Capacitação ocorreu entre os dias 27 e 29 de junho / Foto: Divulgação

A coleta de sementes e produção de mudas de espécies florestais, de maneira adequada, com qualidade, diversidade e na quantidade necessária, são os principais desafios para a restauração florestal no Brasil e, principalmente, na região amazônica.

O assunto foi tema do curso realizado pela Embrapa Rondônia, de 27 a 29 de junho de 2019, em Porto Velho, que contou com 44 participantes entre técnicos e viveiristas de todas as regiões do Estado.

“Sem sementes e mudas não há como fazer restauração florestal. Sem o conhecimento das técnicas e da sensibilização sobre a importância de se restaurar as florestas, não adianta fortalecer a cadeia produtiva de sementes e mudas”, destaca o pesquisador da Embrapa Rondônia, Henrique Cipriani.

Segundo ele, o passivo para restauração florestal é enorme e a oferta de sementes e mudas é muito pequena – menos de 1% do que seria necessário. A capacitação, teórica e prática, envolveu as diversas etapas de produção de sementes e mudas, e buscou atender a grande demanda no Estado.

As técnicas para enxertia chamaram bastante a atenção dos participantes, assim como o rapel. Este foi um diferencial deste curso, que ofereceu a certificação na Norma Regulamentadora 35 (NR 35), com os requisitos de proteção para o trabalho em altura, no caso, a escalada para coleta de sementes e materiais botânicos na copa das árvores.

O engenheiro florestal Leonardo Amarão, representante da ONG Ecoporé, que atua há 31 anos em Rondônia, conta que são produzidas pela instituição mais de 400 mil mudas de 50 espécies diferentes para a doação aos produtores familiares da região da zona da mata rondoniense e destacou a importância dos novos conhecimentos para a melhoria deste trabalho.

“É importante aprimorar o conhecimento e aplicar na região, assim como capacitar nossos viveiristas e outros técnicos para que a gente tenha, além de maior quantidade de mudas, uma qualidade melhor”, afirma ele.

O rapel ou escalada em árvores, foi um dos pontos altos do curso. A técnica é muito útil para a coleta de sementes, flores, hastes e outros materiais botânicos de árvores adultas, utilizados tanto para a área de pesquisa como por viveiristas na produção de mudas por enxertia, por exemplo.

A pesquisadora da Embrapa Rondônia, Lúcia Wadt, alerta para a falta de profissionais nessa área e das oportunidades que esta habilidade pode oferecer. “Uma das rendas que produtores e extrativistas podem ter por meio da floresta é a comercialização de sementes e o curso apresentou diversas alternativas para coleta de material em segurança, da maneira adequada e com menor custo”, ressalta a pesquisadora.

Para o viveirista Joallyson Cunha, as técnicas repassadas no curso serão muito úteis no dia a dia. “São conhecimentos de valor imensurável. A técnica do rapel mesmo eu não tinha conhecimento e ela vai nos ajudar, juntamente com a enxertia, a oferecer aos produtores mudas de maior qualidade e com tempo de produção bem mais rápido”, comenta.

Para se ter uma ideia, segundo o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, José Urano, é possível reduzir de 40% a 50% o tempo de início de produção com o uso da enxertia. “Uma espécie que levaria dez anos pra produzir os primeiros frutos, pode começar a produção com quatro ou cinco anos de idade”, exemplifica.

O curso foi conduzido pelos pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental José Urano e Noemi Viana, o pesquisador da Embrapa Rondônia Henrique Cipriani, a professora da Universidade Federal de Rondônia Kenia Michele, o assistente da Embrapa Acre Aldeci Oliveira e representante do Instituto da Construção.

sicoob

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