Está decidido. Em meio a 12 casos confirmados de covid-19 em Vilhena, 74 residentes do setor de saúde pública decidiram iniciar, neste sábado, 9, a paralisação de suas atividades.
Ofício foi enviado às autoridades locais informando os motivos, principalmente, a falta de pagamento da bolsa da residência multiprofissional por mais de 2 meses (março e abril).
Na última quinta-feira, 7, em última tentativa, o prefeito Eduardo Japonês (PV) se reuniu com representantes da categoria, deu explicações e lamentou o atraso dos salários (leia AQUI).
Mesmo assim, os residentes decidiram pela deflagração da paralisação, que é por tempo indeterminado.
Ao Extra de Rondônia, Brune Magalhães, Assistente Social residente em saúde com ênfase em Reabilitação, disse em Vilhena são 74 residentes do primeiro ano (a residência são dois anos de dedicação exclusiva, 60h semanais sendo 48h de prática é 12h de teórica) e as bolsas são no valor de R$ 3,3 mil
Garantiu que a partir desta segunda-feira, 11, os residentes estarão paralisados até a concessão das bolsas-salários dos meses de março e abril por parte o Ministério da Saúde (que é o financiador só programa de residência).
Informou, ainda, que toda a mobilização será virtual, inclusive porque, sem as bolsas, muitos sequer têm como irem ao cenário de prática.
Revoltado com a situação, o vereador Carlos Suchi (Podemos) cobrou agilidade do Executivo no pagamento de salários atrasados e exigiu que isso não mais aconteça, dizendo “tirem o pé do chão”.
>>> LEIA, ABAIXO, O OFÍCIO NA ÍNTEGRA ENVIADO ÀS AUTORIDADES:
INFORME DE PARALISAÇÃO
ILMO Sr° Prof. Me. Kim Mansur Yano Coordenador da COREMU da Faculdade de Educação e Cultura de Vilhena – FAEV/UNESC RONDÔNIA.
Nós, profissionais de Saúde Residentes (R1) ingressantes no Programa de Pós-graduação na modalidade de Residência em Reabilitação Física pela UNESC/VHA, abaixo listados, vimos expor o grave descompromisso colocado aos profissionais da saúde inseridos no Centro Especializado de Reabilitação de Vilhena/RO, em principal, devido ao atraso no pagamento das bolsas-salários, diante da situação apresentada cabe-nos algumas reflexões:
CONSIDERANDO que o programa de Residência Multiprofissional constitui modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, destinados às profissões da saúde, excetuada a médica, sob a forma de curso de especialização, caracterizado por ensino em serviço, com carga horária de 60 (sessenta) horas semanais, duração mínima de 02 (dois) anos e em regime de dedicação exclusiva;
CONSIDERANDO O PROGRAMA NACIONAL DE BOLSAS PARA RESIDÊNCIAS MULTIPROFISSIONAIS E EM ÁREA PROFISSIONAL DA SAÚDE tem o objetivo de incentivar a formação de especialistas para esta modalidade, caracterizada pela integração ensino-serviço-comunidade, em campos de atuação estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nas áreas e redes de atenção à saúde prioritárias, definidas em comum acordo com os gestores do SUS, a partir das necessidades e realidades locais e regionais identificadas;
CONSIDERANDO que o cadastro das residentes locadas no CER se deu entre os dias dois e três de março do corrente ano;
CONSIDERANDO a inserção das oito residentes no cenário de prática aos dias dois de março do corrente ano;
CONSIDERANDO as informações contidas no manual de orientações para cadastramento de residente no sistema de informações gerenciais de residências (SIGRESIDÊNCIAS) e procedimentos para pagamento de bolsas;
CONSIDERANDO a garantia de meios de subsistência aos residentes que já estão em atuação no seu cenário profissional;
CONSIDERANDO o momento de pandemia que atravessamos e a atuação incessante dos residentes que compõem a equipe multiprofissional no combate ao Covid -19;
CONSIDERANDO a ausência de pagamento da bolsa da residência multiprofissional por mais de 02 (dois) meses;
CONSIDERANDO nossa tentativa insistente de adquirir informações assertiva sobre a data do recebimento da bolsa, bem como, o período de trabalho sem remuneração;
CONSIDERANDO a necessidade, pela insalubridade de trabalho, de auto-cuidado voltados a NOSSA SAÚDE FÍSICA E MENTAL.
Nós, enfermeiras, psicólogas, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogas e Terapeutas ocupacionais que atuamos no Centro Especializado em Reabilitação de Vilhena – CER IV, que ora assinam este informe, em consonância com o Art. V, XX da Constituição Federal, que assegura a livre associação, informa ao senhor Diretor do CER, à coordenadora do Núcleo de Reabilitação, à Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde do município de Vilhena , aos usuários dos seus serviços e à população em geral que, os profissionais pertencentes ao programa de bolsas da residência multiprofissional, deliberaram a deflagração de paralisação por tempo indeterminado, a partir do dia 09/05/2020, em razão da ausência de pagamento e de informações coerentes e precisas dos valores referentes à bolsa de residência em área profissional da saúde, dos meses de março e abril.
Reiteramos nossa ética profissional e dedicação ao serviço que assumimos prestar a população vilhenense e regiões, à defesa de um SUS público, gratuito e de qualidade. Sinalizamos o desejo de tomadas de ações efetivas para a resolutividade da demanda apresentada ao prazo em que nos dispomos a aguardar um melhor posicionamento da COREMU, retornando a nossas atividades laborais após o pagamento das bolsas referentes aos meses de março e abril.
Vilhena, 08 de maio de 2020
Assinam os profissionais: