Psicóloga do CAPS, Roxane Infante

Na manhã desta quinta-feira, 15, a equipe do Extra de Rondônia realizou uma entrevista com a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Roxane Infante, onde foi relatado a importância da campanha do “Setembro Amarelo” e as atitudes que podem ser tomadas para ajudar um familiar que se encontra em risco de suicídio.

De acordo com a psicóloga: “o Setembro Amarelo é uma campanha para a conscientização da sociedade para os índices de suicídio que a cada ano vem aumentando, às vitimas com maior incidência são jovens, adultos e adolescente que vivem em crise e não possuem recursos para lidar com a instabilidade e os problemas enfrentados no cotidiano”.

As pessoas que recorrem ao suicídio geralmente estão passando por diversos conflitos e passam a idear formas de como acabar com o sofrimento, às vezes alguns buscam ajuda com amigos, familiares, médicos outros com receio de preocupar os entes próximos tentam resolver sozinho o que os levam a atentar contra própria vida.

O suicídio acaba sendo praticado como forma ou pedido de socorro, pois muitas vezes eles cometem o suicídio, mas não possuem a intenção de morrer só estão buscando minimizar ou substituir aquela dor abstrata, psíquica e emocional pela dor física.

Segundo Infante os pacientes que vão ao CAPS geralmente encontram-se com depressão grave, ansiedade generalizada, esquizofrenia e outros quadros psicóticos. Outros fatores que acabam ocasionando e ampliando a doença são a pobreza, a dificuldade de recursos, a falta de apoio na família e aceitação do tratamento. Geralmente demora muito tempo para tirar um paciente do quadro depressivo, pois mesmo com o tratamento os sintomas ainda prevalecem.

Por média hoje há cerca de 70% dos pacientes com depressão sendo acompanhados pelo CAPS, embora a média de mulheres seja mais alta, devido ao fato de que a mulher é mais cobrada e desenvolve muitos papeis dentro da sociedade.

Para o tratamento ser eficaz é importante que o paciente reconheça que precisa de ajuda, e que a família também se empenhe para dar apoio e se necessário também realize um acompanhamento.

Quem estiver precisando de alguma orientação pode procurar a unidade para realizar alguns exames iniciais e uma consulta, bastando apresentar RG, CPF e o cartão do SUS.

Lembrando que nem todo o tratamento necessariamente consiste no uso da medicação, alguns só com a psicoterapia podem voltar a sentir-se bem, outra forma de tratamento são as terapias em grupos, que visam fazer com que o paciente volte a ser mais ativo.

Conforme disse Infante “essas trocas são necessárias, pois em alguns casos só a medicação não faz com que o paciente se sinta animado, é necessário dedicação para que tenha vontade de voltar a trabalhar, tomar banho e realizar outras atividades que ele desempenhava antes do problema”.

Cabe destacar que caso o paciente não possua condições financeiras e necessite do uso de medicação, os remédios podem ser adquiridos através de um processo para baixo custo e através da farmácia básica que possui alguns medicamentos para o uso no tratamento.

Roxane finalizou ressaltando que: “todos nós estamos propensos a ter depressão, basta alguns problemas e conflitos na vida para que se possa desestabilizar. Outro detalhe é que seria importante ter essa humanidade e consciência para esta doença não só em setembro, mas sim o ano todo e que todos possam ver como algo sério a tentativa do suicídio, pois a pessoa esta sofrendo. Às vezes um simples olhar e uma simples escuta podem estar salvando uma vida”.

 Relato de quem já acompanhou de perto

Augusto Vergentino é pai de um jovem que desde muito cedo foi diagnosticado com a síndrome de Boderline, também conhecida como transtorno de personalidade.

Boderline ou transtorno de personalidade é caracterizado pelas mudanças súbitas de humor, medo de ser abandonado, onde a pessoa passa por momentos estáveis, que podem ser alternados com surtos psicóticos, manifestando comportamentos descontrolados. Esses sintomas começam a se manifestar na adolescência e se tornam mais frequentes no início da vida adulta.

Após o diagnostico o filho tomava diversos medicamentos para minimizar os sintomas. O jovem era acompanhado por psicólogos, mas nos últimos dias nem os medicamentos estavam fazendo efeito.

O jovem quase não se alimentava, dormia no período do dia e ficava acordado durante a noite. Às vezes tinha crises incontroláveis, tiveram momentos em que a família teve que internar o filho, pois devido às crises acabava tendo alucinações.

O jovem sempre dizia que era como se ele tivesse outro mundo dentro dele, segundo o pai, o filho deixava de viver a vida dele pra ficar neste outro mundo.

Durante os surtos ele dizia que iria suicidar-se, mas a família sempre teve muito cuidado, guardando objetos cortantes, medicamentos e nunca o deixava sozinho.

Havia períodos em que o garoto não tinha ânimo nem para tomar banho, passava o dia deitado no quarto e sempre se queixava de sentir uma dor na alma.

Na última semana o jovem acabou se suicidando em seu quarto com um fio amarrado a sua cama. Deixando a família desestabilizada.

Diante do ocorrido e do vazio deixado pelo filho, o pai do jovem deixa uma alerta para as famílias: “assim que observarem que seu filho mudou o comportamento, converse muito com ele, dê muita atenção, apoio e não deixe de buscar profissionais especializados e se possível abrace todos os dias seu filho e diga o quanto o ama, pois depressão não é frescura como muitos dizem e algo muito sério que pode levar a morte”.

Texto e Fotos: Extra de Rondônia

sicoob

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