O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira 14, as mudanças feitas no texto que estabelece novas regras de aposentadoria.
De acordo com o economista, as alterações podem “abortar a nova previdência”. Ele atribui as modificações às “pressões corporativas” e ao “lobby de servidores do legislativo”.
“Eu acho que houve um recuo. Pressões corporativas e de servidores do legislativo forçaram o relator a abrir mão de R$ 30 bi para os que já são favorecidos no sistema normal. Então, recuaram na regra de transição. E como isso ia ficar feio, recuar só nos servidores, aí estenderam também para o regime geral”, pontuou o ministro.
Nessa quinta-feira 13, o relator da proposta na Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentou parecer à Comissão Especial da Casa. Alguns dos pontos principais do texto original, enviado pelo governo Bolsonaro, foram retirados.
“Eu esperava que cortassem o BPC e o Rural, daí ficava R$ 1 trilhão [de economia no orçamento em 10 anos]. Porque com R$ 1 trilhão, eu alertei varias vezes, nós conseguimos lançar a nova previdência, que é o compromisso com as futuras gerações. Mas aí, na verdade, cortaram R$ 350 bilhões [da proposta original]”, registrou o ministro.
A proposta de Guedes era de que a reforma da previdência economizasse, durante 10 anos, R$ 1,1 trilhão. No entanto, com as modificações, Samuel Moreira disse que a reforma deve economizar R$ 913,4 bilhões. O ministro destacou que gostaria de incluir Estados e municípios.
“Eu não vou criticar, estou esclarecendo e vou respeitar a decisão do congresso. Agora, é importante que os deputados, que o relator, se aprovarem o texto, que são R$ 860 bilhões de corte [no orçamento], [digam que] abortaram a nova previdência. Mostraram que não há compromisso com as futuras gerações. O compromisso com os servidores públicos do legislativo parece maior do que com o das futuras gerações”, declarou.