O escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) na América do Sul cobra das autoridades brasileiras uma investigação rápida e “completa” da morte de Genivaldo de Jesus dos Santos, asfixiado nesta semana pela Polícia Rodoviária Federal em uma ação em Umbaúba (SE).
O comunicado foi publicado no site da ONU no Brasil. Genivaldo, que tinha esquizofrenia, foi preso na parte de trás da viatura e obrigado a aspirar até a morte os gases de uma bomba de gás lacrimogêneo jogada dentro do carro, na quarta-feira (25).
Para Jan Jarab, chefe regional do escritório de Direitos Humanos da ONU, “é fundamental que as investigações iniciadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público cumpram com as normas internacionais de direitos humanos e que os agentes responsáveis sejam levados à Justiça”. Ele também pede que os familiares da vítima sejam reparados.
Jarab afirma que a polícia brasileira tem um longo histórico de violação dos direitos humanos, principalmente contra negros.
“A letalidade policial contra populações negras no Brasil é extrema e tão comum que parece naturalizada”, comenta.
“A morte de Genivaldo, em si chocante, mais uma vez põe em questão o respeito aos direitos humanos na atuação das polícias no Brasil”, disse ele, citando casos recentes como o da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em que uma operação matou pelo menos 23 pessoas, bem como ações anteriores nas favelas do Salgueiro e Jacarezinho, no mesmo estado.
O representante da ONU defende “ações definitivas” para combater os excessos dos policiais, bem como “a perseguição e punição efetiva de qualquer violação de direitos humanos cometida por agentes estatais, para evitar a impunidade”.
Jarab sugere a necessidade de mais formação em direitos humanos para as polícias no Brasil.
Segundo o comunicado no site da ONU, é preciso investir também “no combate dos estereótipos negativos contra as pessoas afrodescendentes, bem como na abordagem humana de pessoas com problemas de saúde mental”.