Coluna escrita por Sérgio Pires/Foto: Ilustrativa

Afinal, teremos eleições ou não em outubro, mês que está logo ali, a apenas 186 dias? Há quem considere que até lá, ainda estaremos enfrentando alguns riscos do corona vírus.

Os mais otimistas acham que não, mas há várias opiniões que consideram que no auge do período da campanha, que começa mesmo entre junho e julho, o corona ainda estará muito forte entre todos nós, determinando, senão o isolamento radical, ao menos teremos que ter ainda alguns cuidados.

A ministra Rosa Weber, presidente do TSE, já avisou que todas as datas projetadas serão cumpridas e que a eleição será sim realizada, mesmo com o estado de calamidade pública imposto ao país. Os mais de 150 milhões de eleitores, quando forem às urnas, nos mais de 5.570 municípios brasileiros, terão que ir às ruas, ficar em filas nas milhares de zonas eleitorais. Imagine-se, com o vírus ainda circulando, os riscos de contágio que ele traria, nessas circunstâncias.

Afora isso, há o custo extraordinário de uma eleição, num momento em que o país pode estar entrando numa das maiores recessões da sua História, com milhões de desempregados e empresas falidas. Não seria o caso de se usar toda essa grana para investir em ações sociais e manutenção de postos de trabalho? Os 2 bilhões e 300 milhões para o Fundo Partidário, não seriam um lenitivo nessa batalha nacional contra o corona vírus?

É bom que se fale as coisas com toda a clareza. A cada dois anos, o país para, sucumbe, durante meses a fio, à batalha política, enquanto a grande maioria da sua população precisa mesmo é de trabalho, salário digno, saúde pública de qualidade e uma vida muito melhor. Se ao menos o povo tivesse o país que os políticos prometem nos palanques, valeria a pena tanto gasto em tão pouco tempo. Mas todos sabemos qual é a verdade.

Todos conhecemos a vida real, extra palanque. Há uma gastança extraordinária, uma superestrutura, que envolve todos os estágios da Justiça Eleitoral, com milhares e milhares de pessoas que vivem em função de eleições. Elas, as eleições, são importantes para a democracia, mas num país pobre como o nosso, qual o crime de repensar sobre todo esse dinheiro que se esvai em alguns meses e que tanta falta faz para todos? Prédios suntuosos, milhares de funcionários, alguns com salários de marajás e bilhões de reais gastos para beneficiar os mesmos de sempre: é isso realmente que o nosso Brasil precisa a cada 24 meses? Há que se respeitar todas as opiniões, mas ao menos temos que aproveitar as crises e as situações de calamidade pública para questionarmos se nossa maior prioridade, a tal ponto que mereça investimentos de bilhões do dinheiro público, é mesmo a superestrutura que temos que manter para fazermos uma eleição atrás da outra.

Ao ponto de que, fecham-se as urnas numa delas e, já no dia seguinte, nos empurram goela abaixo que, a partir daí, temos que começar a debater a próxima disputa. Claro, nós, eleitores, sempre saímos perdendo. Que cada um faça sua reflexão…

CREMERO PREVÊ O APOCALIPSE

Certamente os números anunciados por pesquisadores do Cremero, o Conselho Regional de Medicina de Rondônia, de que o Estado poderá ter até meio milhão de contaminados pelo corona vírus, até meados de maio, é daqueles estudos de futurologia apavorantes, pelo extremo pessimismo. Num Estado com cerca de 1 milhão e 700 mil habitantes, esse percentual significaria, por exemplo, toda a população de Porto Velho contaminada ou cerca de 30 por cento de toda a população, desde recém nascidos até idosos acima de 90 anos. É mais ou menos como se 390 milhões de chineses ou perto de 62 milhões de brasileiros tivessem a doença, em menos de 60 dias.

Com todo o respeito à entidade dos médicos rondonienses, o pânico trazido por uma informação que, obviamente, não se tornará realidade, não ajuda em nada a bem orientar toda a população, nesse momento em que todos os nervos estão a flor da pele. Não há outra contribuição que o Cremero possa dar ao Estado, para ajudar concretamente, nesse momento tão complexo, ao invés de anunciar o Apocalipse?

ALGUNS SALVOS, OUTROS NÃO!

Um pequeno alívio na pressão, mas longe de beneficiar a toda a estrutura da economia. O governo do Estado tirou um pouco a pesada pressão em relação ao fechamento de portas para algumas empresas, o que a Prefeitura já seguiu,  segundo o prefeito Hildon Chaves. Mas a verdade é que a maioria delas continuará sem poder atender diretamente ao público. Foram beneficiadas empresas que vendem produtos e insumos para o agronegócio, que é hoje a principal base da economia rondoniense. Mas continua impedindo as indústrias de produzirem.

Também liberou os restaurantes de beira de rodovias, mas manteve o fechamento daqueles que atendem nas cidades. Deixou abrirem hotéis e hospedarias e quem vende material de construção. O problema é que o confinamento continua, para a grande maioria dos setores básicos da economia. Provavelmente depois de 4 de abril, quando o decreto de calamidade pública completar 15 dias, outras medidas de afrouxamento sejam tomadas. Mas, ao menos até o final de semana, a grande maioria dos rondonienses continua em casa, sem ter como trabalhar, sem renda e sem saber como será o dia de amanhã.

Em Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná e outas cidades do Estado, carreatas de protesto contra a paralisação, repetindo cenas que se viu em centenas de cidades brasileiras, ocorreram na sexta-feira.

SEM A FEIRA E SEM BOLSONARO

O agronegócio rondoniense, mesmo que surjam medidas de alívio como as anunciadas pelo Governo, terá sim enormes prejuízos. A realidade do pânico em relação ao vírus fez com que certamente o maior  evento do setor tenha sido transferido para data indefinida. A nona edição da Rondônia Rural Show, agendada para 26 a 30 de maio, em Ji-Paraná,  não vai mais acontecer. A previsão para esse ano era da ampliação de representantes internacionais e de negócios superiores a 700 milhões de reais. Pelo menos 120 mil pessoas eram esperadas para a feira, repetindo o público do ano passado.

O prejuízo para o Estado e para os participantes do evento é incalculável. A Secretaria da Agricultura tentará realizar a feira, a maior região norte, ainda esse ano. Não se sabe se será possível. Criada no governo Confúcio Moura, a Rondônia Rural Show se transformou num grande sucesso. Nesse ano, havia a promessa da presença do presidente Jairo Bolsonaro. Agora, não há mais certeza de nada…

A SALVAÇÃO DOS FEIRANTES

Já há sim algumas mudanças, embora ainda pequenas. Mas, para os feirantes, uma decisão anunciada pelo prefeito Hildon Chaves na manhã da sexta, trouxe a esperança de que conseguirão escapar da falta de trabalho, de dinheiro e do risco da fome. O Prefeito decidiu em conjunto com a Semagric, Semusa e Defesa civil, autorizar o retorno das feiras livres na Capital.

Há restrições óbvias:  evitar aglomeração de pessoas; manter distância mínima entre as barracas; usar  equipamentos de proteção e controlar a quantidade de pessoas que irão entrar por vez no ambiente de compra, são algumas das orientações. Há sim um vento de esperança entre dezenas de feirantes que já estavam entrando em desespero, por não poderem trabalhar. A torcida agora é para que todos colaborem e se cuidem, para que o vírus não acabe vencendo.

MUITOS ATACADÕES PARA POUCO CLIENTES?

Poucos clientes para tantos atacadões? É o que parece. Primeiro foi o Makro, que abriu suas portas em 2008. Depois chegou o Atacadão, que atraiu grande parte da clientela. Agora, abriu suas portas o gigantesco mercado da rede Assaí, todos na região da BR 364, perto da entrada de Porto Velho.

O Makro, pioneiro entre as grandes organizações nacionais do setor que viram o potencial de Porto Velho, teve faturamentos acima do esperado, nos seus primeiros anos, em que estava praticamente sozinho no mercado. Quando o Atacadão chegou, começou a dividir a clientela. O Makro foi ficando menor, ao contrário do seu nome. A rede, aliás, está fechando lojas em outras capitais.

Lojas na Bahia, Vitória e Minas Gerais também encerraram suas portas. O anúncio oficial da paralisação das atividades ainda não foi comunicado publicamente. Enquanto isso, os consumidores continuam comprando no Atacadão e também no Assaí, que nos últimos dias teve grande número de consumidores em sua loja porto velhense.

DINHEIRO VEM DE TODOS OS LADOS

Muitos apoios importantes ao Estado, para apoiar ações contra o corona vírus foram definidas pelo Poder Judiciário e Pela Assembleia. No caso do Judiciário, os magistrados, por unanimidade, decidiram transferir 4 milhões de reais para serem utilizados na área da saúde. Já o presidente da Assembleia Legislativa, Laerte Gomes, anunciou a doação de 10 milhões de reais das verbas do Parlamento, para a compra de respiradores. Laerte, aliás,  postou vídeo nesse final de semana com sugestões para o Estado alugar hospitais, específicos para atender casos de corona vírus.

E pôs o Parlamento a disposição, para apoiar a iniciativa. Há uma terceira área de apoio: em conjunto, Tribunal de Contas do Estado e a Defensoria Pública vão doar 13 milhões de reais para ataque ao corona vírus. Observa-se sim, entre autoridades de todos os níveis, um esforço muito grande, com órgãos de todos os poderes nos mexendo próprios recursos, para destiná-los ao esforço conjunto nesta guerra duríssima que todos estamos enfrentando. Somem-se ainda os 22 milhões que a bancada federal está destinando no combate à doença. Recursos, ao que parece, não vão faltar.

UM DIA INÉDITO NA TV RONDONIENSE

Algo novo, para proteger os velhos. Verdade. Pela primeira vez na história de Rondônia, um programa de TV ao vivo reuniu um grupo de experientes jornalistas, os Dinossauros, todos participando, ao mesmo tempo, mas cada um entrando no ar em sua casa.

A SICTV/Record, que entra no sétimo ano com o programa Papo de Redação na TV (na Rádio Parecis FM, a atração de segunda a sexta, do meio dia às duas da tarde, entra no nono ano), inovou mais uma vez, agora por causa do corona vírus. Para evitar que os Dinossauros Everton Leoni, Jorge Peixoto, Beni Andrade e Sérgio Pires se reunissem num estúdio fechado, já que todos estão no grupo de risco dos idosos, o programa que tem enorme audiência em todas as regiões do Estado e pela internet, no Brasil e fora dele, os Dinossauros utilizaram o Skype para a participação no Papo.

Que, obviamente, teve a crise mundial e, também por aqui, do corona vírus, como o principal assunto nas duas horas de duração dos debates. Uma tela dividida em quatro partes mostravam os todos os Dinos ao mesmo tempo, com muito boa qualidade de vídeo e áudio. Milhares de telespectadores testemunharam esse momento histórico da nossa TV.

LUTA POR LEITOS DE UTI

Por enquanto, foram seis os casos confirmados de corona vírus em Rondônia. Um deles, de um paulista que apenas passou por Ji-Paraná. Os outros cinco casos foram de Porto Velho, de gente da faixa etária abaixo dos 40 anos, entre todos os contaminados. Nenhum caso grave. Mesmo assim, a Secretaria de Saúde está se preparando para o pior, caso ele aconteça. Todos os 100 leitos do Hospital Cemetron serão destinados a eventuais pacientes graves do corona. Já existem 45 respiradores comprados e o número de leitos de UTI, a curto e médio prazos, podem chegar a perto de uma centena.

Por determinação do governador Marcos Rocha, toda a prioridade é na prevenção e no combate ao corona vírus, comenta o secretário Fernando Máximo. A equipe da Sesau está toda envolvida nessa verdadeira guerra, disse Máximo, durante entrevista ao programa Papo de Redação, com os Dinossauros do Rádio, na Parecis FM, nesta sexta. Os cuidados devem continuar sendo tomados por todos. O vírus pode atingir muito mais gente, também em Rondônia, nas próximas semanas.

PERGUNTINHA

Você continua atento a todo o noticiário sobre o corona vírus e tomando os cuidados orientados pelas autoridades médicas ou acha que o pior já passou?

sicoob

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