O lucro líquido como percentual das vendas; 2.3-O valor do estoque a preço de custo; 2.4-O valor total dos atrasos; 2.5-O total do endividamento. Existia uma ponderação distinta para cada item. Uma vez por mês elas são classificadas em um ranking. Encerrado o mês, emitem-se relatórios gerenciais, e os principais acertos e erros são identificados e discutidos.
Qual tem sido sua experiência no processo de avaliação do desempenho de seus negócios? Empresário, será que os seus números, índices econômico financeiros, seus principais parâmetros não estão gritando, bradando, por uma correção de rota? Será que eles não estão lhe pedindo que faça uma experiência inovadora, que tente algo diferente e agressivo na área de vendas? Aflito aquele proprietário me dizia que um público considerável passava na frente de suas lojas, mas ele era incapaz de sequer fazê-las “entrar” (nas lojas) a fim de ao menos verem os produtos existentes!
Conclusão: O texto acima nos convida a ouvir os números e as pessoas; a jamais pretender silenciá-los. Saber ouvir é uma arte. É imperioso que nossos administradores aprendam a ouvir, tenham a competência de interpretar corretamente seus números e por fim reajam de forma compatível. Façamos isso antes que as pedras venham a clamar, pois aí será tarde demais !
Humberto C. Lago é Consultor Empresarial e Diretor da PROSPERUS CONSULTORIA.
Fonte: Extra de Rondônia