Lixão a céu aberto causa mortes de animais e degradação de mananciais, áreas verdes e solo
Na região Sul de Rondônia, moradores de uma área rural próxima a Colorado do Oeste, a 8 km da cidade, relatam que o ‘Lixão de Colorado’ é uma ameaça, e tem feito vítimas.
Um sitiante revelou que o gado está morrendo por ingestão de sacolas plásticas. “Dois animais do meu rebanho já morreram após ingerirem as sacolas”, conta um produtor de leite local.
Segundo o produtor, a presença de sacolas plásticas em áreas de pastagens que fazem margem com o lixão é comum: “O vento leva as sacolas direto para o pasto”.
É possível observar que a denúncia do produtor é real. Nossa reportagem percorreu as pastagens e confirmou que as sacolas, algumas em cor verde, se confundem com o capim. “Num só dia, catamos quatro sacos de 60 quilos lotados de sacolinhas plásticas que estavam espalhadas pelos pastos”, conta o sitiante.
Uma mata nativa também sofre os efeitos produzidos pelo ‘Lixão de Colorado’. Em vários pontos da mata é possível ver o descarte de materiais, especialmente recicláveis.
E os vizinhos do lixão – que fica próximo a nascentes e um córrego – têm outras reclamações: o fogo no pasto causado pela queima do lixo, o mau cheiro, a fumaça tóxica e a contaminação de mananciais.
Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Urbana (Abrelpe) mostra que o Brasil tem aproximadamente três mil lixões ou aterros irregulares em operação – entre seus 5.570 municípios. Outro dado que assusta é que das quase 80 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano no País, cerca de 60% tem descarte inadequado – em lixões a Céu aberto.
Na região Norte do Brasil, os números indicam que, atualmente, apenas 14,1% dos municípios da região fazem a destinação correta e tratamento de seus resíduos sólidos – pesquisa do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).
Essa realidade descumpre a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei 12.305, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidência da República em 2 de agosto de 2010. Era pra ser no ano de 2014 o tão anunciado “Fim dos Lixões”. Mas, como em algumas vezes foi anunciado o “Fim do Mundo” e o mundo não acabou, os lixões sobrevivem no Brasil.
Texto e foto: Assessoria