O diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, assinou na sexta-feira, 8, em Bogotá, juntamente com o presidente da Ameripol, Andes Severino, acordo que prevê a criação e instalação, no Brasil, do Centro Internacional Especializado no Combate ao Contrabando de Migrantes e Tráfico de Pessoas. Trata-se de uma iniciativa inédita no mundo.
O Centro Internacional é um projeto da Polícia Federal que reunirá 18 policiais de vários países no combate aos crimes que mais crescem no planeta: o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes. A estrutura do Centro será montada na cidade do Rio de Janeiro, sob a coordenação da PF, e contará com computadores, telões, acesso a banco de dados multinacionais e outras ferramentas que facilitarão as investigações das organizações criminosas.
O intercâmbio dos investigadores de vários países, trabalhando, lado a lado, física e virtualmente, será a chave para a eficácia das ações que exigem agilidade no resgate das vítimas e no monitoramento de seus fluxos migratórios. Haverá ainda atividades de prevenção aos crimes e capacitação dos policiais na temática.
Durante o evento de assinatura do protocolo de intenções, o diretor-geral da PF, informou que “o lançamento das atividades do Centro já está previsto para ocorrer ainda este ano, com a integração de oficiais de enlace de diversos países do continente que já atuam no Centro de Cooperação Policial Internacional situado no Rio de Janeiro”.
Estima-se que, hoje, o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes só ficam atrás do tráfico de drogas e armas, em termos de volume financeiro movimentado. Entre janeiro de 2020 e 21/02/2022, de acordo com a polícia de fronteiras dos EUA, houve 84.663 deportações de brasileiros. As cifras desses crimes ultrapassam os R$ 6 bilhões. Ao longo da jornada, mais da metade das mulheres sofrem algum tipo de abuso sexual. Há, inclusive, registros de mortes e outros crimes conexos.
Em 2022, a Polícia Federal já deflagrou 21 operações de combate ao tráfico de pessoas, trabalho forçado e contrabando de migrantes, resgatando, até o momento, 248 vítimas destes crimes.
Ameripol – Com sede em Bogotá, a Ameripol é uma Comunidade de Polícias da América e constitui um mecanismo de cooperação hemisférica, de integração e coordenação, visando promover e fortalecer a cooperação policial em matéria de informação científica, de capacitação, como, também, de intercâmbio de informações para fins de inteligência. Atualmente a Secretaria Executiva da entidade é ocupada pela Polícia Federal. Fundada há quinze anos, no início, envolveu quinze forças policiais na região, agora já somam 33 entidades. O Brasil integra a entidade desde a sua criação.