A polícia do Mato Grosso prendeu nesta terça-feira, 2, dois suspeitos de participar da chacina que deixou nove posseiros e trabalhadores rurais mortos em Colniza (MT), informou a Secretaria Estadual de Segurança Pública.
O mandante do crime também teria sido identificado, mas está foragido e negocia a rendição por meio do advogado. Os nomes e as circunstâncias da prisão serão divulgados à tarde, em entrevista coletiva em Cuiabá.
A chacina ocorreu no último dia 19 de abril, perto da agrovila Taquaruçu do Norte, localizada em região de difícil acesso, perto das divisas com Rondônia e Amazonas.
Os posseiros foram mortos a tiros e golpes de facões ao longo de uma picada de 9 km dentro da área disputada. Procurado pela Folha na semana passada, governo do Estado de Mato Grosso não soube identificar quem tem o título do local.
AS VÍTIMAS
Perfil dos mortos em Taquaruçu do Norte
Sebastião de Souza, 57
Pastor da Assembleia de Deus em Guatá, distrito de Colniza a cerca de 140 km de Taquaruçu do Norte. Era um dos posseiros da linha (picada) 15, alvo de disputa. Sua casa no local já havia sido incendiada em 2014. Foi encontrado com um facão enterrado na nuca.
Fábio dos Santos, 37
Trabalhava principalmente como pedreiro. Foi contratado pelo pastor Sebastião de Souza para limpar o terreno -o dia de trabalho custa cerca de R$ 55 na região. Morava em uma vila próxima e não tinha terras. Evangelista da Assembleia de Deus, deixou quatro filhos.
Ezequias de Oliveira, 26
Posseiro, tinha um lote fora da área em disputa e estava no local trabalhando como diarista. Fiel da Assembleia de Deus.
Edison Antunes, 32
Outro posseiro que estava no local contratado como diarista. Era diácono da Assembleia de Deus. Tinha quatro filhos.
Aldo Carlini, 50
Um dos que estavam no local trabalhando como diarista. Seu lote está fora da área em conflito.
Samuel da Cunha, 23
Recém-chegado de Nova Brasilândia (RO), estava no local como diarista e também tinha lote fora da linha 15.
Valmir do Nascimento, 55
Um dos três mortos que tinham lote na linha 15, área do assentamento em disputa. Foi encontrado com as mãos amarradas para trás. Tinha dois filhos.
Izaul dos Santos, 50
Posseiro da linha 15, palco de disputa. Estava no local desde o ano passado, quando comprou cerca de 200 hectares por R$ 110 mil. Respondia a um processo por homicídio simples. O seu filho e a nora são dois dos quatro que estavam na área da chacina e conseguiram fugir.
Francisco da Silva, 56
Também estava no local como diarista. Em agosto de 2015, foi multado em R$ 115 mil pelo Ibama por ter desmatado ilegalmente 22 hectares de floresta.
Fonte: Folha de São Paulo
Foto: Adriano Vizoni/Folhapress