Alguma vez você, que é diretor, já chamou seu contador para externar-lhe o que você espera da função contábil? Quanto a você, contador, alguma vez já procurou seu diretor para expor-lhe a contribuição que pretende oferecer à organização? Ah! Esse diálogo é tão raro! O Contador é um privilegiado porque dispõe de um excepcional banco de dados.
Toda a empresa está nas suas mãos, em decorrência do registro sistemático de suas operações, via contabilidade. Porque, então, a realidade é bem outra, mostrando que poucas vezes ele é chamado para participar de reuniões e decisões importantes, compatíveis com seu grau de responsabilidade?
O contador precisa conscientizar-se da importância da função contábil, para o presente e futuro da firma, nunca restringindo sua visão apenas aos aspectos fiscais e exigências legais. A contabilidade precisa estar em dia. Informação desatualizada é lixo. Ninguém dá valor para ele.
Querer explicar atrasos regulares é perda de tempo. Embora envolvidos com muitos termos técnicos, os contadores também tem de ter a habilidade de usar uma linguagem acessível para que a administração possa interpretar corretamente os balancetes e balanços. Ele não pode ser uma pessoa inflexível, quando lhe é solicitado um relatório especial; nem voltado em excesso para minúcias, pois a administração tem grandes decisões para serem resolvidas diariamente, as quais serão baseadas em números atualizados e relatórios precisos.
Sou contador por formação, com muito orgulho; já ocupei posições de gerência e diretoria; atualmente atuo em consultoria empresarial. Portanto, sou conhecedor dos dois aspectos da questão. Espera-se que os contadores tenham uma visão e postura abrangente de sua área de atuação, e forneçam relatórios que atendam as necessidades da administração. Em todo o negócio, um investimento foi feito.
Portanto, um retorno é esperado dele. A contabilidade está ali para confirmar isso e, em caso contrário, para justificar porque um resultado positivo não foi obtido. A contabilidade não pode estar voltada apenas para o passado, mas deve, igualmente, se preocupar e identificar formas de contribuir para que o futuro venha com resultados operacionais melhores.
Todo administrador anseia por ouvir sugestões que reduzam legalmente a carga tributária, ou que contribuam para a fixação correta do preço de venda. etc. Ela pode contribuir com sugestões oportunas. Deve ser dito também que a contabilidade é rica em informações, as quais não devem ser entesouradas, mas divulgadas, entre os departamentos e pessoas que as necessitem. E se o contador não fizer isso, ninguém fará isso por ele.
Conclusão: Convido os colegas contadores a valorizar nossa profissão, mediante uma visão e postura adequada; mediante um trabalho orientado e eficaz. Os tempos são difíceis; é hora de agregar e de fortalecer o trabalho em equipe. Este não é o momento para “bloquear o diálogo”, nem de perder tempo com questões minúsculas, diante dos graves problemas da conjuntura. Eu creio que o Contador e o Administrador tem tudo para fazer um trabalho construtivo, harmonioso e complementar !
Humberto C. Lago é Consultor Empresarial e Diretor da PROSPERUS.
Fonte: Extra de Rondônia