O deficiente físico e visual que foi resgatado no início do mês em uma fazenda em Colniza, cidade do Mato Grosso a 550 km de Vilhena, vivia em condições desumanas, segundo a Polícia Civil. Ele foi resgatado em situação de escravidão na fazenda de um advogado, identificado como Robson Medeiros, 42 anos. O funcionário é cego de um olho, tem uma perna amputada e é portador de hanseníase.

O advogado dono da fazenda teve a prisão decretada pela Justiça Federal e foi preso na semana passada, ao procurar a delegacia para saber quando seria ouvido na investigação, sem saber que tinha uma ordem judicial contra ele. O interrogatório do suspeito durou várias horas e a polícia ainda não divulgou detalhes sobre o depoimento. O delegado responsável pelo caso, Edison Ricardo Pick, disse que o advogado negou algumas informações e confirmou outras.

Foram cumpridas sete ordens judiciais, entre mandados de prisão, de busca e apreensão, e de condução coercitiva. A Justiça Federal também expediu a prisão temporária (de cinco dias) contra um idoso, de 72 anos, ex-sogro do advogado, além da condução coercitiva para a atual mulher do profissional do Direito.

Tanto o advogado quanto o ex-sogro são suspeitos de sequestro e cárcere privado, situação análoga à escravidão, maus tratos e favorecimento sexual. As buscas foram feitas na casa e no escritório do advogado, e em duas propriedades rurais dos investigados.

As ordens foram decretadas pelo juiz federal Antônio Lúcio Túlio de Oliveira Barbosa, da Subseção Judiciária de Juína do Tribunal Regional Federal (TRF).

DEFICIENTE, CEGO E ATACADO POR RATOS

O trabalhador possui deficiência física e visual, ocasionadas por acidentes de trabalho nas fazendas do advogado. O funcionário, que nunca teve carteira assinada e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados, ficou cego do olho esquerdo devido a um acidente de trânsito em 2015 e amputou uma perna em razão de ferimento causado quando apagava um incêndio na propriedade.

Quando foi resgatado, o trabalhador morava em um quarto com muitos ratos e próximo ao chiqueiro. O local ainda funciona como depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.

A vítima é portadora de hanseníase e não sente dores no corpo. Há quatro meses, ratos roeram a perna dele enquanto a vítima dormia. Ao se levantar, o trabalhador percebeu as poças de sangue no colchão. Devido às deficiências, o lavrador não conseguia fazer a sua comida e esperava que outros funcionários da fazenda levassem a refeição para ele.

Os policiais constataram que na fazenda há um banheiro adequado com sanitário e chuveiro. Porém, os proprietários o deixam trancado com cadeado e corrente, obrigando a vítima a tomar banho de mangueira atrás da casa, ou em uma lagoa onde divide o espaço com porcos, bois e cavalos.

Fonte: Rondôniaovivo

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