Dona Rainilda é uma das fundadoras da Igreja Assembleia de Deus no PR, sempre foi evangélia, tem dois filhos pastores e um que é líder da maior orquestra de Rondônia.

A aposentada Rainilda Luchtenberg completa neste dia 8 de outubro mais uma primavera. A 83ª pra ser exato. Sua história de vida está direta e indiretamente ligada à história do Brasil, da igreja Assembleia de Deus e é espelho de inúmeras histórias de famílias que imigraram e migraram a fim de melhores condições de vida. Nascida no distrito de Mosquitinho, região que pertence ao Município de Rio do Sul (SC), Rainilda é descente de alemães – seus bisavós vieram da Alemanha para o Brasil – e a comunicação com seus familiares desde os tempos de menina era toda em alemão.

Ela ainda se lembra com clareza do assovio de seu pai para lhes chamar a atenção quando deixavam a língua oficial da família de lado no momento das brincadeiras. “Quando ele nos ouvia falando em português enquanto brincávamos com as primas, assoviava. Era a advertência que nos impunha, o suficiente pra retomar a brincadeira em alemão”, conta.

Após a Segunda Guerra mundial, o lastro do ditador Adolf Hitler gerou ódio e provou medo em muita gente. A educação alemã que recebera no seio familiar, o histórico do conflito mundial e comum falta de discernimento das pessoas, resultaram em um trauma até hoje lembrado por Rainilda. “Eu tinha dez anos e havia saído com meu pai. Eu pedi a ele, em alemão, pra voltarmos pra casa e um grupo de homens nos ouviu conversando. Um deles então pediu aos outros para que pegassem óleo e que me fizessem tomar algumas colheres para nunca mais falar em alemão. Eu fiquei com tanto medo que saí correndo e depois daquele dia eu nunca mais conversei em alemão”, relembra. A aniversariante diz que ainda consegue se comunicar usando a língua germânica, mas a cultura não fora repassada aos filhos e netos.

A matriarca da família deixou Mosquitinho rumo ao Paraná aos 20 anos de idade no dia do seu aniversário. A primeira cidade que a acolheu foi Itapejara. “Quatro meses depois eu me casei”, pontua. Rainilda gerou cinco filhos – Osmar, Osmair, Orlins, Sueli e João – a vida lhe deu mais um, Jaime, e seu enorme coração lhe garantiu a consideração de mãe a muitos outros que tiveram a sorte que tê-la em seus caminhos. Sua humildade e respeito dedicado a qualquer um lhe garantiram uma qualidade de vida que poucos em sua idade podem usufruir. A vó Rainilda é “disputada” pelos netos, bisnetos e até mesmo pelos filhos, que não medem esforços para permanecer o máximo de tempo perto dela.

O jeito alemão nunca saiu de seu comportamento. Rainilda conta, sorrindo, que seu finado marido, João Francisco Ramos, gostava de tirar sarro da esposa por conta de seu jeito. “Ele dizia que eu deveria ter casado com o prefeito Ruttmann porque nós dois éramos bravos”, conta sorrindo. Mesmo sendo considerada uma pessoa “brava”, ela está sempre disposta a entrar nas brincadeiras dos filhos e netos. A vó Rainilda vive rodeada de gente e não esconde a satisfação de ver todos enfastiados após “quebrarem suas dietas” com as guloseimas  preparadas por suas próprias mãos.

Evangélica desde sempre, Dona Rainilda fala com orgulho de sua contribuição à igreja Assembleia de Deus, a qual sempre pertenceu. “Minha família foi uma das fundadoras da igreja na região onde morava. Fui maestro de coral, professora de escola dominical e aqui em Vilhena ajudei a criar o coral misto da Assembleia de Deus”, conta. Perguntada sobre o que sente a respeito de pertencer a uma comunidade religiosa tão tradicional, ela não esconde o carinho que tem pela Assembleia de Deus e também ao Pastor Ari de Paula, que atualmente lidera a comunidade em Vilhena. “Eu gosto. Gosto muito! Não tenho do que reclamar do pastor, que conheço desde menino. Ele é um homem íntegro e que conduz a igreja muito bem”, elogia.

Para terminar o bate-papo em grande estilo, Rainilda tenta falar com precisão da quantidade de netos e bisnetos que tem. Antes mesmo de a entrevista começar, ela já se adiantou ao dizer iria tentar lembrar os nomes de todos os netos, bisnetos e suas datas de aniversários. “Eu vou tentar acertar”, brinca. Mesmos mantendo o bom-humor de sempre, o comentário em tom de brincadeira foi apenas para descontrair. Tão logo fora questionada acerca da quantidade de netos, a vó Rainilda disparou: “Tenho dez netos e dez bisnetos. Empatou”, conclui.

A tradição de comemorar a idade nova da matriarca se conclui em mais um ano. Neste aniversário, a família pediu o apoio do Extra de Rondônia para parabenizar mais uma vez a vó Rainilda por mais um ano de vida. Todos lhe dedicam muitas felicidades e saúde. A grande dificuldade em relação à vó ainda continua sendo o presente. Ninguém teve coragem, ainda, de lhe dar o saco de arroz que sempre pede quando lhe perguntam o que deseja ganhar de aniversário.

A equipe do Extra de Rondônia deseja à Dona Rainilda um feliz aniversário, longevidade e que sua história de vida seja exemplo não só aos seus descendentes, mas a todos que buscam uma vida pautada na idoneidade, ética, respeito pelo próximo e acima de tudo com a coragem que sempre teve para acabar com as diferenças.

 

sicoob

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