Muito mais do que a ligação telefônica para o 0800, a salvação de nascentes é o meio mais eficaz para a preservação da água em Rondônia e no país.
“É nossa obrigação preservá-las. Infelizmente muitas pessoas supõem que, tendo um imenso rio à frente, caso do Madeira, a cidade de Porto Velho garante água potável”, alertou na segunda-feira 18, a engenheira eletricista Débora Medina Reis, da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd).
Dados da Agência Nacional de Águas revelam: de cada 100 litros de água tratada no Brasil, somente 63 litros são consumidos e os 37 restantes, perdidos. As perdas ocorrem devido a vazamento, ligações irregulares, falta de medição ou medição incorreta e roubos.
É o que ocorre no dia a dia de Porto Velho, onde a Caerd ainda não conseguiu dar conta de solucionar todos os problemas. Na maioria das vezes, eles decorrem da falta de conscientização das pessoas.
“Em Espigão d’Oeste e Presidente Médici as perdas estão abaixo dos 20% mundialmente toleráveis”, informou a engenheira Débora Reis.
Em 2007, quando era coordenadora técnica da Caerd, ela e outros quatro engenheiros obtiveram em Brasília aprovação para a liberação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para desenvolvimento institucional. “Graças ao PAC 1, foram concluídos serviços de ampliação de água nos municípios de Ariquemes, Jaru e Ji-Paraná”, disse.
No entanto, não basta ampliar redes, o que reconhecidamente é uma conquista para usuários, e sim conservar a fonte produtora. Rondônia perdeu milhares de nascentes desde o período da colonização, entre 1975 e 1985. Só em Cacoal, totalizariam quatro mil nascentes degradadas por pastagens e outras atividades agropecuárias.
Segundo dados do Instituto Trata Brasil, o consumo médio brasileiro é de 166,3 litros por habitante/dia. O que fica 51% acima do recomendado.
No Palácio Rio Madeira, sede do Governo do Estado de Rondônia, a captação e reuso da água da chuva possibilita o abastecimento de 72 banheiros. No subsolo da praça existe uma caixa-d’água que armazena 30 mil litros vindos de canaletas no alto do prédio e bombeados para os banheiros.
Visando amenizar a angústia causada pelo desperdício denunciado com frequência à empresa, a engenheira Débora Reis lança este desafio: “Nós e a população em geral precisamos nos esforçar ainda mais para que nossos filhos e netos tenham a garantia de água potável. A escola é o lugar ideal para a conscientização, porque crianças captam rapidamente o objetivo conservacionista”.
Há dados assustadores, porém, dignos de exame: segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no mundo aproximadamente 2 mil crianças com menos de cinco anos morrem diariamente devido a doenças diarreicas e cerca de 1.800 dessas mortes estão ligadas à água, ao saneamento e à higiene.
Ainda de acordo com a engenheira, muitos sítios e fazendas perderam suas nascentes, é fácil e perceptível saber dessas perdas, mas é preciso chegar à conscientização maior.
No ritmo de campanhas de conscientização, que anteriormente foram mais frequentes, conforme ela reconhece, em 2012 a Caerd trabalhou no entorno do Igarapé Bate Estaca, em Porto Velho. “Foi bom, porque crianças e adultos moradores naquela área participaram”, lembrou.
Atualmente, Débora Reis propõe projetos escolares com a necessária sequência, nos quais se entrelacem palestras e práticas conservacionistas. Assim como faz a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Murilo Braga, que em 2018 iniciou o projeto de recuperação de nascentes na capital, tomando como exemplo crítico de poluição o igarapé Santa Bárbara.
DIA DA ÁGUA
O Dia Mundial da Água é comemorado anualmente em 22 de março. A data foi criada com o objetivo de alertar a população internacional sobre a importância da preservação da água para a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta.
Para isso, todos os anos o Dia Mundial da Água aborda um tema específico sobre este mineral de extrema e absoluta importância para a existência da vida humana, animal e de plantas.
A conscientização sobre a urgência da economia deste recurso natural é uma das principais metas desse dia. A água limpa e potável é um direito humano garantido por lei desde 2010, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).