Máquinas colhendo soja/Foto: Reprodução

A soja de R$ 200,00 por saca no Brasil já é realidade.

Os negócios foram registrados nas regiões de Ijuí e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, neste início de semana para a indústria processadora gaúcha.

Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, esta é, de fato, uma nova realidade que tem se desenhado para o mercado brasileiro e reflete essa disputa prematura entre demandas externa e interna diante de uma quebra tão agressiva como a que se consolida para a safra 2021/22.

O especialista explica que a indústria segue pagando melhor do que os portos – onde as cotações testam até R$ 197,00 para julho, e um pouco abaixo disso nos vencimentos mais curtos – diante das boas margens de esmagamento.

“As indústrias têm exportado mais farelo, mais óleo, e com bom potencial. Os preços do farelo estão em patamares historicamente altos, variando entre R$ 2700,00 e R$ 2800,00 por tonelada no sul e sudeste, nordeste próximo disso, e o óleo também tem se mantido lá em cima”, diz.

Ainda segundo Brandalizze, os negócios se deram com soja gaúcha, embora haja a possibilidade dos estados do sul do Brasil, dadas as quebras de safra em função do clima seco e excessivamente quente, terem sido muito severas. “Ainda não se vê movimentos com soja chegando de outros estados, mas pode acontecer”.

Para alcançar os R$ 200,00 no mercado brasileiro, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, como explica o consultor, deveriam ter evoluído até os US$ 16,00, porém, com a oferta muito menor do que o inicialmente projetado, prêmios subindo para a exportação e mais o pouco interesse de venda por parte do produtor brasileiro, a referência foi alcançada e os negócios, efetivados.

“Mas mesmo assim ainda não há uma grande pressão ou uma corrida de venda porque esse preço foi alcançado, como aconteceu em outros momentos, com outros preços. Não há ainda um grande interesse de venda, principalmente pelos produtores do Sul”, relata. Brandalizze afirma ainda que estima a safra do Rio Grande do Sul entre 11 e 12 milhões de toneladas, frente ao potencial inicial de 23 milhões.

E essa diminuição na safra do sul brasileiro será um fator importante e determinante no andamento das cotações e na distribuição da soja disponível.

“O spread entre os portos será um fundamento muito acompanhado pelos traders da soja. A quebra de safra no Paraná e no Rio Grande do Sul reduzirá sobremaneira a oferta de soja para os portos do Sul do País. Além disso, a quebra de safra no Rio Grande do Sul gera um problema para as fábricas”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. As processadoras gaúchas terão que buscar soja fora do estado para fevereiro, março e também após meados de julho, agosto. Ontem saiu negócio em Ijuí a R$ 200,00 a saca CIF indústria”, completa.

sicoob

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