Um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus no país tem sido o comércio, o que tem gerado grandes preocupações, pois a pausa nos serviços está desencadeando altos números de demissões.
Em visita ao Extra de Rondônia nesta sexta-feira, 3, o empresário Rodrigo de Paula Gomes comentou o impacto que a paralisação está gerando na economia de Vilhena.
“Infelizmente, o decreto que fechou o comércio irá gerar um fator econômico muito negativo. Esses dados ninguém passa, mas, se analisar, de duas semanas para cá, o número de demissão é absurdo”, observa.
Para ele, a situação pode piorar se perdurar por mais dias, pois os pequenos e médios empresários precisam do caixa diário que entrar no comércio.
“Ao fechar as empresas, não temos mais receita. Porém, as despesas não param. Vou citar um exemplo: tenho uma empresa que tem R$ 46 mil de DARE (Documento de Arrecadação Estadual) e não foi prorrogado o pagamento”, pensa.
“Não estou dizendo que a pandemia não é grave, é sim. Acredito que deveria ter sido feito, em Vilhena, um Comitê mais equilibrado com empresários do setor privado, porque o que foi formado tem mais de 80% do setor público. Houve uma pequena mudança na segunda reunião que contou com a participação da Associação Comercial de Vilhena (ACIV), mas não fomos ouvidos devidamente”, lamenta.
Segundo Gomes, os gestores precisam entender que diferente do setor público – que tem o salário garantido podendo continuar em isolamento ou trabalhando em home office -, o privado não tem recursos para se manter fechado por três ou quatro meses.
O empresário enfatiza que com o comércio aberto pelo menos daria para custear as despesas básicas sem demitir os colaboradores.
“Eu acho que as medidas foram uma forma muita antecipada; não precisaria ter fechado os comércios. Poderiam ter feito um comitê mais justo. Pensando a área da saúde, vigilância sanitária e OMS, o ideal seria manter abertos os comércios com um funcionário na porta controlando o fluxo de entrada de clientes e disponibilizando álcool em gel”, disse.
Como exemplo de deficiência na fiscalização, Gomes pontua que, ao andar na avenida Major Amarante, é possível ver aglomeração de pessoas em bancos, casas lotéricas e mercados. “Aí eu pergunto: será que o vírus não estará nestes locais?”, questiona.
“Vale lembrar que o dinheiro público vem do comércio e se continuar fechado não haverá recursos para manter. Essas atitudes irão quebrar o município; não aguentamos mais 15 dias e irá falir muitas empresas. Já estão começando a roubar escolas; vai virar um caos”, concluiu.