Ellen Donadon Lucena foi sentenciada pela juíza de Direito Liliane Pegoraro Bilharva, da 1ª Vara Criminal de Vilhena, pela prática do crime de difamação.

A jornalista, prima do ex-prefeito Melki Donadon, foi punida com 08 meses de detenção, além de multa. Entretanto, o Juízo substituiu a pena privativa de liberdade por prestação pecuniária ou de serviços à comunidade.

Cabe recurso da decisão.

A decisão é fruto de queixa-crime promovida pela médica Ana Cleide Silva Souza do Amaral. Ana Cleide relatou à Justiça que à época dos fatos exercia atribuições no Pronto Socorro do Hospital Regional Adamastor Teixeira de Oliveira, como médica plantonista.

Informou que, no dia 10 de abril de 2016, o paciente Rafael Euclides Bristotti Silva deu entrada na unidade de saúde relatando mialgia, cefaleia e febre de 37,9º.

Entenda

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Alegou ainda ter examinado o paciente, e, como os sintomas relatados não apresentavam gravidade, solicitou um hemograma completo e prescreveu Dipirona e Voltaren, liberando-o na sequência.

Posteriormente, também segundo a vítima, o paciente retornou ao Hospital Regional em dois dias consecutivos e somente foi atendido por ela em uma única oportunidade. Afirmou que, ao ser relatado os sintomas apresentados, Rafael Bristotti fora devidamente atendido, com medicamentos devidamente ministrados e exames solicitados.

Contou que após a tentativa de estabilização do paciente do quadro de saúde apresentado, Ellen Donadon adentrou à unidade de saúde portando uma máquina fotográfica e passou a tirar fotos dos documentos, como o prontuário. Ao ser informada quanto acerca da proibição do ato, a jornalista teria afirmado na presença da equipe médica que a plantonista estaria “matando” o paciente.

Após o término de seu plantão, Ana Amaral deixou o paciente sob os cuidados de outra equipe médica, sendo que, todavia, o paciente não resistiu ao tratamento e veio a óbito no dia 13 de abril de 2016.

Sustentou, por fim, que após o ocorrido, Ellen passou a noticiar o fato na imprensa local e em sua página pessoal da rede social Facebook, utilizando mensagens de cunho difamatório no sentido de que a médica plantonista teria sido negligente no atendimento do paciente. Ressaltando, inclusive, que o tratamento médico havia sido realizado apenas à base de ministração de Dipirona, o que teria causado a morte de sua morte de Bristotti.

Ao ser interrogada, a profissional de imprensa disse que estava no Hospital Regional visitando Rafael. Ela alegou ter observador que no prontuário do paciente havia a prescrição de Dipirona e outro remédio. Por conta disso, resolveu fotografar o prontuário. Indicou que na sequência a médica chegou ao quarto e informou que não era permitido fotografar o prontuário. Afirmou apenas ter dito que Rafael “iria morrer”, uma vez que o tratamento estava sendo aplicado apenas através de Dipirona, segundo seu relato. Declarou ainda que a plantonista acionou a Polícia Militar, culminando em sua condução à Delegacia de Polícia. Ellen asseverou não ter xingado a doutora. Descreveu, ao concluir, que apenas a acusou de negligência. O que foi dito teria ocorrido, de acordo com Donadon, no “calor do momento”.

“Com efeito, o delito de difamação, consiste em atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação, não sendo necessário que o fato ofensivo seja falso. A despeito disso, a querelada [Ellen Donadon] tinha ciência do que o fato imputado era falso, visto que admitiu que fotografou o prontuário do paciente e constatou que havia a prescrição de outro medicamento, e ainda assim, divulgou em sua rede social, fato que sabia ser inverídico”, disse a juíza.

E concluiu:

“Nesse passo, ao contrário do que sustentado pela Defesa da querelada, das publicações em sua página pessoal se extrai que esta possuía a intenção de difamar a querelante”, finalizou.

O OUTRO LADO

A reportagem do Extra de Rondônia entrou em contato com  Ellen Donadon que deu sua versão do fato.

“Fiz tudo em uma situação que só quem passa pode compreender. Eu estava vendo meu cunhado, meu irmãozinho morrer e a primeira coisa que você faz é gritar pro mundo o que está acontecendo. Nada trará ele de volta e além do peso de ter perdido ele, respondo o processo. O Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Civil estão cuidando da morte dele. Considero a sentença injusta e por isso vou recorrer. Os advogados estão cuidando do caso. Não tenho nada contra a médica e foi uma situação complicada, mas sei que no meu coração havia apenas a vontade de lutar por uma vida. Minha irmã passa por tratamento psiquiátrico por conta de tudo o que ocorreu e essas dores são muito maiores do que a condenação. À médica, eu espero que possa salvar muitas vidas e que nunca mais passemos, nem eu e nem ela, por uma situação parecida”, disse.

 

Fonte: Extra de Rondônia/Rondoniadinâmica

Foto: Reprodução

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