Após diversas tentativas de conseguir uma reunião com o Governo, sem sucesso, os servidores da Idaron resolveram ampliar a greve iniciada ontem: a partir desta terça-feira escritórios em todo o Estado paralisaram a emissão de GTA para abate, documento necessário para que o gado seja vendido ao frigorífico.

Os pouco mais de 500 servidores da Idaron aguardam há 10 meses uma reunião com a Menp (Mesa Estadual de Negociação Permanente) do Governo. No entanto, até o momento, sequer foram atendidos. A medida drástica paralisou todos os frigoríficos no Estado, que têm quase 700 mil cabeças prontas para o abate para receber das fazendas espalhadas pelos 52 municípios.

Considerando uma média de R$ 1.300 por cabeça, o Estado teve nesta terça-feira quase R$ 1 bilhão em patrimônio paralisado pela greve. O poder do órgão, considerado por muitos como “a joia da coroa” do Estado, é evidente: caso um foco de febre aftosa se instale em Rondônia, as 14 milhões de cabeças perdem automaticamente 80% de seu valor, gerando um prejuízo imediato de R$ 11 bilhões, apenas considerando o impacto nas fazendas da impossibilidade da venda de carne.

De acordo com o Sindsid (Sindicato dos Servidores da Idaron), a pauta de reivindicações contém apenas 3 pontos essenciais e que gerarão somente 0,1% de impacto no orçamento do Estado. Os grevistas salientam que há 6 anos tentam negociar as simples mudanças desejadas, mas sem sucesso.

Adiada várias vezes sem aviso prévio, as reuniões marcadas foram simplesmente ignoradas pelo Estado. Muitos servidores sentiram-se ofendidos com a atitude do governador Confúcio Moura, que prometeu atender à comissão de greve, mas não deu “sinal de vida”. O sentimento intensificou o movimento grevista, que acontece em 90% do Estado, inclusive em Postos Fiscais.

Mantida por atividades ligadas ao agronegócio, Rondônia depende dos órgãos reguladores e fiscalizadores, com a Idaron, para ter status favorável frente às nações estrangeiras, principais compradoras da carne rondoniense.

Grandes criadores de gado e diretores de plantas frigoríficas se mostraram solidários ao movimento, reconhecendo o valor dos servidores para seus negócios. Alguns, inclusive, garantiram que intercederiam junto ao Governador para que ele se sensibilize. Os pequenos produtores também se mostraram compreensíveis com a paralisação, apesar de terem de esperar várias horas por atendimento nos escritórios, que funcionam com apenas 30% do efetivo.

Texto: Assessoria

Fotos: Assessoria

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