Prisões foram confirmadas pela Secretaria de Segurança de MT. Nove trabalhadores rurais foram assassinados no dia 19 de abril.
Dois homens foram presos suspeitos de terem envolvimento na tortura e morte de nove trabalhadores rurais em Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, informou nesta terça-feira (2) a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso. Uma terceira pessoa que teria participado do crime foi identificada, mas ainda não foi presa. O suspeito de ter mandado matar também já foi identificado e o advogado dele negocia a entrega às autoridades policiais, disse a Sesp-MT.
O local e a data das prisões dos suspeitos ainda não foram informados pela pasta da Segurança, que disse que deve dar uma coletiva à imprensa na tarde desta terça com mais detalhes sobre o caso.
A chacina foi cometida no dia 19 de abril e vitimou nove homens com idade entre 23 e 57 anos. Eles estavam em barracos erguidos na área rural quando foram rendidos, torturados e mortos. Dois deles foram assassinados com golpes de facão e, os outros sete, com tiros de espingarda calibre 12.
Por ser uma área de difícil acesso, sem sinal de telefone e celular, a polícia só foi comunicada da chacina no dia seguinte, quando testemunhas conseguiram chegar até o distrito de Guariba, também em Colniza.
Inicialmente, a principal hipótese das investigações era de que os nove homicídios teriam sido cometidos a mando de fazendeiros da região por causa de uma briga por terras. Na semana passada, porém, o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Roger Jarbas, disse que as mortes foram causadas por conflitos entre invasores.
Também na semana passada, o delegado responsável pelo inquérito, Edson Pick, disse que parte das vítimas já tinha procurado a polícia para denunciar ameaças.
Após a chacina, a Sesp-MT montou força-tarefa para investigação do caso. Equipes de policais civis, peritos criminais e policiais militares de batalhões especializados, como o Bope, foram enviadas ao município de Colniza. Três delegados estão na apuração.
As vítimas da chacina foram Francisco Chaves da Silva, 56, Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, e o pastor da Assembleia de Deus, Sebastião Ferreira de Souza, 57.
Histórico
O município de Colniza, que já foi considerado o mais violento do Brasil, tem um histórico de disputa por terras. Há 11 anos, outra chacina na região de Taquaruçu do Norte vitimou cinco trabalhadores rurais. Outros dez foram torturados. Os crimes foram investigados na operação Ouro Verde, da Polícia Civil, que em 2007 prendeu 39 pessoas suspeitas pelos crimes, entre elas fazendeiros que atuariam na extração ilegal de madeira.
Parte da região do distrito de Taquaruçu do Norte é alvo de disputa judicial há mais de uma década entre uma cooperativa e o dono de uma fazenda. Em 2004, uma decisão da comarca judicial de Colniza deu reintegração de posse de uma área de 42.715 hectares à Cooperosevelt. Os cooperados alegaram à Justiça que tinham a posse daquela área desde 2002 e que mantinham atividades agrícolas nela.
Fonte: G1-MT
Foto: Foto: Reprodução/TVCA