Jornalista Orlando Caro entrevista o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (à dir) / Foto: Extra de Rondônia (arquivo)

Para encerrar o ano, o prefeito da capital conversou com o Extra de Rondônia, fazendo um longo balanço das ações de 2.021

Hildon Chaves abordou diversos assuntos na entrevista e falou também sobre sua expectativa e projetos para o futuro, deixando uma mensagem final aos seus eleitores e à população de Porto Velho e do Estado de Rondônia.

Ele também destaca como meta, para iniciar em 2022, investimento de R$ 2,5 bilhões em obra de água tratada e esgoto.

Confira:

EXTRA DE RONDÔNIA – Como o senhor avalia este primeiro ano de gestão no seu segundo mandato como prefeito de Porto Velho?

HILDON CHAVES – Excelente! As providências e a preparação à gestão ocorreram efetivamente na gestão anterior. A Prefeitura já começou com outro ritmo, porque a imensa maioria dos secretários permaneceu em seus cargos e com a máquina organizada. Isso causa reflexos como, por exemplo, na questão do asfaltamento que alcançou 140 quilômetros em um único ano. Um feito histórico de Porto Velho. Um conjunto entre asfaltamento e recapeamento.

Na primeira gestão inteira foram 250 quilômetros e isso dá um pouco mais de 60 quilômetros por ano. Agora, já fizemos o dobro por já estar tudo preparado. A expectativa para o ano que vem é fazer muito mais. A gestão vem se aprimorando nesta questão.

Os gargalos que nós solucionamos na gestão passada agora não são mais problemas, como por exemplo, o transporte coletivo que era seríssimo no passado, acrescido do transporte escolar e diversos outros, também já equacionados e resolvidos.

A Prefeitura de Porto Velho tem a nota máxima de crédito, Triplo A, desde o final da gestão passada, e isso nos coloca no ranking entre as cinco ou seis capitais brasileiras que possuem uma nota semelhante. Isso é uma realidade e para chegar a essa nota de crédito foi necessário todo um planejamento lá atrás, como enxugamento de despesas, melhoria dos padrões para evitar desperdício, corrupção, etc.

Estas ferramentas já estão construídas e estamos com o Portal da Transparência beirando o índice de 100%. Quando assumimos a gestão, era 60% e existia tudo por fazer.

Ainda há muitas coisas para serem feitas, mas a Prefeitura consegue atuar com mais eficiência e rapidez nas demandas da população. Nossa perspectiva é de que haja uma grande gestão até o final deste mandato, principalmente por haver um saneamento das contas que vem desde a gestão passada e isso está repercutindo hoje na entrega de obras à população, ainda com chegada de emendas parlamentares que estavam em processo de maturação e que hoje já começam a ser realidade com entregas mais rápidas à população.

 

EXTRA – Quais foram os melhores momentos de sua administração neste período?

HILDON – Uma ação bastante incisiva na maior pandemia em 100 anos da história da humanidade, a Prefeitura se preparou ao longo de 2020 para em 2021 iniciar o processo de vacinação, onde já foram aplicadas mais de 700 mil doses de vacina. Esse é um momento que está sendo reconhecido pela população e podemos afirmar que quem não se vacinou foi por vontade própria.

A vacina foi levada ao Baixo, Médio e Alto Madeira, aos quatro cantos deste município tão grande. Houve um trabalho das equipes da saúde, voluntários, sociedade civil organizada, empresas. A gestão está numa sintonia. O movimento foi muito bonito, apesar da seriedade e tanto sofrimento à população. Mas, todos se envolveram nesta questão. A nossa atuação foi realmente muito marcante.

 

EXTRA – E qual teria sido a sua maior frustração ao longo deste ano?

HILDON – As frustrações de sempre são as dificuldades que a burocracia do serviço público impõe para a realização de nossas metas. Tudo é muito difícil. Em algum momento, sentimos essa frustração pela demora na execução de diversas etapas que incorrem.

 

EXTRA – Sua relação com a Câmara Municipal, que tinha começado bem harmoniosa, passou por alguns contratempos nestas últimas semanas. A que se deve tal fato?

HILDON – A independência do parlamento. Apesar disso, os poderes precisam ser harmônicos. É natural e democrático que não se chegue a um consenso sem debater. Ninguém tem unanimidade. A gente tem de conviver com diversos concorrentes políticos e movimentos de oposição. No mundo inteiro há diversidade de opinião e isso é muito saudável e amadurece o processo democrático. Essas divergências também acabam contribuindo com o aprimoramento da gestão.

 

EXTRA – Como o senhor analisa a relação de sua gestão com o funcionalismo municipal?

HILDON – Ela foi e é extremamente harmoniosa. Às vezes, acontecem divergências com questões salariais etc. Mas, isso é natural. Não tivemos greve na gestão passada e não devemos ter nesta. Então, há uma relação de muito respeito e transparência, afinal quando podemos atender alguma demanda a gente atende e quando for para dar uma segurada a gente segura. Administrar acima de tudo com juízo.

A Prefeitura de Porto Velho tem um contingente de servidores públicos muito grande, bem acima da média nacional, por conta do porte da cidade, que é acima de 530 mil habitantes. Mas, sempre o funcionalismo quer mais, mas nem sempre é possível. Sempre houve diálogo com os sindicatos, categorias e servidores. Tivemos boas notícias como o pagamento do bônus (rateio) do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) tanto para professores em sala de aula quanto para técnicos-administrativos.

Enfim, foi um final de ano muito tranquilo, não obstante aos mais de R$ 100 milhões que tivemos de fazer de aporte extra para a saúde por conta da necessidade de contratação de médicos, enfermeiros, técnicos (emergenciais) para suprir essa demanda extra por conta da pandemia.

 

EXTRA – De que forma a Prefeitura de Porto Velho tem se relacionado com o Governo Estadual no sentido de parceiras em projetos que beneficiem a capital?

HILDON – Temos tido sempre uma relação altiva com o poder Executivo Estadual. Em alguns pontos, há alguma discordância, mas, sempre houve um debate de altíssimo nível com o governador Marcos Rocha. Por último, firmamos uma parceria muito importante à população: o programa “Tchau Poeira” e “Governo da Cidade”. Eles devem viabilizar, por parte do Governo, melhorias importantes à cidade como, por exemplo, 77 quilômetros de asfalto e o montante pode aumentar um pouco mais. Ele está recapeando a Avenida Mamoré e fará o mesmo com a Guaporé, além de outras vias. Também assumiu o compromisso de fazer a drenagem e asfaltamento de dois bairros muito importantes à capital, que são o Jardim Santana e Três Marias. Isso demonstra a maturidade institucional, tanto da Prefeitura como do Governo do Estado, que só vem a somar com mais benefícios à cidade.

 

EXTRA – Recentemente foi apresentado à imprensa um projeto para construção de um novo terminal rodoviário para a cidade, promessa de vários políticos que estiveram sentados na cadeira agora ocupada pelo senhor. Dessa vez vai acontecer mesmo?

HILDON – A gestão da rodoviária foi repassada à Prefeitura há menos de 15 dias. Antes, a responsabilidade era do Governo do Estado. Agora, nós vamos sim. Estamos elaborando os projetos executivos e existe emenda da deputada federal Mariana Carvalho.

Temos problemas com relação ao (período) eleitoral e repasse de verbas federais para isso. De toda a sorte, nós acreditamos que vamos levar um ano para realizar e construir todos os projetos, aprovar todos eles no Ministério da Defesa (Calha Norte) e licitar essa obra. Ela deve ter início no primeiro trimestre de 2023. É uma demanda de 40 anos, de uma rodoviária que nunca esteve à altura de uma capital.

Eu acredito que em dois anos vamos resolver isso com o prazo de mobilização da empresa que vencer o certame. Certamente, a população não deve esperar, pois é uma obra grande, de quase 9.000m², complexa e deve levar um tempinho.

 

EXTRA – É evidente aos moradores ou visitantes de Porto Velho a quantidade enorme de moradores de rua e até mesmo a existência de cracolândias a céu aberto. Como o senhor está enfrentando estes problemas?

HILDON – Da mesma maneira que todas as grandes cidades do mundo. Este é um problema generalizado e não é uma coisa apenas de Porto Velho. Temos um agravante a crise humanitária na Venezuela. Então, temos os imigrantes pedindo esmola nas ruas e isso vem a somar a questão dos dependentes e da população de rua.

Nós temos moradias e como receber essas pessoas, mas eles se recusam a ficarem alojadas nos abrigos da Prefeitura. É um enfrentamento diário, é uma realidade todos os dias, principalmente depois do surgimento do crack, que é uma droga que vicia rapidamente e cria uma dependência muito forte e entra numa situação muito difícil.

Nós a combatemos diariamente, mas confesso que estamos longe ainda de resolver e o mundo, aliás, não sabe como combater essa questão. Afinal, ninguém pode ser internado compulsoriamente em clínicas de recuperação sem que eles queiram. Temos mecanismos para isso, mas fica sempre essa luta, pois o morador que está na rua não quer sair da rua.

 

EXTRA– Como a sua gestão pretende lidar com essa nova etapa da pandemia?

HILDON – Nós estamos com as nossas estruturas prontas e continuamos vacinando. A principal política pública continua e continuará: a vacinação em massa. Nós diminuímos o intervalo de seis para quatro meses e, continuamos vacinando uma média de 3 a 4 mil pessoas/dia, tanto primeira, segunda ou terceira dose. Por ora, o uso de máscara continua valendo. Na questão da covid-19, especificamente, estamos com índices que não podemos chamar de alarmantes, mas dentro da normalidade. Agora, somam as questões respiratórias, a questão da gripe, conhecida como Influenza. A vacina contra ela está disponível em todas as salas de imunização do município.

 

EXTRA – Quais são suas metas para o próximo ano, particularmente no sentido de investimentos na administração pública e fomento de ações de geração de emprego e renda?

HILDON – O principal projeto que vai ter impacto direto na economia da cidade é a licitação da água tratada e esgoto no ano que vem. A obra deve consumir ao longo de 8 a 10 anos o total de R$ 2,5 bilhões e vai gerar muitos empregos.

A nossa parte estamos fazendo. Além das políticas públicas, é o próprio embelezamento da cidade, da zona central, da estrutura viária do município. A cidade já está sentindo isso com a chegada de vários empreendimentos e outros próximos a se iniciar como, por exemplo, uma nova loja do Assaí e inauguração da loja da Havan, há alguns meses, que geraram mais emprego. O supermercado Meta 21, entre outros que abrem mais lojas. Isso representa muito.

Uma cidade bem cuidada e que traga benefícios à população realmente atrai mais empregos. Outro ponto são as tratativas que estamos fazendo sobre as questões portuárias, com vários projetos de grande porte, que somam de R$ 120 a R$ 500 milhões para implantação na região do Porto Chuelo. Isso vai impactar diretamente a geração de emprego e renda e também consolidando o município como um hub logístico extraordinário na Amazônia.

É através destas ações de melhorias do padrão genético do gado leiteiro e isso também gera mais dividendo e produtividade aos pequenos proprietários rurais, principalmente.

Esses recursos a mais, de programas como estes e outros também, aquecem o comércio, o setor de serviços. Não existe uma única ação sobre isso, é um contexto e complexo de ações que, quando somadas, tornam o ambiente de negócios mais favoráveis como, por exemplo, a simplificação do processo de licenciamento de obras e expedição de licenças ambientais, entre outros.

Quanto mais rápidas essas licenças são expedidas, mais rapidamente os empreendimentos têm início e geram emprego e renda na cidade. São esses conjuntos de medidas que favorecem o empreendedorismo e quem sai ganhando é a população por conta da abertura de vagas. O município não está parado, é vibrante e realmente está atraindo mais pessoas e empresas.

 

EXTRA – Suas considerações finais, senhor prefeito.

HILDON – A nossa esperança é que essa pandemia seja vencida no ano que vem e que, realmente, as coisas voltem à normalidade. Temos boas expectativas para o ano que vem, principalmente pelo bom que o agronegócio está passando, pois eu diria que essa é a nossa vocação, faltando apenas entrar no segundo ciclo que é a industrialização do que é produzido aqui, que é exportar commodities, pois ele já está mais vivo. Queremos que isso continue nos próximos anos.

 

sicoob

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