Material publicado no site denominado “A Nova Democracia”, a Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia e outras entidades prestaram solidariedade aos camponeses em luta e manifestaram seu repúdio ao que eles chamam de “cerco militar criminoso levado a cabo pelo governador de Rondônia e seu secretário a mando do latifúndio contra os camponeses” com relação ao acampamento Manoel Ribeiro em Chupinguaia, na região sul de Rondônia.
Conforme o manifesto, desde 30/03, policiais militares, autorizados pelo governador de Rondônia, o PM Marcos Rocha, faz a “operação criminosa, cinicamente chamada de ‘Operação paz no campo’, o que tem intimidado camponeses com abordagens e revistas humilhantes” (leia mais AQUI).
O documento assinado por dezenas de instituições circula em sites de viés progressista e em redes sociais.
O material publicado, declaradamente favorável ao movimento, é um indicador que as atenções estão voltadas para o que acontece no Cone Sul do Estado, recomendando cautela e equilíbrio nas ações para solucionar pacificamente a questão.
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A Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia e as entidades abaixo assinadas vêm, através desta carta, tornar público seu repúdio ao cerco militar ao acampamento Manoel Ribeiro em Chupinguaia/RO e prestar solidariedade aos camponeses em luta.
Desde o dia 30/03, policiais militares, autorizados pelo governador de Rondônia, o PM Marcos Rocha, vem realizando uma operação de cerco militar às centenas de famílias do acampamento Manoel Ribeiro, localizado no município de Chupinguaia/RO. A operação criminosa, cinicamente chamada de “Operação paz no campo”, tem intimidado camponeses com abordagens e revistas humilhantes; interrogatórios; corte de cerca e invasão de terra, entre outras ilegalidades. Além de manter as estradas sitiadas, a polícia militar tem realizado detonação de bombas de efeito moral; de gás lacrimogêneo; fogos de artifício; disparos de balas de borracha; sobrevoo de helicóptero sobre a área do acampamento; tentativa de despejos arbitrários, dentre outras práticas de tortura psicológica contra as famílias durante todo o dia e noite, inclusive durante a madrugada. Em meio a essas criminosas investidas, dois camponeses chegaram a ser presos e espancados para darem nomes de supostas lideranças do acampamento.
Além disso, em função da operação ilegal, o governo suspendeu os atendimentos do serviço público de saúde e, de forma completamente absurda, suspendeu a vacinação contra covid-19 na região, durante o momento mais crítico da pandemia em nosso país.
Como denunciado pela ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta, em comunicado publicado no dia 02 de Abril de 2021, a operação de reintegração de posse é ilegal uma vez que “em função do cenário de pandemia e da Recomendação nº 90, de 2 de março de 2021 do Conselho Nacional de Justiça, deixou claro que a reintegração somente poderia ser cumprida, após a data de 29 de junho de 2021, desde que ocorra inflexão na curvatura da pandemia.”
O acampamento Manoel Ribeiro abriga mais de 150 famílias que, em agosto de 2020, tomaram a fazenda Nossa Senhora Aparecida, última parte da fazenda Santa Elina, local de uma das maiores resistências camponesas da história do Brasil, ocorrida em 1995, quando inúmeros camponeses foram torturados e ao menos 16 assassinados pela polícia, comandada pelo coronel Hélio Cysneiros Pachá, a mando do latifúndio local, no episódio que ficou mundialmente conhecido como “Massacre de Corumbiara”, pelo qual o Estado Brasileiro respondeu na Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. O coronel que comandou essa ação criminosa naquela oportunidade é hoje o secretário de segurança do Estado de Rondônia e um dos responsáveis pelo cerco criminoso levado a cabo atualmente.
Nós, estudantes, professores, trabalhadores em educação, expressamos nossa calorosa e classista solidariedade aos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro. Exemplares defensores dos direitos do povo e legítimos donos da fazenda Nossa Senhora Aparecida! Convocamos a todos os verdadeiros democratas, cientistas, intelectuais do povo, organizações populares a se somarem na solidariedade e na denúncia desse crime de responsabilidade do governador de Rondônia, Marcos Rocha e do Secretário de Segurança Pública, o bandido a soldo do latifúndio Hélio Cysneiros Pachá.
A luta pela terra é um direito justo e legítimo, previsto na Constituição Federal e deve ser garantido. Miramo-nos no exemplo dos camponeses que bravamente têm resistido ao cerco e intimidação, demonstrando que nada será capaz de deter a luta pela terra. Defender os camponeses do acampamento Manoel Ribeiro é defender este direito sagrado ao trabalho e vida digna para o povo! É o dever de todo brasileiro e brasileira comprometidos com o futuro do país.
Todo apoio aos camponeses da área Manoel Ribeiro!
Defender a posse das terras pelos camponeses da área Manoel Ribeiro!
Abaixo a criminalização da luta pela terra!
Assinam:
Executiva Estadual de Estudantes de Pedagogia de São Paulo (EEEPe-SP)
Centro Acadêmico de Pedagogia – Cecília Meireles – Gestão E Vamos à Luta – Unifesp
Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia (ExMEPe)
Grupo de Estudos Exata Realidade (GEER)
Comitê de Solidariedade Ananin – PA
Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia (ExROEPe)
Diretório Central dos Estudantes – DCE UNIR
Centro Acadêmico de Pedagogia – CAPED/Zenildo Gomes da Silva – UNIR
Centro Acadêmico de Enfermagem – Andréa dos Santos Ribeiro – UFG
Diretório Acadêmico de Pedagogia – Gestão Pedagogia e Resistência – UNEB Campus III
Centro Acadêmico de Pedagogia – Anita Garibaldi – UFFS (Laranjeiras do Sul – PR)
Centro Acadêmico Anísio Teixeira – Gestão Valquíria Afonso Costa – UFPR
Frente Estudantil Contra a EaD – Paraná
Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia – ExPEPe
Comitê Sanitário de Pinhais – PR
Comitê Sanitário da Vila Torres – PR
Comitê de Saúde Popular do Parolin – PR
Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia – NESEF – PR
Centro Acadêmico de História Remís Carla – Unespar campus de Paranavaí
Centro Acadêmico de Pedagogia Remís Carla – Unioeste Campus de Cascavel
Comitê Sanitário de Defesa Popular de Ouro Preto
Coletivo IFSP Contra EaD – Campus São Paulo
Centro Acadêmico de Estudos da Química (CAEQ) – Unicamp
Frente Estudantil Contra a EaD – USP-RP