Os atrasos nas chuvas esse ano impactaram na produção de leite no Centro Sul e Brasil Central, mantendo a concorrência mais acirrada entre os laticínios pela matéria-prima (leite cru). Além do clima adverso, os preços do milho e do farelo de soja em alta pesaram sobre os custos na alimentação concentrada do rebanho, refletindo na produção de leite nos últimos meses.
Considerando a média dos dezoito estados pesquisados pela Scot Consultoria, a alta no preço do leite ao produtor foi de 1,9%, na comparação com o pagamento anterior. O preço vigente está 33,0% maior em relação à igual período de 2019.
Os reajustes foram menores comparativamente com os pagamentos anteriores, mas refletem esse cenário mais ajustado do lado da oferta nas principais bacias leiteiras do país. Do lado da demanda, em outubro foi relatado maior dificuldade de escoamento na ponta final da cadeia, devido aos elevados patamares de preços atingidos pelos produtos lácteos no mercado interno e redução do valor pago através do auxílio emergencial.
Com relação à produção, o volume captado (média nacional) caiu 0,5% em setembro/20, na comparação mensal, e foi 2,4% menor que em setembro de 2019.
Para o pagamento a ser realizado em novembro/20, referente a produção entregue em outubro/20, o viés de baixa ganha força, sendo que 53% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria estão apontando para queda nos preços do leite ao produtor.
Com as chuvas mais regulares desde as últimas semanas de outubro e melhores condições das pastagens, a produção deverá aumentar com mais força daqui para frente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, pressionando o mercado para baixo.
Para o pagamento de dezembro, além da pressão da safra nessas regiões (aumento da oferta de leite), a menor demanda final de ano (festas e férias) é um fator de baixa para os preços no mercado do leite e derivados.