Na música “Admirável Chip Novo”, da cantora brasileira Pitty, há uma crítica quanto à manipulação do sistema por ideologia, em que a construção da identidade, principalmente pela comunidade jovem, significa uma ameaça à existência do próprio. Assim, nesse contexto, é evidente a corroboração das mídias como arma ilusória de liberdade, de modo que a consequência seja a sensação de comodismo que chega à ignorância em uma geração passiva.
Em primeiro plano, é importante lembrar que a criação da falsa liberdade de identidade pela mídia não é novidade. Um exemplo histórico é o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP, usado durante a Era Vargas, para vender uma opinião pronta sobre o presidente. Essa “pronta entrega” de opinião se intensifica na atualidade. As redes nunca foram apenas entretenimento, mas, sim, um meio de padronizar a identidade pessoal. Nesse cenário, construir a própria identidade como jovem se torna cada vez mais difícil, já que a formação de uma geração sem pensamento crítico que vive pelo consumo define o lucro do sistema.
Em segundo plano, mais do que alienação, as mídias criam a sensação de comodismo que chega à ignorância. Segundo o G1, apenas 11,6% dos adolescentes de 16 a 17 anos tiraram título de eleitor neste ano de 2022, tal dado evidencia o distanciamento dos jovens a conteúdos de importância social. Além da negação à política, há também a negação da própria realidade. Logo, ter uma identidade ou um posicionamento crítico deixa de ser interesse para a juventude quando se compara à necessidade de ser aceito nas mídias.
Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. O “pane no sistema”, como dito por Pitty em sua música, é real e cabe ao Ministério da Educação promover nas escolas públicas, por meio de projetos interdisciplinares, o apoio ao desenvolvimento do pensamento crítico. Espera-se com tal motivar e engajar debates sociais que ajudem na construção da identidade dos jovens na atualidade.
