O delegado de Polícia Civil, Núbio Lopes, responsável pela Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Contra Vida (DERCCV), apresentou na manhã desta quinta-feira, 27, mais um caso elucidado em Vilhena.
Trata-se do assassinato contra o caminhoneiro Emerson Valdir Mattes, de 43 anos, ocorrido no dia 27 de janeiro deste ano, em uma oficina mecânica no pátio do Posto Parada Grande, em Vilhena (leia mais AQUI).
De acordo com Núbio, apurou-se que Emerson foi executado a tiros ao encostar o caminhão na oficina para realizar um serviço, quando foi surpreendido por um homem num carro VW Gol, de cor preta, sem placa; o passageiro desceu do veículo e efetuou cinco tiros na vítima, que morreu no local.
Com as investigações, identificou-se o veículo utilizado no crime e, a partir disso, constaram que o carro pertence a uma empresa de venda, compra e locação de veículos em Vilhena.
Com isso, os investigadores mantiveram contato com a empresa e o proprietário informou a identidade de quem alocou o veículo: tratava- se de D.C.S.R, na qual a esposa A.M.S.R, estava sendo processada pela vítima na justiça de trabalho.
Diante disso foi decretado mandado de busca e apreensão na casa dos suspeitos. Por coincidência, a casa, que era monitorada por câmeras de segurança, que não registrou imagens do dia do assassinato de Emerson.
Com os elementos levantados pela investigação, foi decretada a prisão preventiva do casal, que não foi localizado. Porém, ambos se apresentaram na delegacia em companhia do seu advogado.
O INTERROGATÓRIO
No interrogatório, o casal informou que Emerson era ex-funcionário, e que, após ser demitido, mentiu que eles teriam inventado uma fraude para prejudicá-los. O casal alegou que não teria motivo algum para querer matar Emerson.
Contudo, a investigação descobriu que Emerson, num primeiro Boletim de Ocorrência (BO), disse que fechou um outro caminhão que acabou saindo da pista, colidindo contra uma ribanceira.
Porém, depois de ter sido demitido da empresa, ele procurou novamente a polícia e apresentou nova versão: o acidente foi uma farsa criada pelo casal a fim de que o seguro pagasse a indenização gerada em decorrência do sinistro.
Mas, os policiais constaram que a segunda versão apresentada por Emerson era a verdadeira, pois ele não estava no local do acidente como dissera na primeira declaração.
Na polícia, o casal acusado disse que a versão de Emerson era mentirosa, pois o caminhão que bateu na ribanceira não pertencia a eles. O veículo, de acordo com a versão do casal, foi comprado por eles cerca de 40 dias depois do acidente.
A VENDA
Os investigadores foram até a pessoa cujo nome constava nos documentos do veículo. Em depoimento, o então proprietário havia relatado que o caminhão fora vendido ao casal semanas antes do acidente, porém, a transferência não havia sido feita porque o casal parcelou a compra.
A testemunha apresentou, inclusive, contrato de compra e venda através do qual consta os detalhes da venda. ” Depois de pago uma parte do valor, apenas o cavalo do caminhão havia sido transferido para o nome da empresa pertencente ao casal. Os dois semirreboques, no entanto, continuam em nome do antigo dono porque a dívida não foi liquidada” salientou o delegado.
MANDANTE DO CRIME
Para o Delegado, restou comprovado que o veículo foi alugado em nome do ex-patrão de Emerson e que ele devolveu o carro às 21h00 do dia do crime. O veículo foi submetido a perícia e constatado que havia sinais de rompimento do lacre e as placas estavam frouxas, corroborando com a versão da investigação.
No entanto, o Código Penal prevê especificação em casos semelhantes a este.
“A autoria do crime pode não ser comprovada, entretanto, há diversos elementos que comprovam a participação de ambos no homicídio, uma vez que o veículo foi alugado pelo ex-patrão e utilizado na execução da vítima. Com isso, temos provas de que a mulher foi buscar o marido na empresa onde o carro foi alugado, além de que a vítima frustrou a pretensão ilícita do casal em fraudar o seguro com a história do acidente”, frisou o delegado.
Com a conclusão do inquérito o caso foi enviado ao Ministério Público de Rondônia que deverá oferecer denúncia ao Poder Judiciário.