A decisão das prefeituras em fechar as portas por um dia, em protesto pela falência financeira dos municípios, ocorrido na última sexta feira, revela pela primeira vez que os “nobres” gestores públicos, mesmo sem receber apoio popular, conseguiram pelo menos um grande feito.
Com as portas fechadas, salvo os honestos, e que se apresentem, na sua maioria, foi um dia a menos sem roubo, sem corrupção, sem mentiras, sem malversação do dinheiro público, sem contratar parentes, sem nomear asseclas, sem negociar carta convite, sem negociar tomada de preços, sem produzir editais direcionados, sem comprar produtos superfaturados, sem direcionar licitação, sem mascarar a execução orçamentária e financeira, sem negociar com os vereadores, sem trocar cargos por apoio as propostas no legislativo mirim, sem diferença no parlamento estadual, sem nomear a amante ou o bofinho. Ufa! Neste dia, não houve prejuízo ao povo. Estamos no lucro.
Sem querer direcionar o exemplo, a atividade pública, muito longe da ética e da seriedade, sofre de morte pela corrupção encastelada nas suas entranhas e somado a ausência da eficiência, pois tomada por populistas incompetentes, fazem uso da função, origem do voto, para locupletar seus interesses pessoais e familiares, e os objetivos propostos, ditos e repisados, as necessidades daqueles que pagam os impostos, recursos esses saqueados na luz do dia, com ares de legalidade, somem pelo ralo da ganância desenfreada.
Com o devido respeito, não há falência das prefeituras, há sim, falência de qualidade, de seriedade, de competência e de gestão pública.
Certa vez, um ilustre político do mundo capitalista em visita a Cuba, perguntou a Fidel o que queria dizer os termos das palavras em um “outdoor” que dava boas vindas aos visitantes na entrada da cidade de Havana, e que tinha o seguinte texto: traduzido da língua pátria, ” Hoje, mais de 3 milhões de crianças, no mundo todo, não tem onde dormir. Nenhuma é cubana”.
Esperando um discurso de, no mínimo, duas horas, para explicar o socialismo. Errou. Fidel respondeu com poucas palavras. “Aqui cuidamos das pessoas, nossa prioridade são as pessoas”. Em vez de fechar as portas, fechem os bolsos.
CAETANO NETO
Advogado
Presidente – ADDC
Associação de Defesa dos Direitos da Cidadania
Texto: Assessoria
Foto: Assessoria